XXI: Reencontro

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Ynus acordara suado e ansioso em uma cama dura de estalagem em um dia quente na Campina. Estava no Reino em viagem oficial por Lady Baratheon que vinha se correspondendo com Lorde Willas. Naquela manhã recebera de Allard uma carta convite. Ele e a mulher, observara bem, o convidavam para a festividade em honra aos seus 30 anos. Faziam cerca de seis anos que se despedira de ambas as Martell e do Príncipe, a princípio sentira falta de todos, mas aos poucos a vida foi recomeçando. Passara boa parte dos últimos seis anos em Ponta Tempestade mas também alguns meses viajando, e somente nesse ano retornara brevemente a Paloferro para conhecer o sobrinho.

O dia passara rápido e ao chegar no esplendoroso Jardim de Cima pretendia observar a todos ao seu redor. Porém, sua presença fora logo notada e o aniversariante aparecera em sua frente.

- Não esperara esse convite, Príncipe Allard. - Dissera logo que o cumprimentara.

- Minha mulher dera a ideia Ynus – lhe dissera.

Ao ser citada a própria Meria se aproximara dos dois. Os anos, notara Ynus, só lhe fizeram bem, Meria não andava mais de cabeça baixa e parecia conhecer melhor sua posição no mundo. Havia perdido seus traços de menina e até as cores de suas roupas se mostravam mais fortes, assim como seu olhar. Ela e Allard pareciam se completar perfeitamente após esses anos juntos. Seus passos, toques, olhares, eram semelhantes entre si, como se estivessem em um mundo alheio aos outros. Conversara algum tempo com Meria sem a presença de seu marido e conseguira descobrir que ela tivera, naquela ocasião passada, uma menina chamada Alerie, a primeira de suas crianças, agora com cinco anos. Depois tivera um menino, batizado de Allard como o pai e por um último um bebê de peito que fora gerado e nascera no Jardim de Cima e recebera o nome de Luthor. Meria era a anfitriã da festividade, e lhe contara que daqui a meio ano ela e sua família deveriam se instalar em Graçadivina.

Seu irmão já havia lhe contado que Allard havia nesses últimos anos prosperado. Se mostrara sempre necessário aos seus pais e ao Reino de forma que ganhara mais títulos e rendas em Campina.

Algumas horas se passaram, Ynus cumprimentara antigos conhecidos, comera e a vira. Mariah parecia mais selvagem do que se lembrava. Seus cabelos estavam mais longos mas agora não usara joias ou adornos. Somente um vestido negro. Assim que ela sentiu seus olhos o olhou diretamente. Notara então que as joias desapareceram mas ela continuava com seu par de olhos desafiadores.

- Onde estivera? - Mariah perguntara antes mesmo de cumprimentá-la.

- Pelas Cidades Livres e em Ponta Tempestade. E você? - perguntara

- Em Campina. Sou útil aos meus tios aqui. - respondera.

- E é feliz? - após fazer essa pergunta se sentia muito bobo e ingênuo, o que Mariah mais desejava era a vida fora de Dorne, longe de casamentos, com certeza estaria feliz.

- Sim. Sou livre pra ir e vir, agir e viajar quando posso. Nesses últimos anos conheci além da Campina, Ninho da Água e Rochedo Casterly. Pretendia ir ao Norte mas não pude pois Meria engravidara do bebê e quis ficar com ela.

Após o jantar e antes das canções concluíra que não pertencia aquele lugar e que o que precisava fazer não seria discutido naquela noite em nenhum circunstância. Decidira então partir mas quando fora pegar o cavalo para voltar a sua estalagem Mariah veio atrás. Como se somente um dia tivesse se passado e não tantas luas ela se debruçara sobre seus braços e o beijara.

- Não vá embora, venha comigo. - dissera.

E seguindo a até a um cômodo discreto eles se beijaram com gosto de saudade. Ambos se tocaram como se o tempo não tivesse passado mas achara mais correto interromper o toque antes que algo mais acontecesse. Levantando-se silenciosamente aproveitou para observar o pequeno quarto onde estava. O cômodo possuía móveis brutos de madeira mas Mariah, de sua maneira dava uma forma única aquele quarto, ela acabara por decorá-lo em sua desorganização. Ao invés do quarto ser marrom e verde escuro ele se tornara colorido devido aos tecidos pendurados, lençóis e vestidos que estavam em visível desordem mas que, como tudo que Mariah fazia, espalhavam traços de luz e cor.

- Escute, eu vim aqui pois preciso falar sobre a sua irmã. - Ynus respondera buscando dentro de si a firmeza necessária para dizer não a sua antiga paixão.

A Princesa DesaparecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora