CAPITULO VINTE E NOVE
eu sei que não somos o peso de todas as nossas memórias, e eu acredito que a escuridão nos lembra onde a luz pode estar. porque eu já estive onde você está, e senti a dor de perder quem você é.
𖥸
Ela cuspiu sangue na arena, mas não deixou seu corpo cair no chão. O punho de Max atingiu seu rosto mais uma vez e Pietra tinha a vaga lembrança de que deveria erguer o braço para se defender, mas a sensação de ter sua mente sendo levada para dentro e fora da consciência era confortante.
Pietra queria que ele terminasse o trabalho.
Ela o deixou socar seu rosto e chutar seu estômago sem fazer nada. Queria que sua consciência deixasse o corpo para sempre. Queria ir para qualquer lugar longe de onde estava. Queria que ele tirasse sua vida de uma vez, mas sempre que ele estava prestes a fazer isso, algo o impedia e ela retornava a lucidez.
Pietra só queria fugir.
Tudo que ela desejava, do fundo de seu coração, era paz. Era ir para algum lugar onde reencontraria Victor, Eric, Tori, Aisha...
Aisha.
Dessa vez, Pietra nem sentiu o soco no nariz que lhe atingiu em cheio. Mas tinha certeza de que não era mais Max que batia nela, porque a mão que ela viu tinha um anel dourado e unhas feitas. Seus joelhos fraquejaram e ela caiu no chão, lágrimas encharcando seu rosto sem se importar.
— Aisha — choramingou.
— O que está fazendo, Pietra? — falou, sua voz determinada.
— Estou tão cansada. Eu só quero que isso acabe... Eu- Eu preciso de você.
— Você não precisa de ninguém — a loira disse — A Pietra que eu conheço faz as coisas sozinha e se irrita quando alguém se oferece pra ajudar.
— Eu não sou mais a Pietra que você conheceu, Aisha — ele encarava o chão, seu rosto inchado demais dos repetitivos socos que recebera.
— Claro que é — ela falou — Você não deixa de ser quem é só porque está passando por uma fase difícil.
— Aisha, eu não estou passando por uma fase difícil — gritou — Eu perdi tudo. Eu não tenho pais, eu não tenho facção, e parece que todas as pessoas com quem já me importei foram embora!
— Tudo é uma fase, Pietra. Você deveria saber disso melhor que ninguém, já que foi você que me ensinou.
— Nem tudo passa, Aisha.
— Eu amo você. Sei que você me ama e que nunca vai deixar de amar.
Pietra engoliu em seco, mordendo o lábio para segurar as lágrimas.
— Mas sua vida não acaba só porque a minha acabou.
— Como eu faço isso sem você? Como eu sigo em frente? Eu não consigo.
— Você consegue tudo o que você quiser conseguir — Aisha falou — Sempre foi assim e sempre vai ser assim, porque a Pietra Foxworth não desiste nunca.
— E quanto a Annaleigh Hawthorn?
— Não sei — ela deu de ombros — Nunca conheci nenhuma Annaleigh Hawthorn. Mas provavelmente, se ela quiser honrar a memória de alguém que amou muito, não vai desistir de viver.
— Por que você me deixou? — as palavras a atingiram como um tiro.
Pietra quis perguntar isso desde que descobrira sobre a morte de Aisha, e mesmo que estivesse falando com sua própria consciência, não conseguiu segurar o impulso da pergunta que a mantinha acordada durante a noite.
— Porque tem coisas que devemos fazer sozinhos.
Pietra engoliu a vontade de gritar, espernear e chorar como uma criança. Tudo isso porque sabia que Aisha estava certa. Sabia que era hora de deixar ir.
Ela sempre amaria Aisha, mas estava na hora de viver sua própria vida.
— Fica bem, tá? Faz isso por mim — a loira pediu, antes de desaparecer conforme a mente de Pietra voltava aos eixos e ela abria os olhos.
Estava em uma ala médica. Olhou primeiro para o teto, onde a luz branca a cegou, depois para sua mão, e por último para as duas pessoas que dormiam apoiadas uma na outra, do outro lado da sala.
Ela tirou a mascara de oxigênio que cobria seu rosto e tentou se sentar, mas sua cabeça rodopiou e ela percebeu que ainda não estava pronta para aquilo.
— Bom dia pra vocês — deu uma especie de grito e os dois garotos caíram um em cima do outro no chão frio da enfermaria.
— Eu sabia! — George correu e se lançou sobre ela a abraçando com força.
— Ei, pega leve — a morena pediu.
— Desculpa, fiquei animado — ele sorriu — Que bom que você está bem, eu estava tão preocupado.
— Eu vi como você estava preocupado.
— Em minha defesa, você está aqui há 72 horas.
— O que? — gritou.
— Exatamente — meneou a cabeça — Como está se sentindo?
— Como se tivesse acabado de dormir 72 horas.
— Descansada?
— Com vontade de dormir mais 72.
— Faz sentido.
Alguns minutos se passaram até que Peter voltou, acompanhado de uma enfermeira que começou a mexer nos monitores.
Peter tentou esconder, mas Pietra conseguiu ver o alivio explicito em seu olhar.
— Que bom que... Sabe... Você não morreu — ele colocou as mãos nos bolsos.
— Eu não vou entrar em coma outra vez se você me abraçar, Peter.
A sombra de um sorriso surgiu em seu rosto e ele a envolveu em seus braços. De todos os seus amigos, Peter não era um dos que ela esperava ver.
Mas Peter vivia a surpreendendo, então ela não estava tão surpresa.
𖥸
esse capitulo é tudo pra minha carreira, amo minha filhote Aisha. espero que estejam gostando, daqui pra frente a história vai ficar bem diferente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DROWN, convergente³ ✓
FanficAs coisas deram muito errado. Com Tris presa, Evelyn liderando Chicago e a necessidade de descobrir o que de fato existe fora daqueles muros, Pietra começa a lidar com uma nova realidade: a de que não tem o controle de tudo. E isso a consome tanto q...