Fourteen

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Antes de entrar na empresa, Soojin pensava que tudo ocorria bem em sua vida absolutamente feliz. Claro, tinha seus momentos de tristeza repentina, mas sabia os esconder.

Só que, com o tempo, um vazio em seu coração foi crescendo e só foi refreado quando conheceu a taiwanesa de olhos curiosos.

Se fez de díficil no começo, deixou que a menor a seguisse para todos os cantos, mas aos poucos se permitiu levar pelo sorriso travesso, carisma e carinho de Shuhua.

Sua cabeça tinha mil coisas; vestibular, colégio, família, amigos, Cube, treinos, emprego temporário, e nada conseguiu apaziguar a inquietação que se tornou mais frequente. Por mais que se ocupasse com tudo que vinha pela frente, além de suas obrigações, continuava sentindo aquele vazio de tempos em tempos. E logo quem o fez desaparecer?

Yeh Shuhua.

Como se estivesse escrito para que a estrangeira entrasse em sua vida e torna-se tudo mais simples.

Não tardou para que estivesse totalmente encantada por Shuhua. Aquilo a assustou. E tentou mesclar entre manter a menina perto - chegando a se considerarem melhores amigas - e manter a distância quando necessário para que pudesse ter equilíbrio em sua vida.

Shuhua era tudo para ela.

Absolutamente tudo.

E, de alguma forma, o que era simples tornou-se difícil.

Tudo tornou-se complicado. Não havia um momento em que não pensasse ou falasse em Shuhua. Suas amigas brincavam sobre isso, mas não ligava, afinal, Shuhua era sua amiga, não? Era normal falar o tempo todo sobre alguém que você gosta muito, não era?

Aterrorizante seria a melhor palavra para descrever como se sentiu quando machucou Shuhua. Nunca havia levantado a voz para ela, muito menos usado palavras que saiba que iriam machucá-la.

Pelo menos, não intencional, se é que pode chamar o que tentou fazer.

Das inúmeras coisas que já tinha feito de errado, nenhuma se comparou a ter que escolher magoar a garota que ama e ter a certeza de que foi a melhor opção para Shuhua e para ela mesma.

Soojin não parou de se culpar um segundo sequer. Sentia-se um monstro. Como pôde ser tão cruel? Shuhua se arrependia. Não teve notícias por um mês e tentava ocupar a cabeça para não pensar nisso, mas tudo voltava para a taiwanesa e na forma como ela chorou por sua causa. Shuhua se arrependia.

Soojin sabia que Shuhua a quis machucar quando disse aquelas palavras. Foi puramente intencional. Ela sabia. Shuhua queria que ela sentisse o mesmo que sentiu quando começou a destilar sua raiva e rancor sobre ela.

Raiva e rancor de seus sentimentos. De não serem claros como os de Shuhua. De ter que esconder a verdade de todos e de si mesma. De no final das contas ser a imbecil da história.

Contudo, o pior era saber que tudo sempre foi recíproco e não podia fazer algo a respeito por causa de Shuhua, porque, antes de mais nada, a segurança da taiwanesa significava mais que seus próprios sentimentos. Não jogaria todo trabalho árduo e sacrifícios que Shuhua teve que fazer por estar completamente apaixonada pela mais nova, e mesmo que se arriscasse a jogar tudo para o ar havia dois fatores empatando desde o início: contrato empresarial e país conservador; uma coisa levando a outra de qualquer maneira.

A primeira semana foi um pesadelo atrás de outro. A saudade lentamente a matava por dentro e os efeitos estavam tão nítidos que não adiantava esconder o estado precário que uma falta de hidratação capilar fazia, juntamente as bolsas embaixo dos olhos, acúmulo de noites que não se deu a paz de fechar os olhos.

Speechless. | SooshuOnde histórias criam vida. Descubra agora