손 𓍢 ★̶̲ . episode 𝗍𝗐𝖾𝗇𝗍𝗒 𝗌𝗂𝗑

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𝐋𝐄𝐗𝐈𝐄 𝐋𝐄𝐁𝐋𝐀𝐍𝐂𝗹𝗼𝘀 𝗮𝗻𝗴𝗲𝗹𝗲𝘀

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𝐋𝐄𝐗𝐈𝐄 𝐋𝐄𝐁𝐋𝐀𝐍𝐂
𝗹𝗼𝘀 𝗮𝗻𝗴𝗲𝗹𝗲𝘀

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Estava anoitecendo. Eu estava completamente hipnotizada pela cor alaranjada do céu enquanto o sol ia embora. Neste exato momento, eu estava voltando de uma entrevista de emprego para ser uma recepcionista de um consultório de odontologia. Enquanto o escritório de advocacia não respondia minha candidatura, eu precisava fazer algo para me virar sozinha. Eu não queria de forma alguma viver apenas da herança da mamãe e do pouco dinheiro que o papai manda pra mim. Não tem nada melhor do que ser independente. 

Senti o vento fresco bater contra o meu rosto e vi que o relógio marcava 18:00. Meu dia tinha sido cansativo. Acordei cedo para essa entrevista e ainda fiz milhares de coisas na rua. Nunca pensei que a vida de uma garota de 21 anos seria tão agitada.

Parei em uma praça que havia por ali e me sentei num banco qualquer. Tomei um gole da minha garrafa d'água enquanto observava o movimento. Vi algumas crianças brincando no pequeno playground que havia ali e logo lembrei de quando eu tinha essa idade. Minha única preocupação era chegar em casa à tempo da escola para poder ajudar a mamãe a fazer muffins para o lanche da tarde. Lembro que minha maior alegria era isso. Passar um tempo com a mamãe. 

Sinto muita falta dela. 

Respiro fundo e encosto meu queixo na palma da mão enquanto continuo a observar a praça até que, para a minha surpresa, aquela jaqueta preta que não enganava ninguém abrigava braços fortes de alguém caminhando despreocupadamente por ali.

Vinnie se dirigiu até uma vendinha que havia ali e comprou um sanduíche de sorvete. O encarei com cautela e percebi que seu maxilar estava tenso. Parecia nervoso ou estressado com alguma coisa. O que será que era?  De imediato, lembro da pequena "discussão" que nós tivemos. Suspiro ao lembrar que havia chateado ele. 

Era tudo muito confuso. Todos os homens que apareceram na minha vida foram extremamente tóxicos e escrotos comigo. Isso me gerou um trauma e desconfiança muito grande. Mas, Vinnie parecia não ser assim, mas do mesmo jeito, eu não confiava nele. Era um homem. Capaz de qualquer coisa e eu não estava afim de pagar pra ver.

Enquanto via Vinnie se encostar na parede e comer o seu sanduíche, percorri meus olhos sobre o mesmo. Seu semblante estava cansado. Parecia exausto com suas pálpebras pesadas. Isso me deu um pouco de dó, pois ele normalmente é sempre muito eclético e "animado". 

Meu transe foi cortado quando percebi que eu já não estava mais o encarando sozinha, pois seu olhar também estava vidrado ao meu. Ele tinha um semblante sério e aquilo talvez me desse um pouco de medo, se seu bigode não estivesse branco por conta do sorvete. Eu ri fraco e ele pareceu não entender, pois me olhou com o olhar confuso. Apontei para o meu buço e passei o dedo sobre o mesmo, indicando que o dele estava sujo. Vinnie encostou os dedos na região abaixo de seu nariz e logo notou que estava sujo de sorvete. Eu ri quando vi a cara que o mesmo fez. E, como uma das primeiras vezes, ele riu pra mim de volta. São pouquíssimas vezes que eu vejo esse homem sorrir de verdade e, talvez, significasse alguma coisa pra mim.

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