XIII. O Ladrão dos 13 Corações

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A manhã seguinte foi quase um dejávù para Kieran quando ele acordou por conta de Dargan pulando na cama e dizendo para ele não fazer barulho e evitar acordar Idris. O ladrão só suspirou resignado e deu uma olhada na expressão adormecida do regente, lamentando mentalmente a noite perdida e principalmente, o fato de que estava tão frustrado que não tinha exigido dele uma das respostas. Mas com Dargan pulando em cima dele naquele momento, a única coisa em que Kieran conseguia pensar era que o Conselheiro estava sendo criativo em pensar novos meios de acabar com a sua boa vida no castelo. Bom, já tinha usado o nome dele para se livrar no dia anterior, quem sabe ele descobrisse aquilo algum dia, mas no momento, podia descontar de uma forma mais imediata.

– Já está livre do seu trabalho de guarda, Dargan? – Kieran perguntou ao menino que corria por cima da mesa de madeira da cozinha depois de ter lhe acordado muito cedo e de terem comido o café da manhã.

– Eu já! – ele pulou para sentar de frente para Kieran, em cima da mesa, os pés pequenos balançando sobre o banco de madeira. – O pai Rad chegou e acordou o tio, ele tem que trabalhá. Eu vai trabalhá só depois.

– Ahhh, você é um guarda muito ocupado então. – Kieran riu da disposição infantil e o menino hiperativo só concordou com um aceno de cabeça veemente, acompanhado o movimento dos pezinhos pequenos balançando para fora da mesa. – O que acha de me ajudar nuns trabalhos na cidade? Você gosta de ir na cidade, não gosta?

– Eu vai! Eu gosta da cidade!!!

– Ótimo! Vai ser um ajudante excelente. – o ladrão se levantou depois de terminar o café da manhã.

– O tio Idris vai também? – Dargan ficou de pé em cima da mesa, bem a tempo de Eluned aparecer para dar dois tapas no tampo de madeira.

– O que eu já disse sobre correr em cima da mesa, menino?

– Num pode! – o garoto pulou para um dos bancos que quase tombou com ele, mas ele foi mais rápido em pular do banco antes de cair. – Eu esqueceu!

– Muito bem. – a cozinheira passou a mão no topo da cabeça de cabelos ruivos desalinhados e ele correu até Kieran.

– A gente chama o tio também?!

– Não, o tio está trabalhando com o seu pai, vamos só nós dois.

– Tá! Eu vai! – o garoto concordou mais uma vez, animado, disparando para sair da cozinha antes mesmo de Kieran.

– Vai ser um passeio bemmm divertido, Dargan. – Kieran sorriu satisfeito, acompanhando o garoto para fora da cozinha, só foi interrompido pela presença de Seti que, como sempre, parecia prestes a desmaiar. – Seti, menino, você precisa se cuidar mais, toda vez que te vejo, parece que vai morrer.

– V-você vai levar o Dargan para a cidade? – perguntou Seti, com o resto do espírito que tinha.

– Vou sim, ele vai ser meu ajudante hoje, não é, Dargan?

– Eu vai!

– Bom menino. – Kieran passou a mão no topo da cabeça de fios ruivos.

– O senhor devia... avisar ao Lorde Branimir...

– Ahhh, eu devia, não devia? – Kieran deixou um sorriso enorme e cheio de dentes tomar seus lábios. Ele deu uns tapas firmes no ombro de Seti que pendeu para frente. – Pode deixar comigo, Seti, nem se preocupe.

Se Seti pretendia responder, ele não teve tempo além de engolir em seco, quando Kieran só instigou ainda mais a animação de Dargan e o menino saiu correndo disparado para fora do castelo. Ao menos a biblioteca e o quarto de Idris não ficavam no caminho, então os locais prováveis em que o Conselheiro estava eram distantes.

O Ladrão dos 13 Corações [Parte II]Onde histórias criam vida. Descubra agora