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Mês de gestação

Enjoos, sono, cansaço...tudo fazia parte da nova rotina. Agora não havia mais nada em minha vida: trabalho, faculdade, planos? Ficaram novamente para outra hora e foram para o último lugar da lista.

Era incrível como algo tão pequeno pode nos fazer mudar de ideia de forma tão rápida. Aquela coisinha pequenininha que cresce aos poucos te faz repensar o futuro e o que é melhor.

Ter que pensar por dois não é fácil. A expectativa, o medo de não saber e fazer o melhor são coisas que afligem o coração.

Meu bebê não vai ter um pai. Foi uma das coisas que me fez repensar totalmente o tipo de mãe que vou ser.

Eu sei que uma criança pode ser criada somente pela mãe, mas não acho justo que meu filho não conheça o pai. É um direito dele.

Mas o que posso fazer? O pai sumiu pelo mundo, é um aventureiro sem cabeça que jamais pensou em formar uma família.

Sem dúvidas outra parte difícil tem sido lidar com os sentimentos em relação ao Filipe. Não é fácil deixar algo para trás, ainda mais quando se tem fortes emoções pela pessoa.

O pior de tudo é saber que esse sentimento não vale de nada. Ele não sabe, não se importa, e não está aqui.

Sinto o celular vibrar e vejo que Santiago mandou mensagem.

Ultimamente temos conversado somente por mensagem, não tenho vontade de me envolver com ninguém, muito menos sair de casa.

Respondo dizendo que está tudo bem, e ele pergunta quando vamos nos ver.

Não quero ver ele.

Eu teria que contar da gravidez, e a situação toda já é complicada, nem sei por onde começar a explicar.

Ainda assim resolvo marcar algo em um bar no centro, envio a localização e o horário.

Bloqueio o celular e passo a mão pelo cabelo, sentindo um esgotamento horrível.

Vou para o banheiro tomar um banho e me preparar para o desafio da vida adulta: sair de casa sem vontade.

Louco pra voltar • RetOnde histórias criam vida. Descubra agora