18.

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CAPITULO DEZOITO

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CAPITULO DEZOITO

você pode me manter por perto?

𖥸

Pietra se virou a tempo de vê-lo sumir por uma das portas, e não hesitou em correr por entre os corpos suados até lá. Passou por Conrad e Nita como uma bala, e não lhes deu tempo de entender o que havia acontecido.

Tobias estava abaixado com a cabeça encostada na parede. Pietra segurou em seus ombros e o puxou para um abraço. Ele não estava chorando, mas tremia, sua expressão era apática.

— Eu devia estar feliz por ele estar vivo, não é? — murmurou.

— O Marcus é uma pessoa horrível — ela falou — Querer ele fora da sua vida não é errado.

— Eu não sei se estou agradecido ou chateado.

— Talvez um pouco de cada? — ela ergueu os ombros.

— É, pode ser.

Tobias encostou a testa no peito de Pietra que apoiou o queixo no topo da cabeça dele. Ela se sentia na Audácia, em uma madrugada da iniciação. Podia visualizar as paredes de concreto e as gotas de água que caiam pelos canos soltos.

Quando acordou, sentiu o corpo inteiro doer. Ela sacudiu Tobias que estava com a cabeça em seu colo e ele levantou em um salto. Estava fofo com o cabelo bagunçado. Nenhum dos dois usava relógio, então a maior dúvida era o quanto tinham dormido. Ainda estavam no subterrâneo, e se fosse muito tarde alguém deveria estar procurando.

— Tris deve estar preocupada.

— Não dormimos tanto assim — a morena enfatizou — Deve ser de manhã, se é que já amanheceu.

Quando andavam pelo corredor para fora dali, os dois trombaram com um rosto familiar.

— Conrad?

— Ainda bem. Pensei que tinham se perdido.

— Que horas são?

— Quase cinco — ele disse.

— Você levou mais de cinco horas pra encontrar a gente? — Pietra riu.

— Eu comecei a procurar agora, achei que vocês sabiam para onde estavam indo — ele deu de ombros — Mas vocês não voltaram a aparecer.

— A gente sabe — o moreno disse, sem humor.

— Por que ainda estão aqui, então?

— Dormir no concreto já virou um costume — Pietra piscou.

— Esqueci que vocês são da Audácia.

— Vou para o dormitório — Tobias avisou — Pietra?

— Pode ir, eu já vou.

Ele deu de ombros e saiu, deixando os dois sozinhos.

— Ele está bem? — o homem perguntou.

— Vai ficar.

— E você?

Ele arqueou uma sobrancelha, Pietra apenas sorriu, mas não disse nada.

Conrad estava com uma espécie de uniforme preto, era bem parecido com o que Nita estava usando no dia anterior, mas de uma cor diferente. Seu cabelo loiro estava penteado para trás, e ele parecia uma pessoa totalmente diferente do homem que ela conheceu na noite anterior.

— As cores significam alguma coisa?

— Azul é para os cientistas, verde para a equipe de apoio e preto para a Guarda.

— Imagino que você seja um GD, então.

Era pra ser uma piada, mas Conrad engoliu em seco.

— Eu te mostro o caminho para o dormitório.

— Ei, me desculpe — ela realmente parecia sentir muito — Não acredito nessa baboseira.

— É claro que não acredita, você é uma GP.

— Ótimo argumento — cruzou os braços.

— É um fato. GPs não entendem como é 'pra nós.

— Dá pra parar com esses rótulos? GP ou GD. Não importa. Não sou diferente de você por ter genes curados.

— É, continue dizendo isso para si mesma.

— Minhas decisões são melhores ou piores porque meu cabelo é castanho? Ou talvez é porque meus olhos são âmbar.

Pietra falou com uma intensidade que o assustou. Conrad foi pego desprevenido por seu desabafo.

— Eu sou uma cientista, tá bom? Eu passei dezesseis anos estudando o cérebro das pessoas em um laboratório. E eu sei que eles esconderam informações de nós. Mas eu tenho certeza de que isso é um bando de merda. Genes não são tão importantes quanto eles querem que pareça.

— Bem, independente de estar certo ou errado, é através desses rótulos que as coisas funcionam aqui. Você pode não estar acostumada a isso, mas todos os outros estão.

Pietra se apoiou na parede e fechou os olhos acalmando a respiração. Conrad apenas a observou recuperar sua calma, e quando ela abriu os olhos, sorriu. O moreno sorriu de volta.

— Então, qual sua função?

— Geralmente a Guarda sai em missões nas cidades, mas eu trabalho no complexo.

— Vocês têm uma área de treinamento?

— Que tipo de Guarda seriamos se não tivesse? — ela riu.

— Realmente, eu ficaria decepcionada. Pode me mostrar onde é?

— Está me chamando para uma luta, Foxworth?

— Se estiver disposto a arriscar — ela o olhou por baixo dos cílios e ergueu as sobrancelhas.

— Meu turno acabas as 16h. Eu passo para te buscar no dormitório.

— Se prepare para perder.

— Se prepare para perder

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