Louco pra voltar • Ret

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》Lisa《

Tiros.

Aqueles malditos barulhos de tiros!

Fazia muito tempo que não acontecia isso por aqui. É claro que alguém sempre dispara aqui ou ali, mas uma confusão igual a essa já faz tempo desde a última vez.

Seguro Davi no colo, e tampo os ouvidos dele, o mesmo se esconde no meio do meu cabelo, com medo.

- Calma meu amor - dou um beijo em sua cabeça.

- Lis, puta merda! - Ana chorava no sofá - e se o Miguel tomar um tiro?

Me sento ao seu lado e a puxo para mim, faço carinho em seu cabelo e digo que vai ficar tudo bem.

E assim, as horas passaram. Davi dormiu no meu colo de um lado, e Ana do outro.

Por um momento imaginei nós três, uma família feliz, vivendo afastados de tudo isso. Eles são minha família, a única coisa que me resta, meu bem mais precioso, e a única coisa que quero é que ambos continuem crescendo e se tornando boas pessoas.

Já passava das cinco e meia da tarde, quando finalmente os barulhos foram parando. Agradeci a Deus e fiquei cuidando da porta, esperando que ela abrisse logo e que aqueles dois entrassem.

- Lis? - Ana resmunga.

- Oi?

- Eu ouvi você gemendo ontem, viu? - ela dá uma risadinha baixa e fecha os olhos outra vez.

Ah, não.

Meia hora depois, a porta abriu e Miguel entrou correndo, indo direto abraçar a Ana que a essa altura já estava acordada esperando por ele.

- Pô, meu bem, que saudade - ele disse enquanto a beijava na testa.

- Graças a Deus! - ela o apertou forte - Eu estava com medo...

Olhei novamente para porta e lá estava ele, observando todos nós.

Levanto meio correndo e vou até ele.

- Filipe, que bom que... - paro de falar quando percebo que todo mundo está me olhando.

- Que bom que tá aqui...tá machucado? - falo tentando disfarçar.

Ele faz cara de quem quer rir e aponta com uma das mãos para a barriga, onde um pano cheio de sangue tampa algum ferimento.

- Só uma facada - ele ri.

- SÓ?! - falo meio alto.

- Se machucou, Filipe? - Ana perguntou.

- Ah, esse corno foi trocar idéia logo com o Dino, deu nisso aí - Miguel responde bravo.

- Posso estar machucado. Mas ele está morto - ele pisca para mim.

Sorrio e sinto uma ponta de orgulho por saber que ele matou o homem que a tanto tempo tentava de tudo para destruir esse lugar.