Capítulo 2: Affair

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Quantos faltam? — Eleanor ouviu a voz da mãe dizer através do telefone público que ela usava.

Era dezembro em Manhattan, a temperatura estava se aproximando a zero, deixando o clima frio da estação. O céu estava nublado, e tinham algumas nuvens escuras no céu, mesmo que não fosse chover aquela hora da manhã. Talvez a noite.

A mais nova ajeitou o sobretudo, pegando um pedaço de papel no bolso de dentro. Vendo todos os nomes contidos ali.

— Já cuidei de Robert, Edgar, Noah. Há algumas semanas foi a vez do senhor Walter, foi quando descobriram haver uma série de assassinatos acontecendo e me chamaram para trabalhar com a O'Connell — Eleanor suspirou, se lembrando do dia difícil que teve com a mulher no dia anterior.

Billie era uma mulher com opiniões fortes, ela não aceitava estar errada, e parecia saber de todos os segredos de Nell apenas com um olhar. Mesmo a mulher sabendo que a detetive não poderia saber de nada, ela ainda ficava nervosa em sua presença.

Uma parte dela lhe lembrava que ela fazia isso há anos. Nunca tinha sido pega, e não era agora que seria.

Outra parte gritava haver uma primeira vez para tudo.

Como a detetive é? — Elizabeth perguntou.

— Complicada, mamãe. Ela tem essa feição de quem sabe de tudo e é extremamente observadora. Terei que tomar cuidado com ela no comando —

Elizabeth suspirou, prestando atenção em seu bordado.

Ela ainda pensava no porque havia deixado a filha entrar nessa.

Por um lado ela sentia orgulho da filha, afinal o que ela fazia não era totalmente errado.

Há alguns anos, quando Eleanor começou a estudar para se tornar detetive, ela leu sobre a enorme lista de abusadores que estavam a solta, mesmo com a palavra das vítimas, mesmo com todas as provas. A maioria homens ricos que tinham como pagar por liberdade.

Ou, quando era apenas um morador de rua. Um pobre morador de rua que se aproveitara de uma moça desprevenida de noite. Eles deixavam escapar, sempre, alegando que iam morrer de qualquer jeito mais cedo ou mais tarde.

Não é difícil adivinhar quais foram os próximos passos de Eleanor Jones. Ela estava cansada. E fazia por todas as vítimas quando matava sem dó os abusadores.

Ela era cuidadosa, sabia o que fazer, como fazer.

Não ficava em um lugar por muito tempo, e tinha o álibi do trabalho.

Era o plano perfeito. O crime perfeito.

E para qualquer detetive que pense solucionar o caso, via que era impossível.

Tome cuidado, Eleanor. Eu li alguns jornais sobre a O'Connell. Ela parece ser perigosa

— Vou tomar cuidado, mamãe. Prometo — a mulher olhou para os lados, vendo uma senhora esperar para usar o telefone público.

Eleanor se despediu da mãe, cumprimentando a senhora e indo em direção ao ponto de ônibus, aonde iria para o escritório da chefe.

Seria mais um dia com a mulher.

•••

Ao entrar no escritório da mulher, Eleanor se surpreendeu ao ver que ela não estava sozinha.

O problema não era a detetive estar acompanhada, e sim a situação em que a encontrara com a secretária.

A secretária!

A Detetive de um Caso Perdido •Billie Eilish• ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora