- Capítulo 1

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A camisa social branca, perfeitamente passada, estava pendurada na porta do armário, pronta para ser usada. Louis, ao encara-lá — juntamente com o blazer azul marinho com listras vermelhas e o brasão do colégio — com mais um revirar de olhos, se perguntou, outra vez, como sua opinião havia mudado. Aliás... ele se perguntou porque o colégio tinha duas opções de cores pro uniforme: azul marinho ou cinza. Pra que isso, gente? É desfile de moda? Lutou com todas as suas forças para não fazer uma pesquisa sequer sobre o novo local onde estudaria, recorrendo ao elemento surpresa, sem ao menos saber o motivo de sua relutância.

Vestiu o uniforme, suspirando várias e várias vezes durante o processo. Pelo amor de Deus, uma gravata? Que porra! Vou apenas estudar ou conhecer o presidente? Mas, como diria sua mãe... "essa roupa é extremamente chique, garoto, pare de reclamar e note o quanto você ficou uma graça!" o que só fez Louis resmungar mais e Lottie e as gêmeas rirem.

Duas batidas na porta acordam o garoto. Era isso, então... chegou a hora.

— Você está uma graça, Boo! — diz Johannah encostada no batente.

— Vai começar a chorar, dona Jay? — provoca.

— Você é um chato! — dá um tapa no braço dele. — Anda logo e venha comer, Derek em dez minutos estará aqui! Já estou saindo e levando as meninas, okay? Vou pegar um plantão hoje, então deixei dinheiro no balcão. Vou mandar Lottie trancar tudo enquanto você não chega, e nada de saídas essa semana, rapaz. É sério!

— Respira, mulher — fala empurrando-a até a cozinha. — Não se preocupe, mãe.

— Boa sorte no primeiro dia, meu amor — deixa um demorado beijo na bochecha do filho. — Vamos, garotas! — faz sinal para as gêmeas, que saem correndo até a porta também desejando um bom primeiro dia ao irmão mais velho. — Faça algum amigo, Zangado rabugento! — grita do corredor.

— Ela tem razão — diz Lottie, concentrada em sua tigela com cereais.

— Vai me dizer que preciso fazer amigos também? A mamãe falou isso pelo menos umas sete vezes essa semana! — senta na cadeira ao lado da irmã.

— Não... você é rabugento! — Louis joga um pedaço de torrada nela. — Mas ela também está certa quando diz que você ficou gato nesse uniforme!

— Eu realmente não acredito nisso — leva uma mão até o rosto, escondendo os olhos. — Lottie, você me elogiou! — finge chorar.

— Você é ridículo — revira os olhos.

Em dez minutos contados, Derek chega para buscá-los.


Harry precisou de uma hora inteira para se arrumar e tomar café da manhã — sozinho, mais uma vez — antes de entrar em seu carro e dirigir animadamente até o colégio.

Vejam... Anne, sua mãe, é uma mulher bastante carinhosa até, mas extremamente ocupada e focada no trabalho. Des, seu pai, era pior ainda. Então, o garoto vivia praticamente sozinho o tempo inteiro naquela imensa casa, tendo algumas vezes a companhia de Rose, a empregada que estava com eles desde que Gemma — irmã três anos mais velha de Harry — tinha dois anos. Rose, já em seus quarenta anos, viu os irmãos Styles crescerem e cuidou dos dois quase com tanto puxão de orelha e brigas quanto os seus pais. É uma mulher baixinha, um metro e cinquenta e cinco de altura, magra porém forte, tem cabelos loiros bem claro, quase brancos, olhos cor de mel bem clarinhos, ruguinhas que ficavam bem evidentes toda vez que sorria e pintinhas rosas bem clarinhas e pequenininhas nas maçãs do rosto — Harry sempre as achou adoráveis.

É um pouco engraçado e trágico falar sobre essa família, pois Harry é completamente louco pela irmã, mas essa se mudou pra Nova York há dois anos já, pra viver a própria vida, e quase nunca está na presença dos pais — que já se tornaram quase pessoas desconhecidas pro garoto. Não é como se ele reclamasse; fazia o que queria na hora em que queria, não tinha ninguém pra encher o seu saco — não contando com Rose, é claro — e sempre levava alguns amigos pra casa. É... ele tinha uma vida muito boa.

Hiraeth - LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora