XII. A Caçada Alheia

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A expressão de Kieran era de vitória quando ele notou os rostos dos dois guardas ficarem simplesmente aterrorizados ao encararem o anel muito específico em seu dedo. O Cigano, que observava a situação toda sem entender exatamente o que estava acontecendo, tinha a confusão estampada no rosto.

– O que está faz-?

– É verdadeiro?! – um dos guardas se aproximou o suficiente da mão de Kieran para tentar pegar o anel, mas o ladrão afastou a mão.

– Ah-ah-ah. Pode ver, mas não pode tocar.

– Não pode ser real. – o outro guarda, careca, bradou. – O conselheiro jamais daria o selo de família para um soldado qualquer.

– "Soldado qualquer" é ofensivo. – Kieran apontou com o indicador. – Está falando com um dos espiões mais importantes do reino, mostre respeito. Passei um mês em missão com Jort, recebi os dados das missões recentes com a Tinashe. Agora que saí em missão para o Lorde Branimir, vocês estão se colocando no caminho. Claro que eu não posso andar com um passe de Arcallis por aí, seria fácil demais ser pego pelos reinos inimigos.

– Não tente me enganar, forasteiro, você mesmo disse que não sabia o que era o passe!

– Eu disse, não disse? Eu tenho que ser convincente no meu trabalho. – respondeu Kieran, com um sorriso convencido que deixou o guarda com uma expressão ainda mais confusa. – Vai mesmo me fazer perder mais tempo aqui? O Conselheiro está a minha espera.

– Se o Lorde Branimir realmente estiver esperando...

– Se ele não estiver esperando, o comandante vai arrancar as nossas cabeças. – o guarda menor reclamou, Kieran exibiu o anel mais uma vez, numa atitude bem descontraída.

– Ele pode ter forjado o anel.

– Eu não sei se você sabe, mas só existe um selo da família Branimir Ishmerai em Arcallis. E ele pertence ao Conselheiro. – insinuou Kieran. – Agora, ele me deu porque sabia que eu voltaria. O que vai fazer com vocês se eu não for lá devolver, hm?

– Tem certeza de que é o selo dele? – o careca perguntou ao parceiro, ele estreitou os olhos na direção da mão de Kieran.

– Eu acho que... – o guarda encarou o anel com muita atenção. – Só o comandante pode confirmar isso.

Kieran notou como o guarda grande e careca engoliu sonoramente, o que devia indicar algum receio de ter que chamar o comandante. Bom, ao menos ele tinha certeza de que podia se livrar da prisão com o anel, afinal, ele era legítimo.

– O tempo está passando.

Os dois guardas olharam para Kieran em confusão. O ladrão só manteve o sorriso e finalmente, o guarda careca avisou ao parceiro para ficar de olho enquanto ele se resignava a ir chamar o comandante.

– Missão especial para o grande Lorde Branimir Ishmerai, hm? – a voz do Cigano fez com que Kieran se virasse de novo para o fundo da cela. A risada dele foi generosa. – Você sabe que eu posso acabar com essa sua história, não é, Mago?

– Você sabe que eu posso tirar você daqui com ela, não é?

– Pode mesmo? – o outro manteve o sorriso amarelo. – E vai tirar?

– Prometo fazer o meu melhor esforço. – Kieran sorriu convencido.

– Por que eu confiaria em você, Mago? – uma risada desdenhosa escapou aos lábios do Cigano e Kieran se virou totalmente na direção dele. O sorriso antes convencido perdeu um pouco do ímpeto.

– Bom, você não deveria, não é mesmo? – foi a resposta de Kieran, bem a tempo de ouvir a voz do guarda careca invadindo o ambiente de novo.

– É esse aqui que tem o anel, senhor Agus.

O Ladrão dos 13 Corações [Parte II]Onde histórias criam vida. Descubra agora