A Princesa Desaparecida

XIV: A Senhora Dourada

Ele sentira muita falta de Mariah. Achava esse sentimento bastante curioso, já que a poucos meses atrás acreditara que teria que travar uma guerra contra a sua família. Na verdade, até pouco tempo atrás odiava todos da sua Casa. Mas hoje sentia falta dela, de sua presença, seu perfume forte, sua ousadia que beirava a petulância. Assim como sentia falta da delicada e doce Meria. Somado esse sentimento a sua inadequação a Paloferro fora aumentando seu desejo de partir. Seu irmão e a esposa estavam tendo dificuldades para gerar um herdeiro e ele se sentia um peso, um intruso ali onde sempre fora seu lar. Sabia que Lady Morgausse não nutria simpatia por ele então, se questionava; qual razão teria para permanecer?

Nessa sua indecisão, em um período de silêncios que tornaram a sua vida mais difícil ele recebera um convite particular vindo de Ponta Tempestade. Diante desse convite inesperado, movido por solidão e pela curiosidade atendera e partira em disparada.

O Castelo de Ponta Tempestade era esplêndido. Brutal, cru e mítico. Contam as lendas que ele fora construído e destruído sete vezes pela ira dos Deuses e até hoje, séculos mais tarde ainda precisa lidar com a violência das águas e trovões. Nele lhe foi oferecido uma estadia de prestígio, se sentia tratado como um Lorde. Passara dias e depois semanas que se transformaram em meses em companhia de Lady Myrcella Baratheon e seu séquito. A primeira vez que a vira tivera que prender sua respiração, não tinha como não se impressionar com sua beleza, ela descera de seu cavalo e fora cumprimentá-lo com grande naturalidade. Lady Baratheon era alta, poderosa, com longos cabelos loiros e com dois grandes olhos verdes que pareciam esmeraldas esculpidas em seu rosto. Se via também que possuía uma cicatriz antiga em uma das faces do rosto, mas esta não ofuscava seu brilho. Após dois dias em espera, nos quais ela o cozinhara a banho-maria chegara a sua vez de ter uma reunião a sós com a senhora dourada.