Conforme as coisas se acalmam depois do confronto com Breu, Jack tem tempo para reavaliar seus poderes.
Reavaliar sua vida, e qual o sentido dela.
Enquanto isso, uma nova ameaça desponta do horizonte, prometendo a ruína dos Guardiões de dentro para...
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Ele precisava buscar as coisas dele antes de ir para o Warren, depois que o café da manhã de Natal do Papai Noel, e Bunny fez questão de acompanhá-lo até o lago e esperá-lo lá. Não podia confiar em deixá-lo sozinho tão perto do covil do Pitch, não depois de suspeitar que aquele maluco estava interessado nele, não depois de saber que ele estava na droga do período fértil e que qualquer um podia ficar afetado e machucá-lo.
O garoto demorou um pouco, mas logo saiu de trás da árvore com um baú. Parecia pesado entre os braços dele, cobrindo seu rosto enquanto ele caminhava. Bunny não entendeu porque ele não usou o Vento para carregá-lo, mas notou logo em seguida que Jack não carregava o cajado, então atribuiu isso como causa.
-- É só isso? -- Perguntou ao segurar o baú embaixo de um dos braços, se preparando para abrir o túnel enquanto o garoto foi buscar o cajado. Não era pesado para ele, mas devia ser para alguém pequeno como Jack. Ainda assim, parecia tão pouco para alguém que passou mais de trezentos anos por aí.
-- É. -- Ele deu de ombros, se apoiando no cajado. -- Encare isso de maneira positiva. Eu não vou ocupar muito espaço. -- Ele deu uma risadinha sem graça.
Pensou em inteirar outra vez que ele não estava incomodando de modo nenhum, mas resolveu ir logo para casa e demonstrar isso na prática. Abriu o túnel com um pouco mais de magia adicional, deixando o baú de Jack deslizar sozinho, protegido por vinhas, enquanto próprio Bunny corria por eles, Jack voando logo atrás.
Assim que chegaram, Aster pegou outra vez as coisas de Jack, entrando em casa e a guardando no quarto em que ele ficara da última vez, logo voltando para onde deixara o garoto.
Jack permanecia onde o deixara. Pés no chão e mãos dentro do bolso do casaco. Parado exatamente no mesmo lugar em que o viu antes de entrar.
-- Você pode andar por aí, sabe? -- Suspirou ao falar. -- Só não congele demais as coisas.
Ele viu Jack se virar com cuidado, olhando em volta e andando calmamente até uma das trilhas, se inclinando para olhar uma das flores de perto, mas sem tirar as mãos do bolso. Seus pés pisaram na grama, o pooka pegando a forma como seus dedos pequeninos se abriam e fechavam para a nova sensação. Bunny adorava como a grama ali era perfeita e macia para um soneca, e esperava que seu mais novo convidado também gostasse.
Ele combinava com o lugar. Se deu conta ao sentar sobre a relva para pintar alguns ovos. Ele era um pontinho prata e azul no meio do verde. O céu mágico dali não tinha nuvens, então seria interessante ver Jack voar por ali.
Isso sem falar no perfume dele, que mesmo entre as flores do Warren ainda era perceptível como de Jack. Mesmo com a distância que impôs entre eles, ainda podia senti-lo, fluindo do espírito em ondas frescas, e nem mesmo o mais elaborado padrão de pintura conseguia distraí-lo completamente.
Pelo resto da tarde, o Guardião da Alegria caminhou de um lado para o outro, vendo as flores de perto e evitando pisar nas manchas de terra nua, e mais uma vez Bunny notou como ele nunca o fazia em nenhum outro lugar.
Jack Frost era como a brisa, leve, fresco e aéreo. Nunca tinha o visto mais de meros segundos com os pés no chão, seja na Oficina do Norte, na cidade com as crianças ou até mesmo durante a batalha contra o Breu. O único lugar que ele o fazia, e que Bunny pouco viu, já que quase não o visitava, era na beira do lago de Jack ou sobre ele.
E ali, desde a vez em que esteve doente e agora. Vê-lo caminhar por ali era novo, e apenas uma e outra vez ele levantou voo. Os passos dele eram um pouco trêmulos, como se não o fizesse com frequência, como um kit que aprendia a andar.
Em algum momento perto do fim do dia, ele se sentou ao lado dele, apoiando a cabeça de lado nos joelhos que prendera juntos com os braços, o olhando pintar com uma calma que Bunny não estava acostumado a associar a imagem sempre inquieta do Guardião.
Silencioso, parado e curioso.
-- Está com fome? -- Bunny perguntou, terminando outro ovo com pressa quando a brisa soprou contra eles. Mesmo bloqueando a respiração o cheiro o atingiu em cheio, fazendo suas mãos tremerem com o esforço para não fazer nada a respeito. -- Tome um banho enquanto preparo algo para o jantar.
-- Eu não lembro o caminho para o quarto. -- Jack disse por fim, depois de olhar para a toca de Bunny.
-- Passe pela cozinha que encontrará a edícula onde ficou na última vez. O quarto de hóspedes é depois da sala.
-- Certo. -- Jack conformou, antes de se levantar e retirar um pouco da grama da roupa, indo até a porta e sumindo de vista.
O perfume ficou por um tempo, e com o canto dos olhos Bunny pode acompanhar a aura que cercava Jack enquanto ele entrava na Toca.
No que eu me meti? Se perguntou, esperando com cuidado algum tempo passar para então entrar.
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Notas Finais:
Kit é um termo muito usado nas fics JackRabbit que li em inglês que Bunny usa para se referir a filhotes/crianças. Resolvi usar porque acho o termo muito fofinho!
