"sai daqui"

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Any Gabrielly Pov

Já são... pera ai deixa eu ver... 04:20pm, acabei de ser chamada pra ir na secretária, eles anunciam pra todos, tem um auto falante em cada corredor e disseram pro Japão ouvir, 'Any Gabriel secretaria, Any gabrielly secretaria', eu estou indo agora pra lá. Estou me tremendo toda.

O que eu fiz?

-policial: sente-se- fala assim que entro na sala depois de ser revistada- você recebeu denúncias de algumas essa noite- a minha cara deveria estar icônica, eu não estava entendendo nada- você sabe que se receber certa quantia de denúncia pode ir em bora pra uma prisão normal e seu filho vai pra um abrigo- isso me assustou, eu não sabia disso.

-Any: e sobre o que foram as denúncias?

-policial: dizem que ele chorou a noite toda e acabou acordando algumas crianças.

-Any: posso me justificar e contar minha versão- ela assente- ele estava com cólica desde de tarde, a noite piorou e eu pedi um remédio pelo telefone, depois uma hora alguém me levou o remédio, de noite ele acordou com dor e dei o remédio, ele não chorou a noite toda, se chorou foi menos de 5 minutos, eu só falo a verdade, se ele tivesse chorado eu assumiria...

-policial: ok pode ir qualquer outra coisa eu chamo- saio dali.

Eu sabia que as mulheres não gostavam de mim mas a esse ponto, mentir sobre algo que não aconteceu, eu não tinha noção de quanto sou odiada sem nunca ter feito nada.

Quando volto vou direto caminhar com Lipe, o remédio fez bem pra ele, a dor passou e ele está animado, ele descobriu os dedinhos fica horas olhando e mordendo. Fui até a brinquedoteca, sentei no mesmo banquinho de ontem e achei um brinquedo colorido pro Lipe brincar, ele gostou. Estava montando umas pecinhas em cima da mesinha e logo veio umas crianças brincar comigo, o que não durou muito.

'Jully você não pode ficar perto dela...'

'vem meu filho, não brinque com ela...'

'não pode ficar aqui Carlos ela vai te machucar...'

Esses são alguns tipos de coisas que diziam pras crianças, elas só queriam brincar comigo, elas estavam ensinando as crianças a julgarem sem conhecer.

-xxx: você não pode deixar eles ficarem perto de você, não brinque, não converse e nem olhe para os nossos filhos, eles tinham que ter medo de você, alguns deles já tem, quando você chega vão correndo pro colo das mães, então não fique perto, de noite você no escuro deve ficar tão feia que essa criança não para de chorar a noite, sai daqui- uma mulher me diz isso sendo muito fria.

As outras só escutavam e seguravam a risada, eu não sabia o que fazer, não era possível que aquilo era real.

-xxx: sai daqui- fala mais alto.

Eu levantei e fui pro quarto, coloquei Lipe no berço dele e chorei... meu filho não tem medo de mim...

Eu perdi a fome, o sono, a disposição, tudo, as pessoas nos machucam, e muito.
Eu não vou esquecer isso nunca, mas eu tenho uma realidade pra encarar e um filho pra cuidar, levantei da cama e peguei meu pequeno do berço.

-Any: você não tem medo da mamãe né- ele me encara com seus olhões intensos- se tiver não precisa, a mamãe não faz nada, só te ama- as lágrimas saiam com força- o papai vai amar te conhecer sabia, a vovó Priscila e a vovó Úrsula vão mimar muito você e o vovô Marcelo vai querer levar você pra jogar golf e o seu papai vai te amar como eu te amo, ele vai te ensinar a dançar, e vai fazer vários tênis malucos pra você- ele solta uma gargalhada gostosa- e o papai vai amar essas suas risadas.

Não vejo a hora de ver minha mãe e meu pai, meus sogros e principalmente o Josh, isso está me matando aos poucos.

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