CAPITULO ONZE
ela disse que realmente não se importa se tiver que deixar meu lado. porque eu fui feito pra andar sozinho toda a minha vida.
𖥸
— Era brincadeira! — gritou quando Tobias levou as mãos as suas costelas e começou a fazer cócegas ali.
Pietra, que estava sentada no balcão da cozinha, tentava inutilmente afastar as mãos de Tobias de si mas ele a segurava com força. O som de suas risadas ecoava pela casa inteira, e talvez até o corredor, mas nenhum dos dois ligava se estavam incomodando alguém.
O dia havia récem surgido, e os raios que atravessavam a cortina deixavam tudo dourado. Os olhos castanhos de Pietra estavam amarelos, quando Tobias os encontrou. Ele parou de fazer cócegas e os dois se encararam por alguns segundos em silêncio.
Pietra segurou o rosto dele entre as mãos e passou o polegar por sua bochecha, depois pelo lábio inferior. Ele fechou os olhos e aproveitou o toque dela. Os nós de sua mão eram marcados por cicatrizes, mas a ponta dos dedos era macia; e deslizava contra a barba rala de Tobias.
Os lábios de Tobias se curvaram para cima em um pequeno sorriso, e esse foi o momento em que Pietra quebrou aquela distância. A boca dos dois se encaixou perfeitamente, e Pietra estava com gosto de café, como sempre.
Ela enlaçou as pernas ao redor da cintura dele e acariciou seus cabelos. Os dois podiam ficar presos naquele momento pra sempre, em uma realidade perfeita. Mas o gosto que Pietra sentiu quando fechou os olhos a fez estremecer.
Era gosto de sangue.
Pietra abriu os olhos, e de repente não estava mais na casa de Tobias, mas na arena da iniciação. Seus punhos estavam sujos de sangue, e a boca de Tobias também. Na verdade ele inteiro estava coberto de sangue, caído no chão. Quase morto.
— Tobias? — murmurou.
— Você o matou — Amah disse em um tom acusador, ele estava de braços cruzados.
— Não — começou a andar para trás — Isso é um sonho. Eu não o matei.
— Ainda — dessa vez era Eric — Quanto tempo acha que vai levar pra você matar ele também? Assim como nos matou? Como matou todos nós.
— Pietra — era a voz de Tobias.
Ela se voltou para ele com esperança, mas seu corpo continuava sem vida no centro da arena. A voz vinha de outro lugar, como um eco no fundo de sua cabeça.
— Pietra, acorda! — ela abriu os olhos e teve a visão de Tobias, intacto. Vivo — Tem alguém vindo.
Pietra se levantou e cobriu os olhos com a mão esquerda para ver melhor. Havia um carro se aproximando, mas ele não vinha da direção da cidade. Vinha do lado oposto.
— Não é um carro da Amizade — Tris avisou — Quem quer que sejam, não são do povo de Evelyn.
Pietra olhou em volta. Todos estavam de pé, mas ninguém estava em condições de lutar, e não havia lugar para se esconder. O carro se aproximava cada vez mais rápido, e a morena não viu outra opção a não ser esperar e torcer para que ninguém ali quisesse os matar.
Ela pegou sua arma e a destravou. Sabia que não adiantaria muita coisa, mas era o melhor que podia fazer.
A camionete parou a alguns metros de distância e duas pessoas desceram. O motorista era um homem moreno, ele era alto e usava um uniforme preto. A segunda pessoa era uma garota de cabelos loiro-escuros lisos. Ela usava uma roupa azul, e tinha um papel nas mãos. Andava ereta, como um bom membro da Erudição.
— Quem são vocês? — a morena perguntou, sua arma já apontada na direção dos dois estranhos.
— Está tudo bem — o homem falou, ele estava com as mãos levantadas. Sua voz soou familiar, familiar demais.
A mulher desconhecida tirou a arma do coldre e a colocou lentamente no chão. Suas mãos também estavam erguidas.
— Quem são vocês? — repetiu.
— Você me conhece, Pietra — ele falou e ela franziu o cenho.
— Como sabe meu nome?
Quando ele deu mais dois passos, ela percebeu. Ela realmente o conhecia. Mas pensou estar delirando. Seu braço se abaixou lentamente, mais pelo choque do que qualquer coisa.
— Tobias, você também... — ela falou mas sequer conseguiu terminar a frase, e o moreno parecia tão chocado quanto ela.
— Você morreu — Tobias acusou.
— Eu sei que é confuso, mas eu prometo que vamos explicar tudo — ele colocou uma mão para a frente como se estivesse falando com um animal — Esta é a Zoe.
Todos do grupo queriam saber quem aquele homem era, mas ninguém teve coragem de perguntar. Pietra e Tobias pareciam tão chocados com o que estavam vendo que era impossível dizer se estavam tristes ou felizes.
— Trabalhamos em um lugar chamado Departamento Genético, foram eles que me salvaram — o moreno disse.
— Sua mãe, Tris — Zoe começou — Também trabalhava lá. Essa é uma foto dela conosco.
Zoe deixou o papel no chão e se afastou, Tris pegou a foto e a analisou. Ela estava incrédula, e seus olhos foram da foto para Zoe e depois para Pietra que olhou para a imagem por cima do ombro. Era possível ver um grupo de pessoas, entre elas estavam Zoe e Natalie.
— Vimos quando vocês saíram da cidade e viemos busca-los. Imaginamos que a gasolina iria acabar em algum momento, mas vocês não estavam em lugar nenhum. Passamos horas os procurando, agora sei porquê — o homem disse, parecia mais a vontade, porém continuava receoso.
— Eu não acho que devemos ir — Christina murmurou.
— Mas não foi por isso que viemos? Essas são as pessoas que fizeram o video de Edith Prior — Pietra contestou, em outro murmúrio.
Ninguém estava confiante de ir com eles. Mas ao mesmo tempo, eles não acreditavam ter outra opção. O grupo se encaminhou para o carro. Pietra, Tobias e Tris ficaram na parte de trás dessa vez. A ex-líder se encolheu e abraçou as pernas, o choque explicito em seu rosto. Tris estava com o cenho franzido, e Tobias não havia dito nada.
— Quem é ele, afinal? — a loira disse finalmente, como se estivesse segurando o ar esse tempo todo.
— Ele foi nosso instrutor de iniciação — Pietra respondeu — Seu nome é Amah.
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DROWN, convergente³ ✓
FanfictionAs coisas deram muito errado. Com Tris presa, Evelyn liderando Chicago e a necessidade de descobrir o que de fato existe fora daqueles muros, Pietra começa a lidar com uma nova realidade: a de que não tem o controle de tudo. E isso a consome tanto q...