CAPITULO SEIS
ela está cansada de pensar até o sol sair, seu corpo doí quando ela está acordada.
𖥸
O dormitório estava escuro. Não havia nenhum relógio por perto, mas ao observar todos os iniciandos dormindo ela deduziu que estava de madrugada. Seus olhos se encontravam fixos no teto enquanto tentava dormir.
O som de passos a fez prender a respiração, e ela se virou bem a tempo de ver Quatro sair de lá com suas botas em uma das mãos. Ela não segurou o impulso de o seguir, se sentou e enfiou os pés no sapato sem sequer amarrar o cadarço.
Seguiu o iniciando de longe por diversas curvas, se perguntando para onde ele estava indo. Quando atravessou a Pira e ela o perdeu de vista por alguns segundos, mas o silêncio noturno ajudou a notá-lo subir as escadas até o terraço.
— Quatro? — murmurou quando rompeu a porta para o telhado, mas não havia ninguém — Isso não é engraçado. Onde você está?
Pietra caminhou até o parapeito e observou o horizonte, as fazendas da Amizade além da cerca. A brisa fria da noite beijava seu rosto, e ela fechou os olhos deixando que aquela calmaria a consumisse. Mas o silêncio começou a ficar desconfortável, e a brisa fraca se tornou um vento sufocante. Como se mãos estivessem apertando seu pescoço.
— Eu não devia ter escutado você — uma voz repleta de ódio murmurou em seu ouvido.
— Aisha? — choramingou, seus olhos permaneceram fechados de medo.
— Eu e todos que você matou.
Pietra sentiu o ferro gelado de uma faca se encostar em seu pescoço, mas se recusou a abrir os olhos. Estava com medo de vê-la. Mas conseguia sentir sua presença, conseguia sentir todos eles. Conseguia senti-los a julgando, em busca de vingança pelo que ela tinha feito.
— Você merece morrer pelo que fez — Aisha gritou.
Suas mãos não estavam mais no pescoço de Pietra, agora estavam nas costas, e a empurraram para frente com força. Pietra esperou o impacto do chão, mas era alto demais. Ao invés disso ela sentiu o vento contra seu corpo enquanto despencava.
— Não — gritou quando seu corpo atingiu o concreto, e de repente estava em sua cama molhada de suor.
A morena se sentou em um salto e precisou de alguns minutos para que sua respiração voltasse ao normal. Cobriu o rosto com as mãos trêmulas e se encolheu em posição fetal.
— Foi só um sonho — murmurou para si mesma, e se embalou para frente e para trás — Só um sonho.
Mas o som da voz de Aisha ainda ecoava em sua cabeça.
༚ ༚ ༚
Pietra estava vivendo em uma casa na Erudição com duas pessoas que não fazia ideia de quem eram. Sabia que era um ex-membro da Franqueza e outro da própria Erudição. Porém não havia conversado exatamente com nenhum dos dois.
Quando gritava durante a noite ou andava de um lado para o outro querendo se manter acordada, e até quando vomitava no banheiro, sabia que eles ouviam. Mas ninguém nunca tocou no assunto e ela preferiu deixar dessa forma.
— Bom dia — a loira não bateu na porta, e encontrou Pietra plantando bananeira com as pernas apoiadas na parede do quarto — Está tudo bem?
— Hm-uh — ela se sentou no chão e abraçou as pernas. Sua testa pingava suor e as bochechas estavam coradas pelo esforço.
— Você sabe que são 6h da manhã, não é? — a morena assentiu — Bem, de qualquer forma, tenho que te contar algo.
— Você não devia entrar na casa das pessoas as 6h da manhã se não quiser descobrir algo particularmente estranho.
— Tipo o que? Que você ronca dormindo? — ironizou — Que bom que não te acordei, então.
Tris se sentou na cama e Pietra usou uma toalha de rosto pra secar o suor escorrendo em sua testa e pescoço. Seu corpo inteiro estava dolorido, mas a mente estava clara e focada, e ela conseguiu passar três horas sem pensar no pesadelo que tivera com Aisha. Gesticulou para que Tris continuasse.
— O que você tem que me contar?
— Que umas pessoas mascaradas me abordaram e me chamaram para uma reunião hoje meia noite — Pietra riu, até perceber que não era uma piada.
— Espera, o que?
— Eles são um grupo que quer a volta das facções, se intitulam Leais. Não querem que ninguém saiba sua identidade, por enquanto — falou — Me falaram 'pra chamar todos os meus amigos da Audácia que estivessem interessados. Você foi o primeiro nome em que pensei.
— É, eles... Me chamaram também. Mas não tinha máscaras ou algo do tipo.
— Quem eram?
— Um... — comprimiu os lábios — Antigo conhecido meu da Erudição.
— Bem, a reunião vai ser na Franqueza.
— E você pretende ir? — Tris deu de ombros — Esse grupo não me pareceu muito confiável.
— Também não achei, mas vale a tentativa. O que temos a perder?
— Muita coisa, acredite.
Pietra tinha certeza de que se seu pai estava envolvido, não devia ser algo bom. Mas realmente, valia a tentativa. As facções estavam acabadas. Chicago estava indo praticamente para o ralo, ela não tinha mesmo muito a perder. As poucas pessoas com quem de fato se preocupava eram Tobias e Tris, Evelyn não machucaria Tobias e Tobias não a deixaria machucar Tris.
— Tudo bem, nós vamos. Quem você pensou em chamar?
— Zeke, Uriah — olhou para o chão pensativa — Christina e Tobias. Que tal Logan e o irmão... Luke?
— Luke é o braço direito de Jeanine de novo agora que Edward se foi — negou com a cabeça — E Logan acha que a cidade está melhor assim, sem contar que não vai trair o irmão.
Tris assentiu com a cabeça.
— Você fala com Tobias, é melhor ele não ser visto comigo — a loira falou e Pietra assentiu.
— Nos encontramos lá? — ela concordou com a cabeça — Agora vá embora, tenho que tomar banho.
— É, está precisando mesmo — ela riu.
A morena ergueu o dedo médio para Tris que foi enxotada para fora da casa em meio a risadas, e então Pietra voltou para seus exercícios.
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DROWN, convergente³ ✓
FanficAs coisas deram muito errado. Com Tris presa, Evelyn liderando Chicago e a necessidade de descobrir o que de fato existe fora daqueles muros, Pietra começa a lidar com uma nova realidade: a de que não tem o controle de tudo. E isso a consome tanto q...