CAPITULO TRINTA E DOIS
quando você está na meia luz, não é você que eu vejo.
𖥸
George batucava os dedos no braço da cadeira. Ele e Pietra estavam se encarando a alguns segundos, quando ela finalmente falou.
— Você estava certo. Quando disse que eu talvez precisasse de ajuda, e que talvez fosse por causa da Aisha. Você estava certo sobre isso, e eu sinto muito. Agi como uma idiota.
— Sim, você agiu — ele concordou — Mas quero saber se realmente está pronta pra falar sobre, porque não quero te pressionar.
Ela pensou por alguns segundos.
— Eu acho que estou. É tão estranho, sabe? Não tê-la mais. Quer dizer, eu passei por isso quando pensei que você tinha morrido, mas não é a mesma coisa. Eu era tão nova, e tinha pessoas que me apoiaram. Quando a Aisha morreu, eu não tinha basicamente ninguém.
— Na verdade você tinha sim. O Quatro, o Zeke, a Shauna, a Tris, talvez até mesmo o Peter.
— Não é a mesma coisa.
— Por que?
Aquela simples pergunta fez com que o cérebro de Pietra travasse. Por que era diferente, afinal?
— Porque com a Aisha foi como reviver algo que já havia acontecido. Eu já tinha passado por aquela mesma situação, e entrei em pânico. E depois o Eric também morreu.
— Pietra, nenhuma dessas mortes foi culpa sua. Nem minha suposta morte, nem a de Aisha, nem a de Eric.
— Não, eu sei, é só que... — ela fechou os olhos.
— É só o que?
— Não é justo. Eu sei que pessoas morrem, todo mundo vai morrer, eu entendo. Mas a Aisha tinha dezoito anos. Ela era uma criança, porque ela teve que morrer? Porque ela teve que fazer todas aquelas coisas? Ela tinha a vida inteira pela frente. O Eric tinha a vida inteira pela frente. A Tori...
Pietra estava de olhos fechados, então não viu quando uma lágrima escorreu pela bochecha de seu amigo. George também sentia falta de Aisha, de Tori, de Eric, de todos eles.
— A Tori tinha dezoito anos, George. E ela morreu sem saber que o irmão ainda estava vivo — sua voz saiu trêmula — O Eric morreu sem que eu o perdoasse. E eu sei que tudo o que ele queria era que eu o perdoasse.
— Isso não é e nunca foi sua culpa, Pietra. É uma grande injustiça... Mas o que temos que fazer é honrar a memória deles. O Eric jamais ia parar de se gabar se soubesse que você se lamenta por ele ter morrido — ela riu ao ouvir isso.
George estava certo. Pietra precisava honrar a memória de seus amigos. Ela precisava honrar a memória de Victor, Marlene, Lynn, Will, Tori, Aisha e Eric.
— Você já pensou em voltar?
— Como assim?
— Voltar para Chicago. Antes de tudo, quando te salvaram e você veio parar aqui. Já pensou em voltar para nos ver?
— O Departamento jamais permitiria.
— Foda-se o Departamento. Você já pensou em voltar?
— Todos os dias.
༚ ༚ ༚
Enquanto observava Uriah dormir com uma mascara de oxigênio no rosto, Pietra pensava uma única coisa: por favor não esteja morto.
Uriah tinha apenas dezesseis anos. E se tinha alguém que merecia viver, esse alguém era ele. Aquele garotinho não podia morrer. Pietra não podia perde-lo.
Ela dormiu ali, com esses pensamentos inundando sua mente. E só acordou horas depois, com Matthew cutucando seu ombro.
— Você de novo? — ela sorriu.
— Eu de novo — ele retribuiu — Como ele está?
— Ele parece bem. Não sei se está mesmo.
— E como você está? — Matthew se sentou do lado dela.
— Bem, eu acho.
— Espero que esteja mesmo, porque eu preciso te mostrar uma coisa.
Os dois deixaram o quarto de UTI e caminharam silenciosamente até o laboratório de Matthew. Onde ele se sentou em sua cadeira giratória e ligou o computador.
— Pode sentar, se quiser — ofereceu.
Ela puxou uma cadeira e se sentou ao lado dele, encarando o monitor enquanto ele digitava senhas furiosamente, até que abriu uma imagem familiar demais a ela e seu objeto de estudo mais recente.
— Você só pode estar brincando — disse, de boca aberta.
— Felizmente não estou — ele riu de nervoso — Acho que isso é exatamente o que precisamos para destruirmos esse lugar.
— Talvez não destruir, mas um grande estrago vamos fazer.
Ela sorriu, pela primeira vez animada com uma hipótese real de salvação.
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DROWN, convergente³ ✓
أدب الهواةAs coisas deram muito errado. Com Tris presa, Evelyn liderando Chicago e a necessidade de descobrir o que de fato existe fora daqueles muros, Pietra começa a lidar com uma nova realidade: a de que não tem o controle de tudo. E isso a consome tanto q...