XIX: A Revelação

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Enquanto observara Lady Baratheon se servir com uma taça de vinho, Ynus se colocava a disposição para ouvir qual a razão de seu convite.

- Eu gostaria que você tornasse possível o encontro com a minha filha. - lhe dissera.

- Quem? - perguntara espantado.

- Sua antiga noiva, Princesa Meria Martell. Agora, Senhora Meria Tyrell. - respondera sem demora.

- Mas como isso é possível? - perguntara sob forte espanto enquanto a bela Lady o olhara com olhos tristonhos. - Quando éramos crianças eu fui prometida ao Trystane. Passei inclusive um período em Dorne onde ganhei essas marcas. - Ao dizer isso olhara para ele e apontara a cicatriz em seu rosto, além de levantar seus cabelos sempre soltos e mostrar-lhe a orelha destroçada.

- Também tenho as minhas cicatrizes de guerra Myrcella. - respondera.

- Eu sei, consigo enxergá-las. Eu adorava Trystane. - disse com um sorriso triste. - Nos separamos por questões que estavam acima das nossas possibilidades mas anos depois nos reencontramos e geramos Meria. Eram tempos difíceis e eu só pude estar com minha menina durante alguns meses. Quando me acharam eu precisei voltar, precisei me casar e tive meus bebês legítimos. Mas eu nunca deixei de pensar em Meria. - ela lhe respondera e respirara fundo, provavelmente para segurar seu choro - Quando eu estava para vir me casar em Ponta Tempestade eu pretendia trazer a minha menina comigo. Nós duas vivíamos escondidas em Tombostela, poucas pessoas sabiam onde estávamos. Mas um dia ela desaparecera. Trystane havia me prometido que eu ia ficar com ela, que eu iria trazê-la mas pelas minhas costas pagou alguém para levá-la. Era Inverno, eu estava sozinha e não tive como procurá-la. Anos se passaram até que eu descobrira a menina que eles chamam de Meria. Eu escolhi Leyla sabe Ynus? - Com as bochechas coradas por causa da emoção e do vinho ela seguia contando a sua história em uma madrugada chuvosa

- Só pode ser ela. Mandei investigadores e ela coincide em idade e traços físicos. E assim que me vi livre do meu marido passei a pressionar Trystane, ameacei jogar um exército em Dorne para tê-la de volta. Mas ele se fechou em copas, após muita insistência nascera a ideia discreta de tirá-la de Dorne tendo vocês como intermediários. - ela lhe revelara.

- Fora a Senhora que dera a ideia de Meria se casar comigo então? - Ynus a questionara.

- Sim, não esperava de você fidelidade a Casa Martell. Eu recomecei a me escrever ao pai dela assim que meu marido morrera. Quando o Verão começara queria ter entrado em Dorne e a trazido pra cá. Quero minha filha comigo. Mas há feridas não curadas entre minha família e a família que Meria conhece como sua. Pensei que dessa maneira fosse tê-la pra mim, traria você e ela pra cá. Mas deu tudo errado. - Lady Baratheon dissera.

- Tudo não. Meria gostou muito de ter se casado com Allard. -Ynus ponderara.

- Allard, ah Allard. O pai dela me enganara até nisso. Minha filha teve sorte em se tornar amante do filho do Lorde de Jardim, se fosse outro provavelmente a teria deixado sua barriga crescendo e sumido. - respondera com exasperação.

Horas se passaram dessa revelação e Ynus não sabia como reagir. Não se espantara com a situação em si, os nobres muitas vezes eram amantes entre si e filhos fora do casamento ocorriam antes de Aegon conquistar os Reinos (com exceção de Dorne, claro!). Mas o que estranhava era a confiança de Lady Baratheon em confiar-lhe seu segredo, devia estar desesperada querendo uma ajuda real ao seu problema.

O tempo ia correndo, era Verão então os dias eram mais longos e as noites mais curtas. Passaria mais alguns meses que depois se transformariam em anos em Ponta Tempestade. Ao lado de Lady Baratheon que com o tempo e intimidade conquistada passaria a ser somente Myrcella.

A sua beleza chamava muita atenção. A Lady de olhos tristes atraía constantes galanteios devido a sua posição e encanto que ocasionava. Salvo exceções ela estava cercada de aproveitadores que vinham em sua viuvez oportunidades de ter o ouro de Rochedo Casterly e o poderio de Ponta Tempestade consigo. Ynus notara que ela não ficava nem um pouco satisfeita com isso e afastava todos, mantendo uma distância segura desses possíveis pretendentes. Aos poucos também fora ouvindo e enxergando a mãe que a Lady era. Soubera que ela tivera uma menina natimorta e um garotinho que morrera de febre e agora se dedicava integralmente aos seus jovens gêmeos.

Aprendera aos poucos a realizar seus desejos e também a lhe fazer companhia nos momentos que ela buscava paz e solidão, passeando pelo Castelo. Esses passeios costumeiramente ocorriam a cavalo e eles terminavam suados e tranquilos, indo ao café da manhã com os seus gêmeos.

- Sabe Ynus, uma das missões mais difíceis é governar sozinha. Ter que resolver conflitos enquanto algum nobre que busca ascender está por perto. - Myrcella lhe confessara em um de seus passeios.

- Dissera Lady que era uma das missões mais difíceis governar sozinha. Qual seria a missão mais difícil de todas? - perguntara sorrindo.

- Pra, governar com um homem. - lhe responder com um de seus lindos sorrisos, - o Senhor é um dos primeiros homens que conheci que escuta o que eu digo. - lhe respondera.

Impressionado com essa frase então sem saber o que responder enquanto aqueles grandes olhos verdes o fitavam ela esporara novamente sua égua e retornara ao Castelo. Restando a opção a Ynus de segui-la ou ficar parado admirando-a. 

A Princesa DesaparecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora