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》Filipe《

Acabei pegando no sono, tava cansadão pra caralho e com mó fome.

Do nada um barulhão de bomba estourando, parecia que tava dentro da minha cabeça.

Tampei o ouvido e fechei o olho, sentindo um monte de coisa estilhaçar pra cima de mim.

Ouvi um monte de berro, tiro pra lá e pra cá, e dei um sorrisinho já pensando que tinham vindo me pegar.

- Cê tá aí é, filho da puta - vejo o Beterraba aparecer no topo da escada rindo.

- Demorou pra caralho em - balancei a cabeça esperando ele tirar aquela merda do meu braço.

- Tá solto - ele disse depois de quebrar a corrente.

》Lisa《

Esperei, esperei, e esperei.

Ninguém me dava notícias, sempre assim.

Então desliguei o celular, encostei na cadeira e dormi.

Filipe

- E nenhum falou nada? - perguntei engolindo um pedaço da coxinha.

- Porra nenhuma - Beterraba falou - Fiz como tu manda. Não falou? Bala. Mas trouxe o mais espertinho pra interrogar.

- Tô ligado - bebi o último gole da cerveja - já arrancaram alguma coisa dele?

- Só falou que não adianta fazer nada, ele não vai abrir a boca.

- Vai abrir, sim - apontei pra arma na cintura dele - nem que seja pra morrer.

Fazia meia hora que tava ligando pra puta da Duda, pra falar que nosso filho tava sumido.

- E tu não viu ele por lá? Ninguém viu nada? - perguntei pro Beterraba.

- Nada, cara. Sei nem o que te falar, o menino sumiu.

- A Duda vai ter um... alô? Atendeu essa merda, finalmente - falei nervoso quando ela atendeu.

- Filipe? - ouvi a voz dela chorosa - É você mesmo? Meu Deus, amor, eu fiquei sabendo do que aconteceu.

- Duda, a gente tem que ter fé, o menino vai aparecer... - comecei a falar antes que ela surtasse.

- Aparecer? - ela repetiu - Ah,não, não... Filipe, amor, ele tá aqui.

- COMO ASSIM TÁ AÍ?! - berrei.

- Seus amigos vieram aqui e disseram que você pediu pra trazerem ele - ela explicou - e logo depois fiquei sabendo do que aconteceu com você.

- Que amigo, Duda? Que mané amigo?! Eu lá ia deixar cria minha com "amigo"?! - gritei nervoso - Passa a descrição desses cara.

- Aí amor, meu Deus - ela bufou - eu nem reparei.

- Como ele tá? Tá bem? - perguntei.

- Tá ótimo, acabou de mamar e dormir - ela deu uma risadinha - Quando vou te ver?

- Sai fora, louca.

Desliguei o celular e olhei pro Beterraba.

- Mermão, fala sério - ele apontou pro celular - Cê não acha isso tudo estranho?

- Estranho pra caralho - respondi.

- Vou te falar uma coisa - ele se aproximou do meu rosto - A Duda tá no meio disso e acho que você é o único que não pensou nessa hipótese, porque de resto, todos os caras tão pensando.

- Vocês tão tudo louco - dei risada - ela é uma vagabunda, acha que tem mentalidade pra isso? E outra, nosso filho tava pro meio da coisa toda, ela não ia querer machucar ele.

- E por acaso ele tá machucado, caralho? - ele bufou - o muleque tá junto com ela, mano. Cê vai cair nesse papo furado de "amigo"?

- Mas...

- Abre o olho, Filipe, tô te falando. Nem falar o jeito que os cara era ela não soube.

- É... - processei  o que ele tava falando e encarei algum ponto distante - Faz sentido.

Louco pra voltar • RetOnde histórias criam vida. Descubra agora