A Própria Brisa de Inverno

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Notas Iniciais:

Voltei mais cedo!
Espero que gostem do capítulo e tenham uma boa leitura!

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As festas eram enfadonhas

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As festas eram enfadonhas. Sempre foram. Música alta demais, pessoas demais. Não sabia porquê a cada três passos que dava alguém o fazia parar, puxando qualquer assunto aleatório. O fato de terem tantos espíritos de Primavera ali não ajudava em nada, pois eles eram os principais que o paravam.

Tinha conseguido uma folga daquilo ao se sentar no peitorill de uma janela, uma taça de vinho na mão enquanto acompanhava a festa com os olhos. Conseguiu ver Sandy em um canto conversando animadamente com um elfo, e pelo que podia entender dos símbolos, ele era um astrólogo. Se realmente quisesse ter certeza, podia ter apurado sua audição, mas estava com preguiça para isso. Norte, como o bom anfitrião que era, estava recepcionando um grupo grande de guerreiros, que conversavam alto e riam muito a ponto de se tornar doloroso para as orelhas sensíveis de Bunny. Tooth tinha encontrado algumas fadas do Sul, com quem falava com atenção. Ela era a única entre os Guardiões que levava a sério a regra das máscaras, mas todos estavam em trajes de gala. Ou o equivalente a eles.

Norte vestia uma capa longa sobre as roupas vermelhas, uma versão sofisticada do traje de Papai Noel, já que teria que assumir esse posto nas próximas horas. Sandy vestia uma túnica dourada, ornamentada com sua areia mágica. Tooth estava em um vestido de gala nos tons de suas penas, descendo como cascatas até o chão, sua máscara acompanhando as mesmas cores, com penas nas laterias. Suas asas a impediam de vestir uma capa, mas ela ainda parecia magnífica sem ela.

Já Bunny, que apesar de desdenhar das regras de vestimenta da festa tentava respeitá-las, deixou de lado sua bandoleira e demais adereços do dia-a-dia, optando por um colete verde-musgo com botões dourados, e uma capa de um verde mais forte, odiando como aquela coisa prendia em seus pés sempre que tentava andar mais rápido, ou quando prendia nos pés das outras pessoas sempre passava pela multidão. Estava prestes a arrancar aquela coisa de seus ombros quando o viu passar ali perto.

Só podia ser ele.

É claro que tentou negar a si mesmo que prestava atenção em cada pessoa que entrava, esperando que em algum momento o Guardião da Alegria passasse por aquelas portas. Algo lhe dizia que ele não viria, mas ele não era Guardião da Esperança á toa. E quando sentiu aquela brisa fria, aquele cheiro de neve que só alguém com um nariz muito apurado podia sentir, sabia que era Jack. Tinha que ser ele, já que nunca tinha visto outro espírito de inverno nessas festas.

E por Manny, ele não devia sentir todas aquelas emoções enquanto a porra do garoto entrava. Nem perder o fôlego enquanto notava o quão perfeito ele estava. Ele ainda era a droga de um artista, sabia que todos aqueles tons de azul destacam o tom único dos olhos de Jack, e que aquela calça e colete justos entalhava os contornos dele de uma forma que não devia trazer as sensações que estava trazendo para o Pooka.

O capuz escondia a maior parte das madeixas prata dele, mas deixava a máscara de gelo um pouco à mostra, assim como aqueles olhos brilhantes. Bunny já havia dito que eles eram azuis tão lindos?

Ele parecia perdido. Estava atraindo muita atenção sobre si e Jack parecia desconfortável com tanta gente o olhando e falando sobre ele. O próprio Coelho da Páscoa não conseguia tirar os olhos da figura que andava como um anjo, a capa esvoaçante dando a entender que ele era a própria brisa de inverno, congelando todos em seus lugares para observarem sua perfeição enquanto nadava em passos incertos para qualquer lugar.

E seus olhos errantes caíram sobre Bunny.

Ele era um maldito coelho de sorte por ter aquele azul sobre ele enquanto Jack se aproximava hesitante até onde estava, se sentando ao lado dele depois de ajeitar a capa.

-- Curtindo a festa, Peter Cottontail? -- Ele perguntou com um sorriso torto.

E Bunny se amaldiçoou. Se amaldiçoou por prestar atenção em cada detalhe. Em cada pequeno floco de neve bordado, em cada linha curvada dos arabescos esculpidos no gelo da máscara. A forma como os tons de azul cantavam entre si, e a maldita fita do mesmo celeste do colete presa frouxamente em um laço sobre o pescoço de Jack, pescoço esse que estava coberto por uma leve geada que começava em suas maçãs do rosto, um rubor de inverno após a análise detalhada de Bunny.

Ele é quem devia estar envergonhado. Mas não conseguia se impedir de continuar encarando o garoto, suas patas coçando para pintá-lo sob todas as luzes possíveis.

-- Não tanto. -- Ele respondeu por fim, depois de minutos de silêncio apreciativo da parte dele e desconfortável para Jack. -- Norte não está liberando álcool o suficiente dessa vez, depois da briga da última festa. Esses vinhos parecem água.

-- Por quê tenho a sensação de que você estava envolvido nessa briga, Canguru? -- O olhar divertido dele era glorioso, assim como aquela covinha no lado direito do rosto, acentuada pelo sorriso de lado. Talvez Bunny estivesse errado e realmente tivesse álcool nessa coisa, porque não haviam razões lógicas para apreciar tanto o garoto.

O coelho resolveu ignorar aquelas sensações e dar de ombros, bebendo um pouco mais de vinho. Ele não podia contar como a briga começara já que ele mesmo não lembrava, mas sabia que aquele espírito equatorial estava mais do que nocauteado quando Norte o puxou de cima dele.

Eles permaneceram naquele silêncio desconfortável por um bom tempo, Bunny preferindo encarar a multidão do que focar em Jack, até que um velho espírito da floresta o chamou, e o coelho não pode deixar de aproveitar a chance de conversar com o ancião depois de quase um milênio sem vê-lo.

Bunny não sabia se estava aliviado por se afastar de Jack ou chateado pela recusa dele enquanto se aproximava do outro amigo, vendo o platinado sumir enquanto entrava na multidão.

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Notas Finais:

Agradeço a leitura!
Até breve!

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