IV - Onde está Meria?

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Odiara concordar, mas tudo que Ynus disse e mostrara coincidia com as informações que ela recebera dos olheiros Martell. Além disso as damas de companhia de Meria lhe haviam jurado que ela não era maltratada, seja por Ynus ou por ninguém naquele palácio. Aonde ela fora parar? Qual razão que sua irmã sumira? Será que ela simplesmente fora embora?

Fora dormira magoada e assustada pois quando o sol nascesse novamente faria quatro dias que sua irmã estava desaparecida.

Assim que se levantara Princesa Mariah fora a procura de Ynus. Não o encontrara nos locais comuns mas fora informada que ele estava ocupado em seu aposento particular. Que ocupação poderia ser mais urgente que localizar a sua irmã? Perguntara a senhora Rosetta e sem receio de se perder sairá buscando por ele dentre as mil portas que aquele Castelo parecia ter. O encontrou em um grande aposento azul e dourado com uma imensa janela que dava ao deserto. Achou curioso que ele havia escolhido um aposento que desse ao deserto e não ao rio nasce em Alcanceleste.

- Vejo que gosta da areia Sanguerreal.

Levantando o rosto com graça diante da sua presença, comentara:

- Sou parte da areia de Dorne. Tão parte dela como suas serpentes. E a senhora? Faz parte das areias dornesas ou de seus castelos?

- Um pouco dos dois acredito. Na minha cabeça sou tão corajosa como uma das Serpentes de Areia mas sei que a realidade é que fui criada como uma lady. Há pouco de Oberyn em mim.

Ynus soltou uma gargalhada e respondeu – Gosto muito de ouvir isso princesa. Aqui nós não temos apreço por Oberyn Martell.

- E por qual Martell os senhores Sanguerreal tem apreço?

- Nem sempre fomos inimigos. Lutamos algumas lutas ao mesmo lado Princesa. Acima de nossos orgulhos está o amor por Dorne. E uma história muito conhecida fora a da lealdade de seu tio Quentyn ao seu irmão de criação Sanguerreal quando obedeceram ao antigo príncipe e saíram rumo a Meeran em missão.

- Meu tio e avô. Está me dizendo então que não nos tem como inimigos de sangue?

- Não. E há uma Sanguerreal que até hoje se recorda dele, minha mãe, Gwyneth. Escrevi a ela quando Meria veio até nós e escrevi novamente no dia da sua chegada. Passaram a infância juntos, ela nunca o esquecera.

- Enfim Ynus, não vim aqui para conversarmos sobre nossos ancestrais e sim sobre Meria. Preciso saber como pretende encontrá-la. As buscas de ontem como você sabe foram infrutíferas.

- Hoje Princesa, iremos atravessar o Caminho do Espinhaço. Chegaremos a Alcanceleste para entender até onde sua irmã pode ter sido levada. E nós, não sei se sabe temos como lema nós guardamos o caminho. Ninguém sai ou entra em Dorne sem passar pelo Espinhaço.

Mariah estava estupefata e Ynus continuou a comentar:

- Não precisa se assustar assim Mariah. Não iremos atravessar o Caminho a pé e sim com a melhor cavalaria que dispomos.

Ela assentira e fora prontamente se arrumar para a viagem. Masa verdade, era que não tinha cabeça para entender ou organizar nada. Meria que a perdoasse mas ela adorara a notícia. Nunca havia atravessado o Caminho do Espinhaço, nunca estivera no Palácio Alcanceleste. Mal esperara pela hora da partida.

(...)

Acabara que a viagem não fora tão encantadora como Mariah imaginara. Fazia um calor fortíssimo e a grande parte do Caminho era desértica. Porém ela oscilava entre a curiosidade com o palácio que iria conhecer e a preocupação com sua irmã. Teria Meria sido capaz de atravessar aquele caminho inóspito? Acompanhada de quem?

Ao anoitecer Ynus a informara que eles iriam ficar em um forte no meio do Caminho.

- Já é noite Princesa e é perigoso seguirmos no escuro. Apesar de ser um bom homem dornês tenho medo de serpentes.

Fora então instalada no mais confortável quarto porém de nada adiantara pois não conseguia dormir. Estava muito agitada e resolvera descer para ver a lua cheia. O forte que estava instalada era feio e sem adornos. Era uma construção rústica e que se não estivesse no deserto com certeza seria gelada. Mas a lua, ah a lua! Ela embelezava e engrandecia o ambiente, dando tons de poesia aos mais feios e solitários locais. Se sentira hipnotizada e só saíra de seu fascínio quando sentira a presença de um homem. O perfume forte do Ynus atrás de si.

- Ynus, como você é silencioso.

- Não dorme mais Mariah?

- Hoje não, sinto-me muito agitada. E você?

- Não durmo desde o dia que sua irmã desaparecera.

- Vocês eram próximos?

Pela primeira vez que chegara Mariah deu-se conta que Ynus e Meria podiam ser...íntimos. Era uma sensação estranha. O homem que imaginava em Jardim das Águas não coincidia com o homem que estava diante de si.

- Não muito. Fora uma união arranjada pelo meu irmão e não parecia que ela estava interessada em se casar comigo. Não mais do que eu com ela.

Mariah ainda estava observando-o. Será que ele estava falando a verdade ou sua irmã havia se entregado a esse homem? Ele era tão bonito, com um olhar atento, forte, curioso, interessante. Mas se eles eram amantes qual motivo dela sumir já que iriam se casar em breve? Mesmo com suas dúvidas Mariah seguiu conversando com Ynus por um longo tempo, ouvira sobre os lugares que ele conhecera e em pouco tempo o sol brilhara novamente. 

A Princesa DesaparecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora