— Eles não te lembram alguém? — Louis perguntou baixo para mim, rindo do bate-boca entre o nosso avô e Ewa que durava minutos.
— O quê? — Indaguei sem conceder a ele muita atenção, focada mais em como faria para fazê-los se acalmarem.
— Com um ódio irracional desde o começo para depois descobrirem que se gostam — Continuou ele, dessa vez sério — Não conhece essa história?
Louis havia mesmo comparado eu e Zayn com nosso avô e Ewa?! Respirei fundo para evitar desconcentrar-me.
— Cala a boca, Louis — Em seguida, decidi afastá-los de perto um do outro — Certo, já chega de discussões por hoje, não acham? Estão começando a assustar as crianças, elas estão ouvindo tudo isso lá de dentro da casa. Vovô, está ficando tarde. Por que não vai para algum hotel com Kendall, Philip e Cameron e amanhã conversamos melhor?
— Eu não vou sem vocês! — Protestou ele, irritado.
— Mas vai, sim! — Afirmou Ewa — E se preferir a custa de chineladas nessa sua cabeça oca, seu velho rabugento!
Liam, Maya, Isla, Niall, Olivia e Connor, que haviam partido para dentro da casa levando as crianças a muito, não estavam ali para ajudar-nos, o que dificultou tudo.
— Por favor, levem a Sra. Ewa para dentro — Pedi, direcionando minhas palavras a Harry, Louis e principalmente Zayn — Eu vou levar meu avô para o hotel.
— Não e não! — Vovô disse, estranhamente ofegante. Seus olhos pareceram revirar-se e seu corpo perder a firmeza aos poucos. Seu peito subia e descia na procura por oxigênio — Eu não vou... não vou... eu...
Tive de correr o mais rápido que pude para ajudar Louis a segurá-lo.
— Meu Deus, vovô! — Kendall exclamou desesperada enquanto o abanava — Tem algum médico aqui, Louise? Louis?
— Não... — Negou Louis inquieto por uma solução — Temos que levá-lo ao hospital!
— Não vai dar tempo! — Philip lembrou também por perto.
— Esperem. Levem-no para dentro. Rápido! — Orientou Zayn. Olhei-o confusa — Eu não sou médico, mas fiz um curso de primeiros socorros por insistência da minha mãe que era médica, então acho que posso ajudar...
Não precisávamos responder para indicar que confiávamos em Malik. Até a Sra. Ewa ajudou a colocar meu avô no sofá. Apesar das primeiras impressões terem sido as piores, Ewa possuía uma humanidade acalentadora.
Quase me esqueci de respirar enquanto seguia as instruções claras de Zayn.
— Por favor, afastem-se dele — Disse ele arregaçando as mangas — Levem as crianças para longe e fiquem em menor número aqui — Ele esticou dois dedos e pousou-os no pulso esquerdo de vovô, colocando seu ouvido na área do tórax dele — Não é uma parada cardíaca. Isso é bom... Os batimentos dele estão um pouco mais acelerados, mas não com um desvio tão grande para nos preocuparmos — Ele olhou para o meu vovô — Senhor Nikolai, o que está sentindo?
— Senhor é você, seu velho! Ai, ai! Dor... aqui... — Meu avô apontou para o próprio peito, nervoso — Não consigo... Não consigo respirar... não consigo pensar muito bem... Acho que vou morrer...
— É uma crise nervosa — Murmurou Zayn pensativo — O senhor está tendo uma crise de ansiedade, não vai morrer, mas precisa se acalmar, ouviu? Sei o quão complicado isso é, mas precisa respirar comigo. Inspire, respire...
— Se me chamar de senhor de novo é aí que vou morrer mesmo!
Meu avô seguia seus conselhos de forma obediente, levantando as mãos trêmulas e seguindo o compasso da respiração de Malik.
— Ewa, pode trazer um chá, por favor? — Continuou, ainda mostrando ao meu avô como deveria prosseguir — Louise, Louis, Kendall, conversem com o seu avô. Falem para ele coisas boas.
Eu não conseguia pensar em nada. Minha cabeça estava preocupada demais com ele. Porém, fragmentos de memória rodeavam minha cabeça.
— Se lembra de quando Khal nasceu, vovô? — Kendall tomou a palavra segurando em sua mão — Aquele dia foi o mais corrido de todos! Louise gritava com todo mundo e o senhor foi o único que gritou de volta para ela, mandando-a se acalmar. Não se lembra de como Hass riu?
Vovô assentiu, mal contendo um sorriso.
— Se lembra também de quando éramos pequenos, vovô? — Louis prosseguiu, percebendo que a conversa estava fazendo efeito — O senhor nos odiava! Principalmente porque sempre fazíamos Emma chorar! Ela era bem mais nova que nós.
— Eu sentia pena dela com quatro pestinhas como vocês! — Concordou vovô soltando uma gargalhada — Vocês tinham que idade, mesmo?
— A Bella era mais velha — Me lembrei, achando graça — Ela tinha talvez quatorze, certo? O Louis tinha onze, eu acho. Kendall tinha nove? Já eu oito. Éramos tão terríveis com ela...
— Mas minha bonequinha não vai mais voltar, não é? — Ele de repente ficou triste, porém sua crise passava aos poucos — Eu sinto... eu sinto uma dor porque... Porque mesmo que ela e Ken não sejam minhas netas de sangue, as amo como amo Bella, Lou e Louise.
O abracei.
— Eu sinto muito por isso... Foi minha culpa... — Passei a sentir raiva de mim — Se eu tivesse percebido o que aconteceria naquele dia...
— Não, Loulou — Vovô segurou meu rosto em suas mãos — Não é sua culpa. Nunca foi nem nunca vai ser.
Apesar de parecerem simples, suas palavras cederam a mim um conforto estranho, como se parte da culpa tivesse sido absorvida. Ele tomou o chá e acabou adormecendo, dessa vez mais calmo.
[...]
A lua já havia dado as caras. A claridade que a mesma refletia me fazia ficar mais calma. Insisti que Louis levasse Freddie para a casa da mãe que ficaria com ele pelos próximos dias e falei para que fosse dormir. Após pestanejar, ele aceitou. Já Kendall não conseguia parar em pé de tanto cansaço pelas horas de voo e por isso cedeu rapidamente. Os que não moravam na casa haviam ido embora e quem residia ali dormia a horas. Era por volta de uma da manhã e eu não conseguia tirar os olhos de vovô. Temia por sua vida e o que aconteceria. Agradeci aos céus pelo sofá em que ele dormia ser reclinável e por isso parecer como uma cama. Fiquei ali, olhando para seu rosto marcado por linhas de expressão. Era provável que muitas delas se dessem pelo tempo em que amargurou-se pela perda da minha mãe. Eu nunca suportaria como ele suportou perder uma filha. Nunca.
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Stockholm Syndrome? |2°temp.| [Z.M]
Fanfic•Livro 2 da duologia "Stockholm Syndrome?"• Louise tem um desfecho trágico para o que achava ser sua grande história de amor, e o que resta à ela agora é recolher os cacos do seu coração despedaçado e seguir em frente. Após colocar em jogo sua felic...