– Ela matou os pais adotivos?! – Perguntou Jasper, chocado, se levantando do chão.
Com a ajuda de seu irmão, Adella se levantou, respirando fundo, depois de rever aquela cena. Momentos como aquele eram preferíveis para serem esquecidos com o tempo, não revividos. Mas, devido às circunstâncias, Adella precisou reviver tudo, se quisesse achar um jeito de deter sua filha.
– Ela entrou em colapso. – A fada tentou justificar. – Cresceu a vida inteira achando que aqueles dois eram seus pais verdadeiros e, por algum motivo, a Lua escolheu aquele momento para ativar seus poderes.
– O que aconteceu depois?
– Assim que ela desmaiou, eu a resgatei e levei para a floresta. – Respondeu, olhando para o nada. – Ela acordou na manhã seguinte, eu apareci, fingindo tê-la encontrado e a levei até vocês, o resto já sabe.
– Foi sobre isso que falaste com Alva?
– Sim, ela não se lembrava de nada quando acordou, pedi a Alva descobrir o máximo de informação que podia ter sobre ela para guiá-la, não sabia de nada sobre sua vida e não poderia estar por lá mais uma vez, foi um momento de fraqueza, precisei vê-la.
– Sabes o que Alva conseguiu sobre ela? – Perguntou Jasper.
– Não, aquela foi a primeira e última vez que nos vimos depois de anos... – Adella segurou as mãos de Jasper. – Ainda bem que estás vivo, não sei se iria aguentar perder você também...
Jasper puxou a irmã para um abraço. Adella realmente precisava daquilo. Não tinha mais ninguém. Jasper era a sua única família ainda viva. Não tinha como estar mais agradecida.
– Agora é sua vez de tentar, não posso ficar aqui por muito tempo.
– Por quê?
– Só poderei ficar até o anoitecer, é o limite do encantamento.
Jasper não refutou nem fez mais perguntas, apenas assentiu e voltou ao centro da caverna junto a Fada Madrinha. Ele tremia, querendo acertar e conseguir entrar em alguma memória da irmã. Adella pôs sua mão em suas costas, podendo sentir seu nervosismo, e disse:
– Você consegue...
Jasper começou a jogar as pétalas das rosas no rio mágico. Ele tentava se concentrar, mas não conseguia. Adella tentava confortá-lo e ajudá-lo, mas ainda era difícil. Ela sabia que seria difícil aprender em um dia todos os segredos da caverna, precisou de anos para aprender tudo o que tinha que saber. Não podia imaginar quanto tempo Alva teve para aprender, mas podia ter certeza que devia ter demorado muitos anos. Ela só tinha catorze anos quando se tornou uma Fada Guardiã. Mesmo com anos de experiência, devia ter sido muito mais difícil do que foi para Adella.
Jasper continuou jogando as pétalas, já sem esperança, até que, finalmente, ele entrou em transe. Seus olhos começaram a brilhar no mesmo tom das pétalas de rosas que formavam a coroa de Adella. Estava funcionando. As palavras, então, vieram. Adella conseguia escutá-las, mas não entendê-las. Era uma antiga língua de fadas, esquecida com o tempo. Só conseguia entender o seu nome, dito repetidas vezes, em meio a palavras estranhas. Ele estava conseguindo. Faltavam poucas pétalas até que o rio se uniu formando uma cachoeira reversa e subiu até o teto da caverna. Jasper jogou, então, a última pétala restante da cesta e a água inundou tudo, jogando os dois irmãos para longe.
Diferente do irmão, desacordado no chão, Adella estava ainda de olhos abertos. Foi uma questão de tempo para que sua última memória fosse revivida. Adella estava, mais uma vez, presa em seu corpo, podendo ver Jasper, por trás dos arbustos, vendo tudo o que estava acontecendo. Adella reconhecia aquele lugar. Estava de frente para a caverna a qual viveu durante seu período em Misthezan, não fazia muito tempo.
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Os Reinos Ligados Pela Floresta: Cendric (Cinderela)
Fantasy(3º LIVRO) Um baile é realizado para que um príncipe escolha sua futura esposa e aquela que lhe chama a atenção foge à meia noite, deixando um de seus sapatos para trás, apenas para ser descoberto que essa princesa não passava de uma garota feita de...