Talvez a conclusão mais satisfatória foi descobrir que quase nada havia mudado em relação ao tratamento da Sra. Lewandowski comigo. Mesmo que por toda bagunça de seis anos atrás, ela fingiu que nada sabia, assim como eu não insisti no assunto.
Me pegando desprevenida, fui recebida dentro da casa por um abraço apertado de Olívia. A mulher de cabelos cacheados não se desgrudou de Hassan nem por um instante e sorria para mim. Da última vez que nos vimos, ela estava pensativa e saiu da igreja calada, deixando-me só com a carta do irmão. Me permitindo casar com alguém que não amava.
— Tia Olly, posso brincar com o Félix? — Hassan questionou, animado. A tia fez que sim, alegremente — E o Khal e a Laurie? Também podem?
— Claro que sim!
— Não quebrem nada! — Foi meu aviso — E então, como é que vocês decidiram vir morar aqui? É tão lindo!
— Ah, isso é fruto de cinquenta anos de trabalho meu e de Cassimiro — A Sra. Lewandowski contou-me, estendendo uma xícara de chá — Acho que ele teria ficado muito contente em ter tido a chance de morar aqui...
— Como assim, Sra. Ewa? — Indaguei em desconfiança — Por que ele não teve chance? Ele ficou em Bradford? Onde está ele?
— Louise, meu pai morreu a quase cinco anos — Olivia tentou explicar calmamente mas sua voz insistia em falhar.
Por mais que tentasse não ligar, meus pensamentos me levaram até Zayn e o que ele poderia sentir se descobrisse. Afastei essa insegurança para lembrar de toda bondade daquele ser humano de muita idade, toda a alegria e espontaneidade em um só. Mesmo que tivéssemos convivido por pouco tempo, eu o considerava um amigo querido. Quando dei por mim, as lágrimas desciam suaves, arrastando-se como algodão.
— Eu.. eu sinto muito... — Era tudo que eu conseguiria dizer — O Sr. Lewandowski era uma pessoa incrível...
— Talvez o mundo esteja tão cheio de pessoas más que acaba não sobrando tanto espaço para as que são boas — Falou Ewa de forma triste — Eu tomei coragem e mandei a notícia a algumas semanas atrás para o Hassan em uma carta junto de um presente. Ele não te falou?
— Não... não falou... — Minha voz estava baixa — Hassan andava triste mas pensei que era por querer vir para cá... Ele não precisava enfrentar isso sozinho...
Então havia de ser por isso que Hassan queria muito vir. Ele sentia que todos poderiam ir embora com um sopro, deixando-o sem poder despedir-se pela terceira vez de alguém que amava. Eu não o culpava, com certeza pensaria no mesmo. Primeiro a tia, depois o avô. Quem poderia ser o próximo?
— Não fique brava com ele por isso, ele não devia querer te deixar triste também — Pediu Olivia em seriedade — Hassan é forte, tenho certeza que soube lidar com isso.
Nossas conversas duraram quase uma hora. Perto dos Lewandowski era como se fosse o fim dos julgamentos que me consumiriam a qualquer instante. Para elas, era como se nada tivesse mudado. Falamos sobre minha gravidez, sobre Hassan, Laurie e Khaleb. Olivia me contou que estava de folga naquele dia e por isso se encontrava em casa enquanto Connor trabalhava no escritório naquele instante. Sorri por saber que a vida deles havia melhorado graças a uma pequena ajuda minha. Perceber que fiz a diferença, mesmo que pouca, com o dinheiro que mandava pera eles fez-me alegre.
— Nossa, talvez ela nem queira nos ver aqui... — Comentou alguém atrás de mim.
Não tive coragem para me virar, reconhecia bem demais aquela voz. A Sra. Ewa sorria para quem estava em sua frente e atrás de mim.
— É, talvez não, mesmo — Concordou outra pessoa, também conhecida.
— E se fossemos embora? — Sugeriu um terceiro, segurando uma risada.
YOU ARE READING
Stockholm Syndrome? |2°temp.| [Z.M]
Fanfiction•Livro 2 da duologia "Stockholm Syndrome?"• Louise tem um desfecho trágico para o que achava ser sua grande história de amor, e o que resta à ela agora é recolher os cacos do seu coração despedaçado e seguir em frente. Após colocar em jogo sua felic...