Twenty seven

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No quarto ao lado, um casal brigava sobre deixar o filho brincar com os amiguinhos que havia feito no hotel. A mãe, mais protetora, gritava ao enumerar situações que poderiam ter acontecido ao menino; já o pai, pedia que parasse de gritar, que alguém iria bater na porta reclamando, o que deixou a mulher mais irritada. A hipótese não aconteceu, mas acabou acordando Shuhua.

A voz da mãe gritando sobre a possibilidade de seu filho ser sequestrado despertou a taiwanesa em um susto, ocasionando um terrível dor de cabeça ao levantar o tronco. Com um gemido de dor, pôs a mão na cabeça e, com todo cuidado para a dor não se alastrar, voltou a deitar, fechando os olhos. Tinha certeza que escutar aquela gritaria foi uma punição.

Mesmo não lembrando do que aconteceu na noite passada, Shuhua sabia que merecia aquela dor de cabeça infernal, não por ter bebido como uma inconsequente, mas porque era o mínimo que devia passar depois do que havia causado ao amor de sua vida. Seu coração apertou, um som estranho saiu da boca, parecido com um choro sendo literalmente engolido. Ela se lembrou do dia anterior; do rosto aflito por estar sem respostas para seu comportamento; das lágrimas descendo violentamente pelo rosto; das tentativas de fazê-la dizer a verdade, pois o pior dos pesadelos seria menos horrível que suas palavras... respirou fundo, ocasionando outra pontada na cabeça.

 O propósito de sua bebedeira foi tentar anestesiar a dor naquele momento e tentar apagar sua memória temporariamente, mas de nada adiantou, já que se lembrava com riqueza de detalhes o que tinha feito. A única coisa em branco na sua cabeça foram os acontecimentos depois que saiu do bar. E mal teve tempo de tentar lembrar. O som da porta do quarto fechando com força a fez gemer mais uma vez.

- Ótimo! Você já está acordada!

 A voz irritada fez a taiwanesa se preocupar. Mesmo que estivesse contrariada, Minnie não falava desse modo com Shuhua.

Pressionando a mão contra a testa, fez um esforço para se sentar, quase tentou abrir os olhos, mas a luz parecia mais forte que o normal; talvez, um efeito da ressaca.

- O que aconteceu? - Shuhua perguntou com a voz rouca.

- Você quer um resumo? - a taiwanesa criou coragem e abriu os olhos, dando de cara com a amiga, que procura algo entre os lençóis da cama - Achei! - exclamou ao encontrar o celular.

- Por que seu celular estava aí?

- Porque eu dormi com você. Mas aposto que não lembra, né? - Minnie colocou o aparelho no bolso de trás do short – Quando eu cheguei você estava roncando.

 Shuhua franziu o cenho.

 - Espera, espera, como assim dormiu comigo? - a frase da tailandesa a preocupou.

 - Eu dormi ao seu lado, sua idiota. Não dormi com você naquele sentido!

 Shuhua ficou aliviada, porém o tom irritado de Minnie ainda era um enigma.

 - Você teria adorado dormir comigo. - brincou, tentando sorrir, mas pareceu que havia acabado de fazer uma careta.

 - Eu discordo. Você quer ou não saber o que aconteceu?

 - Eu fiz muita merda?

 - Até que parte você lembra? - Minnie se sentou na ponta da cama.

 - Eu lembro que eu bebi...

 - E essa foi a merda. - Minnie a interrompeu. - Depois da sauna, viemos pra cá e te encontramos toda largada na cama. Yuqi se aproximou e sentiu o cheiro de álcool forte vindo de você. Sinceramente, não sei como não acordou com a briga que teve.

 - Briga? - Shuhua sentiu seu coração despencar - Vocês brigaram entre si?

 - Soyeon e Yuqi. Ficamos divididas; Yuqi disse que você estava no seu direito de beber, que você não é mais uma adolescente e que podia encher a cara se quisesse.

Speechless. | SooshuOnde histórias criam vida. Descubra agora