Fire & Blood

Capítulo 14 - A Noite

tt: awnchickens

Ai, ai. Esse capítulo. Botei até uma fotinha para dar a vibe.

***

Novembro, 2018

Lauren

— Você tem certeza? — eu perguntei, olhando para Danielle porque meus ouvidos não conseguiam acreditar no que tinham acabado de escutar.

Ele estava usando o nome de Camila? Pior do que isso, ele tinha escolhido o nome e o sobrenome que ela não usava porque sabia que qualquer pessoa com uma televisão em casa reconheceria o Cabello. Era tudo tão propositalmente pensado que chegava a ser cruel. Como uma brincadeira macabra feita para traumatizar.

Isso me fez pensar no que Olivia tinha falado mais cedo. Na sensação de cada tiro estar saindo de um lugar mais e mais próximo. Quantas pessoas sabiam que Camila não era o primeiro nome de Cabello? Quantas pessoas sabiam que ela tinha outro sobrenome?

Talvez uma pesquisa no Google traria algumas dessas respostas. Mas, ainda assim, a intimidade perversa que ele fazia questão demonstrar com ela deixava a sensação de olhos vigiando no escuro. De uma respiração quente batendo na nuca quando não estávamos olhando para trás.

Ele estava perto o tempo todo e fazia questão que nós sentíssemos isso. Ao mesmo tempo, ele estava sempre inalcançável.

— Tenho. — Danielle entregou o celular nas minhas mãos, apontando para o usuário registrado na conversa.

O ícone do perfil não tinha foto. Eu cliquei na bolinha cinza, abrindo a página do Instagram, mas era uma conta trancada. Só as pessoas que a seguiam conseguiriam ver as postagens. Se é que existisse alguma.

Por um momento, eu esqueci o que tinha perguntando. Então, meus olhos bateram na tela e na mesma hora as palavras digitadas em uma frase me fizeram lembrar.

— Meu Deus — eu sussurrei e senti Camila e Danielle se virando ao mesmo tempo para me encarar. Cabello levantou da cadeira na mesma hora e caminhou até onde eu estava.

— O que? — ela perguntou com a voz trêmula.

Eu ergui os olhos, encontrando Camila pairando em pé em volta de mim. O seu rosto tinha perdido alguns tons de coloração. A sua pele, que normalmente ficava morena com poucas horas no sol, estava pálida. Até os seus lábios pareciam de repente ter perdido a capacidade de circulação.

Eu abaixei a cabeça e fitei o telefone. O endereço no East Village somado ao nome Karla Estrabao soava como uma piada de mau gosto. Por um segundo, a dúvida entre mostrar ou não aquilo para Camila titubeou dentro de mim. Mas ela fazia parte investigação. Ela acabaria descobrindo e eu não podia esconder tudo para sempre. Informação era poder e ela precisava saber nem que fosse para se proteger.

— O que?! — Camila deu um passo atrás quando eu virei a tela, revelando o que tinha me deixado nervosa.

A sua boca paralisou entreaberta enquanto ela processava o que estava lendo. As suas pupilas giraram na minha direção e Cabello sacudiu a cabeça. Se o seu cérebro fosse um computador, ele estaria preso em uma página de pane.

— Esse é o meu endereço. O meu apartamento. Ele mandou entregar o pedido na minha casa?! — a sua voz subiu algumas oitavas, se tornando mais aguda quando ela finalmente entendeu.

Aparentemente, sim. A pergunta de Danielle sobre o endereço de entrega das estatuetas tinha sido respondida, por seja lá quem estivesse no outro lado, com a rua, o bairro e o número do apartamento de Camila.

Eu olhei para ela, ainda presa em algum lugar entre um estado de choque, de raiva e de pânico. Até mesmo eu, que sempre era tão boa em ler as suas reações, estava perdida. As expressões de Camila estavam apontando para vários lugares ao mesmo tempo e parte de mim só queria encerrar aquela entrevista, puxá-la para uma sala vazia e fazer aquilo parar.