Ela É A Mirena

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O amanhã não é prometido para os amantes. Vlad recordou do que seu amigo Edgar disse há séculos atrás quando ele decidiu contar sobre Mirena.

- Você estava errado, Edgar. - Vlad sussurrou enquanto assistia Natasha ao seu lado.

Ela dormia docemente ao lado de Vlad como se ele fosse um refúgio para a sua dor. Mas Natasha nao fazia ideia de que ele era capaz machucá-la e secar todas as veias dela.

Vlad sentou-se na poltrona de couro que ficava se frente para a cama e assistiu ema adormecida sobre o colchão. Ele virou-se para a janela e assistiu o nascer do sol, enquanto os raios solares começavam a iluminar o quarto. Antes que Natasha abrisse os olhos, o vampiro fechou as persianas e as cortinas escuras.

Vlad havia acabado de preparar o café quando virou-se e assistiu ela encostada no umbral da entrada da cozinha com os braços cruzados.

- Bom dia. - ele sussurrou enquanto colocava as xícaras sobre a mesa.

Natasha notou uma escuridão nas íris escuras dele. Ela assistiu Vlad virar-se de costas para fazer algo na pia. A jovem aproximou-se silenciosamente e envolveu seus braços em volta da cintura deel.

Eu preciso me recompor. Vlad disse para si mesmo enquanto sentia seu cérebro dividir-se em quatro partes e uma fraqueza espalhar-se lentamente pelo seu corpo.

- Agora é voce quem parece triste. - disse Natasha. - Deixe-me vê-lo por inteiro? - perguntou.

Vlad sentiu ela depositar um beijo no meio de suas costas e apertá-lo em seu abraço. Se Natasha soubesse o que aconteceu da última vez em que sua alma presenciou o lado escuro dele. A jovem entenderia o verdadeiro significado de quando dizem que todos possuem um demônio no próprio interior.

- Não é nada que deva se preocupar. - ele disse virando-se para olhá-la. - Vamos tomar café? - perguntou.

Ela assentiu.

Após terminarem o café da manhã Natasha pegou suas coisas enquanto ele chamava um táxi para levá-la em casa. Quando o motorista estacionou o carro em frente a residência de Vlad, o vampiro assistiu ela descer os degraus da escada.

- O táxi esta esperando por você.

Natasha aproximou-se do vampiro e o beijou apaixonadamente. Vlad lembrou-se que nao poderia sair na luz do dia, então disse:

- Eu não vou poder levá-la até o...

- Tudo bem. - ela o interrompeu. - Você ja faz muito por mim. - acrescentou.

Vlad a puxou para um abraço e depositou um beijo na testa dela. Eu queria poder fazer muito mais. Pensou ele enquanto acariciava o cabelo louro da jovem.

Na medida que Natasha caminhava em direção à porta da frente, ele recuava os passos em direção a cozinha. No mesmo instante em que ela abriu a porta e virou-se para olhar o rosto de Vlad mais uma vez, notou que ele havia desaparecido da sala.

Vlad estava lavando a louça suja quando sentiu uma dor intesa surgir em seu peito o fazendo cair. Ele não conseguia ficar de pé, então arrastou-se pelo chão da cozinha.

- Olá, Vlad. - sussurrou o demônio.

Vlad não tinha tempo para conversar com aquele ser não-humano, então continuou arrastando seu corpo pesado pelo degraus da escada.

- Eu sei que dói. - disse o demônio. - O que achava que a comida humana faria com você? - perguntou.

O demônio acompanhou ele rastejar o corpo até o último quarto do segundo andar. Vlad abriu o mini frigobar e retirou uma bolsa de sangue do tipo O positivo. O vampiro cravou os dentes no plastico e bebeu todo o líquido vermelho.

Quando ele terminou de beber todo o sangue daquela bolsa de plástico a jogou no chão e apoiou suas costas na parede. O demônio pegou a embalagem seca e percebeu que Vlad estava alimentando-se de sangue clonado.

- Pensei que era sangue animal. - sussurrou. - Parece que os humanos estão evoluindo suas mentes insanas. - concluiu.

- Antigamente era sangue sintético. - ele fez uma pausa. - Mas eu tenho minhas formas de conseguir mais. - acrescentou.

- Não teme que ela olhe isso aqui? - perguntou curioso.

Vlad tinha muito mais esconder da jovem além de mencionar que era um vampiro. Ele precisava proteger Natasha da verdade que a faria amá-lo menos e a condenaria a morte.

- Um dia ela me conheceu por inteiro. - afirmou Vlad.

- Mirena conheceu você. - disse o demônio. - A Natasha...

- Ela é a Mirena. - Vlad o interrompeu. - Só esta mudada. - acrescentou.

O demônio aproximou-se do vampiro ajoelhou-se na frente dele. Vlad assistiu ele colocar a mão sobre seu ombro e dizer:

- Faz parte da maldição dela.

Vlad levantou-se do chão e pegou a bolsa de sangue que estava seca para jogar no lixo. Quando retornou ao quarto para limpar o sangue, ele assistiu o demônio afastar a cortina para olhar o céu.

- O que está fazendo? - Vlad perguntou enquanto abaixava-se para limpar o chão.

- Verificando se o sol ainda está aparcendo. - respondeu.

No decorrer do dia, Vlad ficou corrigindo alguns trabalhos dos alunos da escola e procurando um novo tema para a próxima aula. Ele assistiu o demônio sentar-se a sua frente o observando como se quisesse dizer algo.

- Se está tão cansado por que não desiste?

- Você não tem mais o que fazer nao? - perguntou Vlad. - Como presenciar as mortes humanas? - acrescentou.

- Isto é função de Azrael. - respondeu. - Eu sou a fera que lhe concedeu a imortalidade, Drácula . - concluiu.

- Não me chama assim.

O demônio assistiu por horas o semblante pensativo do vampiro em frente a tela do notebook.

- Se todos os sonetos fossem canções ainda seria menos insuportável do que ficar observando você desperdiçar a eternidade. - comentou o demônio.

Vlad repassou a fala de Baltazar para rebater de volta e acaba encontrando uma forma de deixar a Mirena se revelar no corpo de Natasha.

- É isso. - sussurrou. - Sonetos. - acrescentou.

Agora mesmo que ele vai retroceder os séculos. Pensou o demônio enquanto revirava os olhos.

Vlad começou a digitar rapidamente no notebook sem notar que o Baltazar ja havia se desvanecido. Quando o vampiro olhou para a cadeira onde aquele ser se encontrava suspirou de alívio por ele ter ido embora.

Vlad pretendia aplicar uma nova forma da turma expressar seus sentimentos e assim saberia o que ela sentia. Ele precisava conhecer o quão Natasha ainda estava conectada ao passado ou entender quais vestígios do pretérito ainda habitavam nela.

Novamente ele recordou-se de ter passado a noite ao lado de Natasha e sentir a respiração da jovem contra seu peito. Cada beijo e cada toque que ela provocava em Vlad não era o suficiente para fazê-lo respirar o amor que ela transmitia de seus lábios.

Vlad não poderia bancar a vítima se a alma de Mirena guardasse rancor, porque fora ele quem a condenou a reencarnação daquele amor. Ela era a Natasha e o vampiro era o portador da maldição que os condenava se apaixonar a cada morte dela.

Drácula - Soneto Da Morte Onde histórias criam vida. Descubra agora