Leonora acabou ficando o dia inteiro, a sós, com Andrew. Ela falou tudo o que ele precisava saber sobre a cabana, sua situação e como seria dali para frente. Com o tempo, eles fariam uma cama para o novo integrante, mas por enquanto ele teria que no sofá, além disso, teria que ajudar a trabalhar nas minas. Andrew ainda estava na dúvida sobre o trabalho deles, por isso, perguntou como era feito, se eles não estavam roubando nada, visto que eram as minas próximas ao reino de Misthezan, mas Leonora respondeu:
– Não pense nisso como um roubo, precisamos sobreviver. Tudo o que conseguimos das minas de Misthezan é usado para que possamos comprar bens nos reinos mais próximos, assim podemos viver em conforto. Misthezan não sabe da existência dessas minas, muito menos do há nelas, estamos apenas aproveitando isso. Todos os diamantes que há nela, usamos para comprar alimento, mobília e armas, caso um dia precisarmos.
Eles pareciam fazer aquilo já há muito tempo. Pareciam ter prática e conhecimento do que faziam. Bem, aquele era o preço para poder viver entre eles e poder sobreviver. Leonora explicou todo o trabalho sobre como era feito e como carregavam. Ela também disse que, se um dia, Andrew resolver voltar para Cristalines, ele nunca poderia revelar seu paradeiro nem sobre os outros. Essa era a primeira regra. Não se podia delatar ninguém. Saber onde os outros membros reais que sumiram estavam era o mesmo que guerra. Andrew assegurou que aquilo nunca aconteceria. Nunca mais voltaria a Cristalines. Não poderia.
Quando já estava bem de noite, Leonora e Andrew acabaram jantando sozinhos. Ela falou que o tempo de ir e vir das minas e o trabalho que realizavam, no total, demorariam muito tempo e, por isso, só voltariam bem tarde da noite. Ir a Misthezan e voltar a cabana no passo que davam demorava mais ou menos duas horas, já o trabalho realizado nas minas demorava quase o dia inteiro, e parte da noite. Mas parecia que aquele dia não era o caso. Quando o relógio deu oito horas, eles puderam ouvir um barulho se aproximando e, ao olhar pela janela, avistaram os cinco jovens voltando para casa.
A porta se abriu, entrando, primeiro, a líder do grupo, Charity, que tinha os cabelos bem azuis, num tom turquesa. Seguindo, vinham Boonie, Hiram, Lorraine e Maxine. Eles jogaram suas picaretas e lampiões no chão e olharam para Andrew, ainda vestido como um príncipe encantado com as roupas do baile.
– Leonora já explicou tudo? – Perguntou Charity, olhando com frieza para Andrew.
O príncipe confirmou.
– Não se preocupa, Charity, ele vai ficar aqui, ele é um de nós agora.
A líder andou até Andrew e com suavidade, puxou seu casaco, aproximando-o dela.
– Saiba que temos regras, é bom não quebrá-las. – Ela disse, assustadoramente. Ao largá-lo, começou a andar até a escada e disse: – Eu vou para a cama, boa noite.
E subiu.
– Cozinhaste algo, Leonora? – Boonie perguntou.
– Sim.
Sem dizer mais nada, Boonie, Maxine, Hiram e Lorraine se sentaram na mesa e começaram a se servir. Andrew ficou ali, em pé, sem saber o que fazer ou dizer. Ainda não conseguia acreditar em tudo. Era surreal que todos aqueles que um dia sumiram, estavam na verdade unidos, numa cabana escondida na floresta.
Leonora se sentou na mesa, com seus amigos. Ela não comeu nada, convidou Andrew para se sentar junto a eles. Envergonhado para não dizer "não", ele se juntou aos outros e ficou sentado, parecendo uma estátua. Se um dia eles tiveram aulas de etiqueta em seus reinos, elas não serviram de nada. Eles pareciam estar mortos de fome. A única que conseguia manter a postura era a princesa Maxine, que foi a última a terminar de comer.
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Os Reinos Ligados Pela Floresta: Cendric (Cinderela)
Fantasy(3º LIVRO) Um baile é realizado para que um príncipe escolha sua futura esposa e aquela que lhe chama a atenção foge à meia noite, deixando um de seus sapatos para trás, apenas para ser descoberto que essa princesa não passava de uma garota feita de...