Pov Any Gabrielly
Por onde eu começo...
Felipe está com 5 anos, ele está lindo, com seus olhos azuis e seus cachinhos loiros, as gêmeas estão com 4 anos, e continuam idênticas, apenas com uma coisa de diferente... Natália está bem, seus cabelos castanhos claros enormes cheios de cachos e os olhos também azuis, Bia não está tão bem... mas continua linda mesmo com as olheiras e o olhar triste, mesmo assim ela continua feliz e é isso que nos mantem forte.
No fim do ano passado descobrimos em um exame de rotina que ela tem tipo um tumor no cérebro, eu também fiquei bem assustada.
O tumor é benigno mas está em um lugar difícil de tirar, e o médico está com medo de tirar e causar um dano, e por ela ser pequena também, a gente já tentou quimioterapia mas ela não quis fazer, tudo que a gente já fez até agora teve o consentimento dela, tem coisas que ela não gosta e não quer mas não tem o que fazer, aí eu explico pra ela que ela precisa, mas na quimio não deu certo mesmo eu explicando, ela chorava e implorava pra que fizessem ela parar de vomitar e sentir dor e nós decidimos parar e dar um tempo.
Eu vivo no hospital, divido as noites com o Josh porque eu tenho mais dois filhos em casa, eles vivem aqui também pra alegrar a Bia, sempre trazem jogos e livros.
A enfermeira acabou de passar aqui no quarto pra colocar o soro nela.
-Bia: mamãe e se eu fizer a cirurgia, o que acontece?
-Any: o médico pode conseguir e você ficar bem, mas você pode ficar sem mexer as perninhas ou...- êxito em dizer.
-Bia: virar uma estrelinha?- meus olhos começam a marejar.
-Any: é- digo em um sussurro- e eu não quero que vire uma estrelinha, eu te quero aqui comigo assim como sei papai, seus irmão, as vovós, o vovô e os tios querem você aqui.
-Bia: mãe mas e se eu fizer e der certo, eu vou poder sair daqui não vou?
-Any: vai, mas tudo tem riscos- sento do lado dela- que tal deixar isso pra depois, vamos brincar de barbie?
-Bia: pode ser- ela fala sorridente.
Não tem sido fácil, ela sempre pergunta do que vai acontecer, e se acontecer, e isso me machuca muito por não saber e não ter o que eu fazer. Ela esqueceu o assunto e continuou brincando. Depois de um tempo guardei as barbies e dei um banho nela.
-Bia: mamãe, a gente já fez tudo, eu não fazer quimio, me deixa doente e eu não quero ficar doente, a única solução é a cirurgia, eu não quero que você fique triste e nem que você chore mãe.
-Any: eu tenho medo de te perder- falo derrubando lágrimas.
-Bia: você não vai me perder, se eu ficar sem mexer as pernas eu vou andar numa cadeira né- assinto- eu vou estar com você, se eu ficar aqui no quarto você vai tá comigo, se eu fizer a cirurgia eu posso ficar bem e ficar com você mas eu posso virar estrelinha e eu vou continuar com você, no seu coração e você vai olhar pra Nat e vai me ver, você nunca vai me perder, e seu viver a cirurgia eu vou ficar com você, e se eu virar estrela não vai ser culpa sua eu quis tentar, você só esteve comigo como sempre esteve e sempre vai estar, mas eu tenho certeza que eu vou ficar bem e vou ir pra casa com você, o papai e meus irmãos, deixa eu fazer, eu tenho certeza que vamos voltar pra casa e viver bem.
Sabe quando você pisa no chão e tem certeza que o chão está ali, nesse momento o meu chão desabou, eu jamais imaginaria ouvir isso, ela é apenas uma criança com esses pensamentos, eu não consigo parar de chorar.
-Any: oh minha filha, mas eu vou sentir saudade do seu abraço, do seu sorriso, do seu cheirinho, mas se é o que você quer eu vou conversar com o papai- abraço ela- eu te amo tá, e eu te quero perto de mim e também acho que vamos pra cada.
Depois disso ela dormiu e liguei pro Josh vim pra cá, ele chegou desesperado achando que tinha acontecido algo grave. Eu contei pra ele o que ela disse.
-Josh: e agora?- falo com os olhos cheios de lágrimas.
-Any: eu não sei, marcamos a cirurgia?
-Josh: eu não estou preparado pra isso, mas... vamos marcar.
Nós dois sabíamos o risco de tudo, e nós tínhamos a total consciência que ela poderia não resistir, ou não acordar, ou ficar em uma cadeira de rodas mas decidimos marcar a cirurgia, a gente tranquilizou o médico dizendo que foi ela que pediu e falamos que se acontecer alguma coisa não é pra ele se culpar, ele marcou a cirurgia pra amanhã cedo 7am.
Pedi pra minha mãe buscar Nat e o Lipe na escola porque eu não tinha estruturas, contei pra Bia que ela ia fazer a cirurgia e ela ficou feliz e triste porque também sabia o que poderia acontecer.
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Injustice
RomanceUm assassinato Uma mulher inocente Uma estadia sofrida Uma coisa boa nisso tudo Any Gabrielly era apenas uma mulher e de uma hora pra outra era uma assassina. Sua família não tinha noção de onde ela podia estar, ela estava bem por um motivo, seu...