Capítulo 07.

28.2K 2.3K 540
                                    

Leo.

Passei a maior parte do dia rastreando um leão da montanha que está doente e assustado, precisando ser medicado, tinha de ser eu a fazer, pois sou o único que ele deixa se aproximar, muitas vezes eu me sinto mais a vontade com os animais do que com minha própria espécie, mas a verdade é que eu não sou como nenhum dos dois, me sinto sozinho na maior parte do tempo, sinto os olhares de curiosidade, pena ou até receio vindo da maioria, por isso prefiro a solidão na maioria das vezes.

Estava perto de casa quando um barulho chegou aos meus ouvidos, era baixo e parecia um choramingo, caminhei na direção do barulho e senti traços de cheiro humano misturado ao cheiro da floresta, só consegui identificar que era uma fêmea, rosnei. "O que um deles faz aqui sem companhia? É perigoso, ela pode se machucar". Me aproximei mais.

O cheiro dela era o mais delicioso que eu se sentira na vida, doce, delicado e feminino, me fez ter vontade de rosnar mais alto, de longe avistei uma figura pequena enrolada sobre si mesma, ela parecia chorar.

Quando me aproximei ela levantou a cabeça me fitando com lindos olhos verdes que pareciam se camuflar com a floresta, eles estavam, tristes, assustados e chorosos, o que me fez ter vontade de toma-la nos braços e a embalar. Vi seus olhos se arregalar quando me olhou e ela se erguer rapidamente, levemente desequilibrada. Seu rosto era delicado, nariz arredondado pequeno, boca pequena bem desenhada rosada e carnuda, seus cabelos tinham belos cachos marrom emoldurando o rosto, seu corpo era pequeno e cheio de curvas, os peitos fartos, cintura fina, quadril largo, coxas grossas, embora linda ela era pequena e parecia frágil demais, mas cada pedaço do seu corpo me chamava, me instigava minha vontade era toma-la pra mim, meu pau ganhou vida dentro da bermuda, tentei ignora-lo dando um passo a frente e eu a vi andando pra trás, parei na mesma hora.

- Calma pequena humana, não vou te machucar. – Uma rajada fraca de vento soprou por ela me trazendo seu cheiro delicioso direto para meu nariz, mas ele estava impregnado pelo cheiro doce do seu medo. – Não precisa ter medo, eu juro que não vou machuca-la. – Falei tentando acalma-la. – O que está fazendo aqui? - Tentei manter a voz suave.

- Me perdi. – Ela falou em um sussurro que quase não dava pra ouvir.

- Tá, você se perdeu, mas por que estava aqui? – Me aproximei um pouco e não senti cheiro de mais ninguém nela, além do seu próprio.

- Eu ... eu estava almoçando .... força tarefa .... muitos ... Eu queria sair de lá... Edgar. – Ela se embolou com as palavras, não consegui entender o que dizia, um soluço saindo de sua boca quando recomeçou a chorar.

Antes que eu pudesse pensar meu instinto falou mais alto e eu me aproximei dela, mas não a toquei, de perto seu cheiro era ainda melhor, mais atrativo. Fechei os olhos controlando um rosnado, mas um ronronar acabou escapando movido por sua proximidade.

- Se acalme. – Toquei seu ombro rapidamente. – O que aconteceu? Você estava no hotel? Quem é Edgar? Seu macho? – Não si porque pensar nisso me deixou com raiva.

- Não,  Deus me livre. – Fez uma careta que me fez rir. – Eu não me sinto muito bem perto de muitos homens, não depois de tudo. – Ela respirou dando mais passo para trás se apoiando em uma árvore. – Está tendo um treinamento da força tarefa hoje. – Eu sabia desse treinamento.

- Algum deles te machucou? – Falei em um rosnado de raiva.

- Não, eu queria tomar um ar, estava me sentindo sufocada, eram muitos. – Ela tirou um cacho do rosto, sua pele parecia tão suave que minha mão quase coçava de vontade de toca-la. – Sai para esperar as meninas do lado de fora, então o Edgar apareceu, me falou umas merdas e eu precisava de distância, estava assustada, então comecei a andar e quando percebi estava perto daqui, eu achei que era perfeito, entrar na Zona Selvagem,  só um pouco sem me distanciar muito, sei que humanos não tem permissão de vir sem escolta. – Ela estava falando sem parar, não parecia nem ao menos tomar ar entre as palavras. – Eu ouvi um barulho e tive medo de ser algum animal selvagem, então eu comecei a andar e acabei por me afastar demais e quando vi estava aqui perdida.- Me olhou nos olhos.

Leo - Uma História Nova Espécie (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora