Os Primeiros Flocos De Neve

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Era manhã quando Vlad notou que o sol estava escondido atrás da nuvens negras e os primeiros flocos de neve ja caíam sobre as ruas movimentadas. Ele estava com as mãos dentro do bolso de sua calça social no tom escuro e com pés dentro de um par de sapatos italianos.

Vlad assistiu as crianças brincando na rua sob o céu escuro que derramava cristais de gelo pela rua parisiense e o sorriso nos lábios dos jovens que andavam de mãos dadas. Ele virou-se para o lado e notou seu sobretudo e pasta preta lhe esperando para mais uma manhã de trabalho na Soneto Lincoln.

Ao passar pela porta da frente vestindo um sobretudo por cima do colete no tom preto e camisa social lisa de cor branca com a alça de pasta de couro sobre o ombro esquerdo. Vlad inalou a friagem daquela manhã e adentrou no táxi que já lhe esperava na porta de sua casa.

Durante o percurso Vlad notou que que havia um terço pendurado no retrovisor do carro. O motorista percebeu que ele estava com os olhos fixos no rosário, então perguntou:

- O senhor é religioso?

Vlad olhou para o reflexo dos olhos do motorista no espelho do retrovisor e respondeu:

- Houve uma época em que eu fui um homem de fé.

- Uma vez que se descobre a fé, sempre acreditará nele. - ele disse apontando o dedo indicador para cima.

Quando o taxista estacionou o carro em frente a Soneto Lincoln, Vlad entregou o dinheiro da corrida para ele e saiu do carro. Ele esperou o veículo sumir pela avenida movimentada por alunos que adentravam dentro da escola e avistou Natasha descendo do onibus escolar.

Entre os flocos de neve que dançavam pelo ar frio daquela manhã cinza, as íris azuis de Natasha se encontraram com as dele. Vlad assistiu um sorriso se surgir naqueles suaves lábios que ele tocou com sua boca na noite anterior.

As memórias cobriram a mente de Vlad mostrando o quão frio o seu coração se tornou desde o momento que perdeu Mirena. Mas Natasha mostrou a ele que quando o amor sobrevive, dois corações batem por um só e duas almas se unem no silêncio do carmesim.

Vlad poderia ter ficado com qualquer mulher nos tempos em que não podia tê-la em seus braços. Mas ele sabia que mulher alguma teria o cheiro doce do inverno, o olhar apaixonante do verão e o sorriso de criança que Natasha carregava. Era ela, sem dúvidas aquela jovem de dezessete anos era a sua amada Mirena.

O ventou soprou contra a enorme árvore que ficava dentro dos muros de Soneto Lincoln, mas Vlad conseguiu uma pequena parte do carvalho. As folhas foram arrancadas violentamente enquanto a neve caía sobre o chão feito por pedras que se encaixavam perfeitamente como peças de um quebra-cabeças.

Quando ele voltou a olhar para a entrada da escola, Natasha ja não se encontrava no vão dos portões de Soneto Lincoln. Apenas jovens que caminhavam depressa para se protegerem da friagem daquela manhã, Vlad movimentou-se pela rua e passou pelo limiar da escola.

Caminhando sobre o corredor e iluminado. Vlad passou pelas paredes de pintura desbotada onde algumas eram enfeitadas com as imagens dos funcionários que ja morreram ou trabalharam em Soneto Lincoln.

Ao passar pela porta da sala de aula do terceiro ano, ele avistou a turma conversando sobre o baile e quando fechou a porta atrás de si sentiu os olhares dos alunos sobre ele.

- Vejo que estão animados para o baile de inverno. - comentou Vlad enquanto caminhava em direção à sua mesa.

Após repousar sua pasta sobre a mesa, ele retirou o sobretudo e apoio nas costas da cadeira atrás de si.

- Mas lembrem-se que temos um projeto antes do baile. - afirmou.

Vlad caminhou em direção ao quadro negro, pegou um giz branco e virou-se para a turma.

Drácula - Soneto Da Morte Onde histórias criam vida. Descubra agora