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》Filipe《

Abri os olhos, já sentindo a dor de cabeça de novo. Que porra me deram pra cheirar?

Estava tudo mais escuro que antes, e o lugar também estava mais frio, tentei levantar, mas ainda me sentia zonzo, parecia que que tinha droga circulando pelo meu corpo todo.

Nem cocaína faz isso.

Passei a mão no rosto, com dificuldade, porque aquele merda de corrente no pulso me impedia de fazer qualquer movimento direito.

Comecei a pensar em quem poderia ter feito isso. Podia ser vingança do PCC, ou de alguma outra facção rival...mas porra, se fosse isso já teriam me estilhaçado.

Alguma outra pessoa era responsável por isso...

Ouvi um barulho de porta sendo aberta e olhei na direção da escada, vendo um pouco de luz entrar, o que fez meu olho arder.

- Acordou, filho da puta? - uma voz masculina falou.

- Quem é tu, porra? - cuspi com ódio.

O lazarento nem chegou perto, ficou no topo da escada com um pano preto cobrindo o rosto. Só enxergava os olhos.

- Tu só precisa saber de uma coisa: você e a tua família tão tudo fudido - o cara riu.

- Cara - abaixei a guarda - Já me pegou, tô aqui. Deixa eles fora disso.

- Fora? - ele riu outra vez - Não, o patrão quer todo mundo.

- E por que o teu "patrão" não tá aqui? É covarde pra caralho né? - dei risada, com raiva.

- Você se acha muito esperto né, Filipe? - ele falou sério - Mas nem imagina o tanto que te fazem de besta.

- Vai se fuder - falei baixo - A hora que eu sair daqui...Não vai sobrar um de vocês pra rir.

- Boa sorte então, irmão - o cara riu outra vez e se virou para a porta.

- INFERNO! - gritei quando a porta se fechou novamente.

》Lisa《

- Não. Olha, você não tá entendendo - falei calçando o sapato com pressa.

- Então o que foi, Lis? - Santiago perguntou me encarando.

- Olha só - juntei minhas coisas e olhei para ele, séria - Eu preciso ir, tá? Te ligo quando puder.

Já ia saindo do quarto, mas ele me puxou pelo braço, me fazendo encarar seu rosto preocupado.

- Deixa eu te levar, pelo menos - ele disse.

- Tá, tá bom - passei a mão pela testa - Então vamos.

Ele se vestiu rapidamente e pegou as chaves. Descemos até o estacionamento e ele me levou até a entrada do morro.

- Quer que eu suba contigo? - Santiago perguntou quando estacionamos.

- Melhor não - sorri - Mas muito obrigada, de verdade. Amei passar um tempo com você.

- Eu também - ele sorriu e se aproximou para me beijar.

Ele era diferente, o beijo era diferente. Parecia ter um sabor inexplicável.

- Santiago... - falei entre o beijo - Preciso ir, sério.

- Desculpa, desculpa - ele riu e se afastou.

- Tchau - desci e acenei com a mão.

- Qualquer coisa pode me chamar - ele sorriu e piscou.

Ah, perfeito.

Esperei o carro sair de lá, e subi correndo até chegar em casa.

- BETERRABA - gritei pela casa.

- Fala, Lis - ele apareceu correndo com a mão na cintura, em cima da arma - Que tá pegando?

- O Filipe... - respirei fundo - Cadê ele? Já apareceu?

- Apareceu nada, pô - ele relaxou e balançou a cabeça.

- Certo - falei para mim mesma - Então... - comecei a falar.

- Solta, Lis - Beterraba me encarou - O que tá rolando?

- Alguém me ligou e disse que o Filipe já era, e que  agora eu sou a próxima... - soltei rápido, olhando para o chão.

- Quem ligou? - ele falou mais alto - Que horas foi isso? Caralho Lis, puta merda.

- Calma! Ligaram agora pouco, faz uma meia hora - sentei no sofá.

- Era homem ou mulher? - ele perguntou, nervoso.

- Voz de homem. E parecia bem irritado - expliquei.

- Puta que pariu - ele passou a mão no rosto - Fica aqui, entendeu? Eu vou ter que falar com o Miguel.

- Eu posso ligar... - procurei meu celular na bolsa.

- Então liga, explica a parada e pede pra ele vir. Não posso sair dando ordem, não - Beterraba falou.

Liguei para o Miguel, e obviamente ele ficou nervoso. Combinei com ele que iria no hospital e ficaria com a Ana.

- Ele tá vindo - falei pro Beterraba - Disse que enquanto isso é pra você mandar o...Negão? Isso, o Negão carregar tudo no máximo.

- Pediu granada também? - ele perguntou, já saindo.

- Ah, é. Sim, 20 granadas e... GRANADA? - arregalei os olhos - granada pra que, meu Deus?

- Fica de boa aí, Lis - ele ergueu a mão - Vou redobrar os vapor.

Balancei a cabeça, atônita.

Continuei sentada no sofá, encarando o chão e pensando em como a vida é uma merda.

Sinceramente, nunca vou ter sossego?

E também...por que o Filipe é tão burro? Caramba, não é possível que só eu acho estranho essa volta da Duda com um filho dele.

Eu realmente espero que ele esteja bem...que esteja vivo e inteiro.

Troquei de roupa e pedi um uber. Fui para o hospital e encontrei a Ana dormindo, ainda bem, já era tarde.

Sentei na cadeira de visita e chorei baixo, pensando em como seria ruim viver uma vida sem o Filipe para me estressar.

Lá no fundo, eu gostava dele muito mais do que pensava.

Louco pra voltar • RetOnde histórias criam vida. Descubra agora