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𝐋𝐄𝐗𝐈𝐄 𝐋𝐄𝐁𝐋𝐀𝐍𝐂 𝗹𝗼𝘀 𝗮𝗻𝗴𝗲𝗹𝗲𝘀
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9º MÊS
Minhas costas doem como nunca. Carregar o peso dessa criança é a mesma coisa que levar uma bolsa cheia de concreto. O tamanho da minha barriga que fale. Tinha medo que minha filha já nascesse com dez anos de idade.
Eu aperto o casaco contra meu corpo e esfrego minhas mãos uma contra a outra. Hoje, estava especialmente frio. Por algum motivo, me deu vontade de dar uma volta e meus guarda-costas dos últimos tempos tiveram que me acompanhar, já que não se nega nada para uma mulher grávida.
— Só você mesmo pra me tirar das minhas cobertas. — Ouço Lindsay reclamar e eu rio baixo.
— Por que está de óculos escuros mesmo? — Pergunto, vendo minha amiga que tinha um coque em seus cabelos cacheados e óculos redondos pretos que tapavam seus olhos.
— Não quero nem tocar nesse assunto. Me dá nervoso. — Assim que recebo sua resposta, já levanto as mãos sinalizando rendição. Não era muito difícil adivinhar que ela estava de ressaca.
Vinnie estava ali, mas em alguns momentos, eu até esquecia da sua presença pelo falo de ele estar em silêncio absoluto. O que não é muita surpresa, já que ele nunca foi de falar muito, apenas quando o necessário. Apesar de que, desde que soube que eu estava grávida, sempre tentou ao máximo se manter presente e estava praticamente morando lá em casa. Nós nunca voltamos a ter a mesma intimidade que antes, claro. Desde do dia que eu dei um chega pra lá nele, ele me respeita e não ultrapassa mais os limites. Não bato palmas por sua atitude, pois não estava fazendo mais que sua obrigação. De qualquer forma, ele parecia pensativo.
— Ei — Tento chamar sua atenção. Falho. — Vinnie.
Ele tira seus olhos do chão e me encara, balançando a cabeça como se afastasse os pensamentos que o impediam de prestar atenção na realidade.
— Sim?
— Está tudo bem? — O olho.
— Sim, claro. — Ele volta à fitar o chão.
— Tem certeza? — Insisto.
— Está se preocupando comigo? — Um sorriso nasce no canto do seu rosto e eu franzo o cenho.
— Sim? — Ele levanta uma sobrancelha. — Quer dizer... somos amigos, não somos?
— Somos? — Eu paro de andar. — Sei lá, Lexie. Você anda tão distante.
— Eu ando distante? — Pergunto incrédula. — Você que parece que está sempre aéreo. Não entendo no que você tanto pensa.
Após minha fala, ele permanece em silêncio. Eu respiro fundo e respeito seu espaço, me permitindo sair um pouco de perto dele e andar mais ao lado de Lindsay.
