– Estás muito distraído, alteza.
Mais um erro.
– Jacques, sabes muito bem que não estou disposto.
– Mas precisas treinar.
O príncipe Andrew revirou os olhos.
– Eu não consigo treinar direito sabendo que terei mais três bailes pela frente!
– São só bailes, alteza, logo acabarão todos.
– Eles vão inventar mais bailes, até que eu ache a minha esposa! – Andrew exclamou.
– Mas até lá, precisas melhorar o manejo da espada.
– Eu só tenho dezessete anos! Logo farei dezoito! – O príncipe disse, ignorando o que Jacques, seu instrutor de esgrima, disse. – Eu ainda tenho muito tempo para pensar em casamento!
– Se vossa alteza me permite, vossas majestades só estão pensando em seu melhor.
– Eles querem que eu tenha um herdeiro!
– Isso também... – Murmurou Jacques, receoso. – Se preocupe com os bailes depois, primeiro precisas me vencer. – Ele disse, em posição de defesa.
Andrew suspirou e se ajeitou, em posição de ataque. Com a espada na mão direita, Andrew correu até seu tutor que girou para o lado direito do príncipe, fazendo o mesmo deslizar os pés, quase caindo. Ele se recompôs e voltou a sua posição de ataque, mas dessa vez, em vez de correr, Andrew começou a dar curtos passos, analisando a sua melhor opção para derrotar Jacques. O professor, por sua vez, estava parado, rindo do príncipe que suava de tantas vezes que havia lutado e perdido. Andrew resolveu correr mais uma vez, colocando a espada a frente, mas Jacques foi mais rápido e, com a sua própria espada, jogou a de Andrew para o chão e segurou o príncipe com a mão livre, e com aquela que estava com a espada, ele posicionou-a no pescoço do adversário.
– Precisas pegar a prática, alteza. – Falou ele. – Está perdendo a graça ganhar sempre.
– Eu já disse o motivo.
– Isso não é desculpa para perder sempre.
– Como eu posso vencer de você? És meus professor, é claro que és mais forte e mais habilidoso que eu!
– E é para isso que estou aqui, mas tornar vossa alteza melhor que eu.
– Podemos parar para um intervalo? Estou precisando descansar.
– É claro, seu inimigo te dará cinco minutos para recuperar o fôlego. – Disse, irônico.
Naquele instante, apareceu um homem velho, muito velho, magro com um bigode muito grande. O rei August I. Em toda sua extravagância e realeza, ele acompanhava a sua esposa, a rainha Victoria, também muito elegante para um dia qualquer como aquele. Mesmo enfrentando uma crise de anos, os rei e rainha de Cristalines usavam e abusavam das melhores roupas que o dinheiro poderia pagar, cobertos de ouro e joias. Além de suas coroas.
– Andrew Charles! – Chamou o rei August. – Acompanhe-nos em uma caminhada curta, por favor.
– Pensando bem, acho que a coisa do inimigo não dar cinco minutos não me parece ruim... – Andrew sussurrou no ouvido de Jacques. – Já estou indo, meu pai!
Andrew retirou as luvas que usava, jogando-as no chão, e andou até seus pais que já estavam começando a andar.
Ele já sabia muito bem o que seria conversado. Ou melhor, o que seria imposto. Já teve aquela conversa diversas vezes no ano anterior. Três bailes seriam feitos nas próximas semanas e em um deles o príncipe teria que encontrar a sua futura rainha. Depois de tantas tentativas, Andrew não sabia por que ainda insistiam em fazer mais e mais festas. O reino já estava enfrentando dificuldades e o rei e a rainha queriam gastar mais do que tinham com besteiras. Andrew só tinha dezessete anos, em alguns meses faria dezoito. Ele ainda tinha muito tempo para encontrar a sua esposa. Ele não precisava de uma esposa para governar um reino. Ele poderia governar sozinho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Reinos Ligados Pela Floresta: Cendric (Cinderela)
Fantasy(3º LIVRO) Um baile é realizado para que um príncipe escolha sua futura esposa e aquela que lhe chama a atenção foge à meia noite, deixando um de seus sapatos para trás, apenas para ser descoberto que essa princesa não passava de uma garota feita de...