São Paulo, 1890
Sarah Virgos admirava seu vestido dourado com rendas e pedrarias, no espelho. Era muito brilhante e luxuoso, mas não chegava aos pés do luxo de seu quarto, que comportava inúmeros móveis franceses e um papel de parede rosa salmão vindo diretamente da Suíça. As paredes combinavam perfeitamente com as pinturas florais do teto, feito de gesso branco, o qual suportava as cortinas brancas de renda irlandesa que decoravam as duas janelas, separadas pela cama.
No centro, ficava uma cama de solteiro, feita de madeira jacarandá e que possuía uma cabeceira estofada de rosa, com detalhes dourados. Apesar de ser individual, a cama era grande o suficiente para conceder uma boa noite de sono a Sarah, mas por as vezes ter insônia, a única coisa que a fazia dormir era ler um livro, que ficava na mesa de cabeceira, logo ao lado da cama. No meio desta, preso no teto, ficava um lustre de cristal, onde as velas acesas refletiam uma luz amarela que aquecia a pele branca da jovem e trazia um aspecto dourado aos seus cabelos castanhos claro, quase loiros.
Sarah não sabia por quanto tempo ainda viveria em todo aquele luxo, pois depois da crise que atingiu as fazendas de café de seu pai, a renomada família Virgos se atolou em dívidas e seu pai adoeceu e acabou falecendo, o que piorou ainda mais a situação dela, de sua mãe e seu tio solteiro. Então, era melhor que aproveitasse tudo que ainda estava disposto à ela.
- Sarah! - sua mãe gritou do andar de baixo a fazendo despertar dos pensamentos.
Ela desceu as escadas de mármore cobertas por um tapete rosé e já conseguiu ouvir as reclamações de sua mãe por conta do atraso dela.
- Mas que demora! Assim chegaremos ao baile quando terminar. - disse a senhora Virgos abrindo seu leque azul e destacando seus olhos verdes.
- Celinha, não exagere! - respondeu Arthuro empurrando levemente as costas da irmã para direcioná-la para fora.
- Isso, meu tio. Se deixarmos minha mãe falando, nunca saíremos daqui.
Sarah e Arthuro tinha uma relação muito boa e até mesmo divertida. Ele não apoiava as loucuras da irmã, que só sabia falar sobre casar a filha o mais rápido possível com algum homem rico que pudesse tirar a família da lama.
Arthuro era um solteirão. Quando jovem era um
homem mais bonito, mas com o passar do tempo, acabou engordando e perdendo os cabelos, o que fez com que muitas mulheres se recusassem a ter algo com ele. Mas ainda assim, era um homem muito bom e inteligente, que até ajudava o pai de Sarah nos negócios, porém logo que o grande empresário faleceu, Célia não deixou que seu irmão assumisse as dívidas e então essa condição fez com que ele permanecesse solteiro. Entretanto, Arthuro estava apaixonado por uma mulher dócil e delicada que aos poucos retribuía com o sentimento.Então, os três esperaram a carruagem no jardim e partiram para o baile mais esperado de São Paulo. Sarah tinha esperanças de conseguir esquecer seus problemas nessa festa e quem sabe, encontrar seu par ideal...
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A noiva falida
RomanceDepois da morte de seu pai e a ascensão da República Brasileira, Sarah e sua mãe se encontram falidas e precisam arranjar um jeito de continuarem no círculo social de São Paulo. Ao escapar de um casamento arranjado por Célia, sua mãe, Sarah terá que...