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(Vamos percorrer pelo passado e pelo presente agora, de forma que vcs irão entender como o Filipe escapou, o que aconteceu no dia do chá de bebê e finalmente o final dessa longa historia)

- Grávida, haram - Duda balançou a cabeça positivamente - e nem conhecer você não vai - ela riu.

Ela havia me contado tudo, e eu sem acreditar.

Grávida. Lisa. Eu.

Lisa estava grávida e eu ia ser pai.

Como? Como pude permitir que essa coisa toda chegasse nisso e ficar longe da minha mulher no momento que ela mais precisava?

Minha vida toda passou pela cabeça e eu só conseguia lembrar do passado, sendo criança, o ódio e inveja do Leandro pelo morro ser deixado para mim, mesmo sendo mais novo, a morte do meu pai, conhecendo a Lisa, vivendo com a Duda, Miguel sendo pai, Lisa de novo em minha vida...tudo.

Tudo que vivi passou pela mente e percebi o quanto deixei aquele cara para trás e me entreguei por medo.

Mas agora, eu seria pai. Um ser tão pequeno seria meu, de verdade, e ele precisava de mim.

Não sabia como ia me livrar de tudo.

Mas botei a mente pra funcionar, essa porra já tinha dado o que era pra dar.

E foi naquele momento que percebi que o melhor seria ganhar a Duda, outra vez.

Conforme os dias passavam eu me rendia a ela e seus prazeres, não reclamava, não negava, nada. Eu precisava que ela acreditasse que estava ali por querer e que não faria nada para sair de lá.

Foi longo, mais um mês até que ela tivesse um descuido com o celular.

Uma discagem, um número, uma chamada e alguns segundos era o que eu tinha. Ter de cor o número de quase todos da boca foi minha chance.

Eu pedi reforços, no começo pensaram ser trote, e enquanto a Duda pedia mais gelo na sala pelo telefone, eu descrevia com o máximo de detalhes onde estava.

Quem me ouviu foi o Nabrisa, ele era novo nisso tudo, mas sabia o que fazer, sabia quem procurar.

Entreguei minha vida na mão dele, certo de que alguma hora iam aparecer e me tirar daquela merda e daquela louca.

Seria foda, passar por tanto cara armado, depois mais cara armado e assim por diante. Mas nosso estoque era bom, tudo que conquistei por anos devia ser usado, nem que aquela porra de hotal fosse demolida em pó.

Os dias passaram, Duda acreditava cada vez mais que eu simplesmente havia me apaixonado novamente por ela. Leandro pelo o que eu sabia reunia cada vez mais caras para invadir meu morro. Meu risco era grande, perder o morro, mulher, filho e familia.

Era mais um motivo pra eu sair vivão daquilo.

Demorou 1 semana pra eu ouvir o primeiro som de bala.

Duda no quarto comigo, Leandro na sala polindo arma.

A porta voou de um lado pra outro, e rosto familiares, e outros nem tanto apareceram. Beterrada tava pro meio, o coitado tinha se fudido mais que eu, e apesar do medo do Leandro desde pequeno ele tava ali, na linha de frente.

Nem sabia que ele tinha sobrevivido, sorri vendo de longe, o mesmo piscou e jogou uma arma, que Leandro pulou na frente para pegar.

- ABAIXA PORRA! - Leandro enfiou a cabeça de Duda pra baixo da mesa, enquanto ele e seus caras atiravam nos meus.

- NÃO DEIXA ELE ESCAPAR, NÃO DEIXA ELE ESCAPAR - enquanto berrava ele fazia sinal para um dos capangas me segurar.

Guardei por 20 dias uma faca pequena dd margarina debaixo do travesseiro pra poder me livrar de tudo que me amarrava, quando consegui me libertar me joguei pra cima do Leandro, não teve tiro que acertasse.

O mundo em volta era um caos entre si, enquanto finalmente a hora do acerto de contas entre nós dois tinha chegado.

Beterraba lançou outra arma, que dessa vez não deixei escapar.

Aquele era um confronto que eu precisava lutar, e perder não era uma opção.

Louco pra voltar • RetOnde histórias criam vida. Descubra agora