Capítulo 7 - O Passado

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tt: awnchickens

E aí, prontos para descobrir a verdade?

>>>>>>>>>> AVISO DE GATILHO <<<<<<<<<<<

Olha, acho que nessa altura do campeonato já deu para entender que essa fanfic não vai ser um passeio no parque (qual fanfic minha é, não é mesmo?). Mas vale a pena deixar avisado que a história terá descrições de violência física. Se alguém tiver dificuldade com esse tipo de cena, recomendo uma leitura cautelosa.

***

Novembro, 2018

Lauren

La puta madre — eu disse assim que vi o carro vermelho de Camila disparando na minha frente. Afundei o pé no acelerador ao mesmo tempo em que meus dedos esmagaram o botão do rádio.

— Aqui em Nova York, a previsão para a chegada do inverno mais brutal do século foi ofuscada por um assunto muito mais sombrio do que a possibilidade de nevascas, temperaturas desumanas e a preocupação da prefeitura com a população de rua. Os planos para a estruturação de centros de acolhimento aos sem teto, desenvolvido pelo prefeito Frank Abernathy, foi repassado a um dos seus assistentes. No momento, a prioridade da administração é controlar o pânico causado na cidade com o provável retorno de um dos serial killers mais notáveis da última década, o Anjo de Nova York.

A locutora começou a falar e eu pensei duas vezes antes de decidir se realmente queria escutar aquilo enquanto dirigia. Eu sabia que seria uma questão de tempo até o meu nome ou o nome de Camila surgir nas notícias. Por isso, saí da estação de rádio e coloquei meu celular para tocar qualquer coisa que não envolvesse assassinatos e o caso do Anjo.

Os primeiros acordes de Vienna soaram e a voz de Billy Joel invadiu o carro. Meus dedos tamborilavam no volante, tentando ignorar aquela distância que Camila insistia em colocar entre nós duas.

Eu estaria rindo em uma situação diferente. Ver Camila se esforçando tanto para me ignorar e deixar claro, de todas as maneiras que podia, o quanto me desprezava, sempre me divertia um pouco. Mas, naquela noite, eu sabia que aquilo não tinha nada a ver com nós duas.

Camila não estava fugindo de mim. Ela estava fugindo do seu próprio passado.

Quando entrei no estacionamento do Departamento de Polícia, o Malibu* elegante dela já estava parado em uma das vagas. Eu estacionei ao lado do seu carro e desliguei o rádio, encarando o silêncio e o frio que entrava pelas fretas das janelas. Meu corpo tremeu dentro da jaqueta enquanto meus olhos percorriam a garagem deserta. O arrepio que desceu pela minha espinha não tinha nada a ver com a marcação de quase zero graus no painel digital da minha caminhonete. Sem o vai e vem dos policiais e com um assassino em série à solta, aquele lugar parecia o cenário de um filme de terror.

O relógio marcava quase dez da noite quando desliguei o motor e inclinei meu corpo para apoiar a cabeça no volante. Eu estava exausta e Camila também. Como não ter aquela conversa era uma possibilidade que nós duas tínhamos perdido o direito de reivindicar, o melhor favor que eu poderia fazer por nós duas era acabar logo com isso.

Pensando assim, abri a porta do carro, respirando fundo e sentindo o ar gelado invadir as minhas roupas e os meus pulmões. Meus passos se aceleraram conforme atravessavam o estacionamento. Os ecos dos coturnos batendo contra o chão me deixavam com a sensação enervante de estar sendo seguida.

Eu olhei por cima dos ombros, verificando cada canto, cada possível esconderijo, e precisei de menos de cinco minutos para perceber que talvez estivesse começando a ficar paranoica.

Fire & BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora