Vivendo Em Círculos

55 6 15
                                    

Naquela noite o céu estava parcialmente estrelado e com poucas nuvens que variavam do tom branco ao violeta. As ruas continuavam completamente vazias, enquanto a madrugada se aproximava rapidamente.

Fora um dia cansativo para Natasha, e talvez, uma boa noite de sono a faria acordar disposta. Mas ela virava para todos os lados da cama, enquanto névoas densas devoravam todo o seu cérebro e adentravam em seu sonho.

- Já resistimos ha tantas tempestades, nós podemos sobreviver a este temporal.

Era Vlad.

Ele estava pé sobre uma ponte de madeira e falava com uma mulher de cabelo comprido, loiro e cacheado. Os fios permaneciam preso em uma trança meio frouxa e a conversa entre eles parecia tensa.

- Por breves momentos. - ela disse acariciando o rosto dele. - Eu te amei mais que tudo nessa vida. - acrescentou.

Natasha abriu seus olhos assustada com aquele sonho que pareceu tão real e por alguns segundos, ela imaginou que pudesse ser Mirena. A loura levantou-se da cama e caminhou em direção a janela.

Natasha fechou os olhos por breves segundos e fora tempo suficiente para a imagem de Mirena surgir em sua mente acompanhada por um sussurro:

- Olá, velha amiga.

Ela abriu os olhos e observou a escuridão se instalar em todo o seu quarto. Não havia outra pessoa além da própria Natasha naquele recinto e ainda era possível que aquele voz feminina sussurrasse no fundo de sua mente:

- Eu vim falar com você novamente.

Isso é coisa da sua cabeça, Naty. Ela disse para si mesma enquanto tentava evitar que a visão de Mirena continuasse rastejando suavemente pelo seu cérebro. Mas Natasha nunca conseguiria livrar-se daquele fantasma, porque o passado plantou suas sementes enquanto a nova vida era gerada no silêncio.

Natasha nunca esteve sozinha, porque até mesmo em seus sonhos inquietos e pesadelos conturbados o fantasma permanecia ao seu lado. Mirena sempre sussurrava no silêncio da noite e gravava suas lembranças na memória dela.

A perfeição não pode manter sentimento algum vivo. Mais uma vez aquela voz se instalou nas ondas de eletricidade que percorriam cada centímetro do cérebro de Natasha a fazendo perder o sono e talvez, em breve, sua própria sanidade. Ela apenas queria tudo aquilo cessasse como os fogos de artifício após o términos dos primeiro dias de um ano novo.

Era manhã quando o despertador fez Natasha pular da cama com enormes olheiras e o corpo cansado. A noite anterior fora terrível, ela não conseguiu fechar os olhos sem que pudesse ver aquela mulher ou escutar uma voz masculina como se estivesse saindo do mundo dos mortos.

Assim que passou pelos portões de Soneto Lincoln, Natasha avistou sua amiga na fila que vários alunos formavam. Ela havera esquecido que era dia de confusão e poderia mentir mais uma vez ao dizer que  estava bem, mas sua aparência não demosntrava isso.

- Naty. - disse Julie puxando-a para um abraço.

- Bom dia.

- Você não dormiu? - ela fez uma pausa. - Bom, descobrir algo como o que sabemos também me faria perder o sono. - acrescentou.

- Mas você sabe, Julie. - afirmou Natasha.

- Só que eu não fui beijada por um vampiro.

Enquanto a fila caminhava cada vez devagar, Julie segurou a mão de sua amiga e quando a loura levantou os olhos, avistou Vlad saindo de dentro da capela. Um tremor percorreu por todo o corpo de Natasha, em seguida tudo a sua volta começou a girar e o corpo desabou no gramado.

Drácula - Soneto Da Morte Onde histórias criam vida. Descubra agora