CAPÍTULO 31

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Bruno

Uma semana se passou, uma semana sem a Ísis, uma semana que não sei o que é comer ou dormir direito e uma semana que não encontro forças para ir trabalhar.
A Ísis era quem trazia vida a cada cômodo dessa casa com seus gritos, suas risadas, suas correrias e brincadeiras com o Gerônimo.
Sua ausência fez com que tudo perdesse a cor, o brilho, a alegria e o sentindo. Tudo agora vive em completo silêncio.
Era por volta das 19:00h, eu estava sentado no sofá com o celular ao meu lado na esperança de uma ligação da Ísis, um cigarro entre os dedos e segurando um copo de whisky quando vejo a porta ser aberta e o um dos meus seguranças entrar pela mesma  acompanhado do Eric e do Phil.
— Eu avisei para eles que o senhor não quer receber ninguém, mas eles insistiram. — Ziglar justificou a entrada do Eric e do Phil.
— Não se preocupe, pode ir. — Assentiu e retirou-se.
— O que é isso? — Eric referiu-se a garrafa de whisky praticamente vazia e vários maços de cigarros vazios sobre a mesa de centro.
Ignorei a sua pergunta levando o cigarro até a boca, dando lhe uma tragada e em seguida soltando a fumaça.
— O que está acontecendo, brow? Faz uma semana que você não aparece no estúdio, não liga para se justificar, não atende o celular e ainda por cima quando chegamos aqui fomos quase impedidos de entrar. — Phil perguntou.
— Não está acontecendo nada... — Dei outra tragada no cigarro. — Apenas quero um tempo sozinho. — Completei.
— Mano, olha só para você, olha esses cigarros e essa garrafa de whisky. E você ainda vem dizer que não está acontecendo nada? É por conta da viagem da Helen? Achei que você já estivesse acostumado a ficar longe dela. — Phil falou.
— Não, não têm nada a ver com a Helen. Quer dizer, até tem, mas não desse jeito que vocês estão pensando.
— Como assim? — Eric perguntou.
— Nada, esquece.
— Vai ser difícil te ajudar se você não contar para a gente o que tá pegando. — Eric falou já sem paciência.
— Não que eu esteja precisando da ajuda de vocês, mas já que vocês insistem tanto em saber o que está rolando, eu vou falar. — As minhas palavras soaram com uma certa arrogância.
Contei completamente tudo para eles, eu já estava  fudido mesmo o que eles falassem não me atingiria em nada. Mas apesar de ficaram boquiabertos e incrédulos com tudo que ouviram, principalmente, o Eric, em momento algum me julgaram ou ficaram contra mim.

***
Ísis

Uma semana havia se passado desde que tudo aconteceu.
Durante esse tempo só tenho saído de casa para ir a escola, não tenho frequentado as aulas de ballet mesmo com o meu pai insistido e as únicas visitas que aceitei receber foi a da Isa e do Vic, que como sempre me apoiaram e ficaram ao meu lado.
O Bruno veio aqui quatro vezes só essa semana, mas não aceitei recebe-lo, também tenho ignorado as suas ligações e mensagens.
Sei que talvez eu esteja errada em agir dessa maneira, mas a minha cabeça está confusa eu não sei se estou prepara para conversar com ele agora.
Minha mãe continua me ignorando, mas eu entendo perfeitamente o lado dela.
A minha relação com o meu pai está caminhando bem, a minha madrasta é uma pessoa adorável e em momento nenhum questionou o fato de eu está morando com eles, o meu irmão Benjamin é um doce de criança e é ele quem me distrai e me traz um pouco de ânimo para continuar.
Encontrava-me sentada na cama com o Benjamin ao meu lado, eu estava ensinando a lição de casa a ele quando vejo a porta do quarto ser aberta e o meu pai aparecer na mesma.
— Tem visita para você.
— Quem é?
— Não sei, mas acho que você vai gostar. — Sorriu.
— Ben, vai terminando a primeira parte que a irmã já volta.
— Tá. — Respondeu enquanto pintava o desenho que pedia na atividade.
Levantei, caminhei até a porta e saí do quarto seguindo o meu pai até a sala onde tive uma grande surpresa, era o meu avô Peter.
— Vô! — Corri até ele e o abracei fortemente.
— Minha menina! Como você está?
— Estou bem e o senhor?
— Vou ficar melhor depois que eu souber direito o que está acontecendo.
Eu não queria que o vô soubesse de nada, afinal, na idade dele ficar se preocupando é ruim para a saúde e também eu morro de vergonha dele saber que eu ia para a cama com o filho dele, sendo que ele e a vó Bernadette sempre me trataram como neta.
— Vou deixar vocês conversarem. — O meu pai falou e retirou-se.
Morrendo de vergonha, encarei o chão e iniciei a conversa.
— Até onde o senhor ficou sabendo?
— Eu fiquei sabendo de tudo e claro que não acreditei até ouvir da boca do meu filho que era verdade... — Suspirou visivelmente triste. — E ainda sim quando ele confirmou eu recusei-me a acreditar, pois essa história toda me deixou tão triste, isso não pode ser verdade.
— Mas é, vô. — A minha voz saiu baixa e meus olhos se encheram de lágrimas.
— Foi contra a sua vontade?
— Não, vô, o Bruno jamais faria isso, ele nunca me tocou sem que eu permitisse.
— Pelo menos isso me alivia, mesmo me doendo toda essa história.
Fiquei em silêncio tentando segurar as lágrimas que insistiam em cair.
— E a Amelie?
— Minha mãe ficou muito triste e sem chão, tanto que disse que eu morri pra ela. E como o senhor pode ver, eu agora estou morando com o meu pai e a minha mãe foi morar com os meus avós.
— Eu entendo a sua mãe, mas talvez ela tenha pegado um pouco pesado com você.
Filha, você quer ir morar comigo no Havaí? Lá tem a sua tia Tiara, tem a Tahiti, tem o Jonah e outras pessoas que te amam e não vão te julgar pelo seu erro.
— Obrigada, vô, mas acho melhor eu ficar aqui, pois acredito que a minha mãe um dia irá me perdoar e eu quero estar por perto quando ela vier me buscar.
— Ok, a decisão é sua.
— E o senhor, será que um dia será capaz de me perdoar?
— Como eu já disse, filha, estou muito triste com essa história, mas não sinto nenhuma mágoa ou qualquer ressentimento por você ou pelo meu filho.
— É tão bom ouvir isso, pois tive tanto medo do senhor me virar as costas.
— Nunca vou fazer isso.
— Te amo, vô. — Sorri com os olhos cheios de lágrimas e lhe dei um forte abraço.
— Também te amo.
Conversamos mais um pouco e depois ele teve que ir embora, pois ia voltar hoje mesmo para o Havaí.

***

Bruno

Duas semanas depois...

Três semanas haviam se passado e as coisas em relação a mim e Ísis continua do mesmo jeito, a minha família toda já sabe o que aconteceu, porém ninguém manifestou qualquer opinião ou atitude.
Encontrava-me dedilhando o piano, meus dedos passeavam lentamente por cada tecla enquanto os  meus pensamentos iam de encontro a Ísis.
Um sorriso sobreveio aos meus lábios ao lembra-me do dia em que ela se entregou para mim, seu medo, sua inocência e a sua delicadeza fez com o que eu tivesse tanto medo de machucá-la naquela noite.
Eu nunca pensei que seria capaz de amar tanto uma pessoa como amo a Ísis.
Levantei da banqueta, caminhei até a porta e saí do quarto descendo as escadas em direção à sala.
Sentei-me no sofá, tirei o celular do bolso e escrevi uma mensagem para a minha Ísis:

" Não está sendo fácil viver sem você, mas sei que também não está sendo fácil para você enfrentar essa barra toda.
Irei respeitar o seu momento e em troca só te peço uma coisa: Nunca esqueça o quanto eu gosto de você. "

Provavelmente, essa será mais uma mensagem que ela não responderá.
Desde do dia que a Ísis se foi, eu escrevo para ela todas as manhãs e todas as noites.
O Phil e o Eric me aconselharam a respeitar o momento dela e é isso que estou fazendo, parei de ir até a casa do pai dela para tentar falar com ela, mas não paro de escrever para a mesma, pois quero que ela vejo que eu jamais serei capaz de esquecê-la.
Também parei de beber e fumar tanto, pois sei que ela não gostaria de me ver nessa situação e isso também não trará ela de volta.

Bruno Mars- Sonhos | Disponível até NOVEMBRO 2023Onde histórias criam vida. Descubra agora