CAPITULO QUARENTA E QUATRO
talvez eu não devesse ter chorado quando você partiu e me disse pra não esperar. o que mais machuca é dizer que ainda me importo.
𖥸
— Cadê todo mundo? — Conrad perguntou, assim que o grupo desceu do carro.
Tobias sentiu um pequeno sorriso surgir em seu rosto. Se não havia ninguém ali, significava que o plano havia funcionado e que todos do Departamento haviam sido reprogramados.
Assim que entraram, encontraram Cara. Ela continha uma atadura no rosto e estava de pé, com uma expressão perturbada no rosto. Conrad foi o primeiro a correr na direção dela, segurando seu rosto e analisando os machucados, para ter certeza de que estava tudo bem.
— Você está bem? — ele perguntou e ela apenas apoiou a cabeça em seu peito, lágrimas nos olhos.
Os dois haviam sido muito astutos ao esconder seu relacionamento, mas naquele momento, Conrad não se importou com o que qualquer um ali diria.
— O que foi? — Tobias perguntou e Cara apenas negou com a cabeça — Onde está Tris?
— Eu lamento, Tobias.
— Lamenta o que? — Christina gritou — Conte logo o que aconteceu!
— Tris entrou no Laboratório de Armas no lugar de Caleb — ela respondeu — Ela sobreviveu ao Soro da Morte e lançou o Soro da Memória, mas... foi baleada. E não sobreviveu. Eu lamento.
Tobias caiu de joelhos no chão, sentindo o mundo inteiro desabar. Ele não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Não podia acreditar que Tris estava morta. E ao mesmo tempo, sabia que ela jamais deixaria Caleb se sacrificar em seu lugar.
༚ ༚ ༚
Pietra estava sentada no chão. As pernas junto ao peito, e os olhos fixos na parede a sua frente. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar. Ela sequer lembrava da dor em sua mão engessada que pendia ao lado do corpo.
Matthew apareceu com uma caneca de café e se sentou ao seu lado. Pietra não disse nada quando ele colocou a caneca no chão.
— Eles voltaram — ele avisou.
Pietra não respondeu.
— O Tobias está no necrotério. Acho que devia ir falar com ele.
Continuou sem resposta.
— Ei — chamou — Eu sinto muito pela Tris.
Pietra permaneceu calada.
Mesmo assim Matthew não se levantou. Ele apenas continuou ali, sentado ao lado dela, lhe fazendo uma companhia que ela não queria, mas definitivamente precisava.
༚ ༚ ༚
Pietra se levantou de manhã e a primeira coisa que fez foi tomar seus remédios. Tomou o antidepressivo e alguns analgésicos para a dor em sua mão. Ela se trocou e caminhou até o laboratório junto com Matthew.
Fazia três dias desde que tudo acontecera. Pietra não havia visto ninguém além de Matthew e Cara nesse meio tempo. Os três estavam trabalhando arduamente para reerguer o Departamento, e Pietra sequer teve tempo de pensar no que havia acontecido.
Mas quando chegou no laboratório aquela manhã, teve uma surpresa.
— Rowan — arfou.
— Oi, Pietra — ele sorriu.
Rowan usava roupas azuis e um jaleco branco. Ele estava com uma expressão de cansaço no rosto, e parecia ter envelhecido anos desde a última vez que os dois haviam se encontrado.
— Ou você prefere Annaleigh? Não me incomodo de chamá-la assim.
— Pietra está ótimo.
— Bem, o Tobias me disse que você pediu que eu viesse — havia esperança em sua voz.
— Sim, eu... Quero conversar.
Ela se sentou e apoiou os cotovelos na mesa.
— Preciso te perguntar algumas coisas.
— O que você quiser — ele respirou fundo e se sentou também.
— Por que aceitou ir para Chicago? — ela perguntou — Por que aceitou fazer o que fez comigo?
— Porque eu era jovem — ele riu, reflexivo — Eu e Cora éramos melhores amigos. Havíamos chegado no Departamento alguns meses antes e eu era fascinado pelos experimentos urbanos. David precisava que alguém fosse, e eu... pensei que era minha chance de me provar útil. Mas acabou não saindo como eu esperava.
Seus olhos brilharam de lágrimas.
— Eu não sabia o que teria que fazer, Pietra. Eles não nos disseram que nossa missão era infernizar e traumatizar uma criança — Rowan falou — Eu convenci Cora a ir comigo, e levamos você até a cidade. Um bebê de apenas seis meses. Eu era um pouco mais velho do que você é agora. Pensei que seria uma oportunidade de conhecer as pessoas dentro do experimento, e aí, quando você tinha três anos, me mandaram bater em Cora.
— Por que você obedeceu? Poderia ter os mandado a merda.
— Eles ameaçaram matar você.
O peso de suas palavras ficou no ar por tempo demais. Os dois passaram longos minutos se encarando sem nada a dizer.
— Eu havia passado três anos com você e Cora, Pietra. Sei que não acha isso, mas eu te amei como uma filha. Tudo o que eu fiz, foi tentando proteger vocês duas. Quando você tinha dezesseis anos, eu os mandei a merda — ele riu de suas próprias palavras — Eu fui até sua casa, e te pedi perdão. Sei que você não aceitou, e eu não fiquei surpreso por isso. Eu sabia a filha que tinha. E sabia que a partir daquele momento, eles não podiam mais machucá-la, e eu estava livre.
Naquele momento, os olhos de Pietra também brilhavam de lágrimas.
— Não precisa dizer de volta — ele falou — Mas saiba que eu te amo, como uma filha. Sempre vou amar.
Ela riu. Não, ela gargalhou. Se levantou de onde estava e lançou os braços por cima dos ombros de Rowan, lágrimas inundando seu rosto.
— Obrigada, Rowan — choramingou — Obrigada.
𖥸
quem já sabia sobre Conrad e Cara, apenas finjam.
o que acham que vai acontecer agora?
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DROWN, convergente³ ✓
FanficAs coisas deram muito errado. Com Tris presa, Evelyn liderando Chicago e a necessidade de descobrir o que de fato existe fora daqueles muros, Pietra começa a lidar com uma nova realidade: a de que não tem o controle de tudo. E isso a consome tanto q...