Speechless. | Sooshu

Thirty five

Soojin estava passando pelo Rio Han a caminho da casa de Tzuyu, quando recebeu uma ligação de Shuhua. Sem ver o nome da namorada, ela clicou no painel do carro para atender a ligação.

 - Alô?

 - Jin-ah! Que demora para chegar, se perdeu, foi?

 Soojin sorriu abertamente. Shuhua era uma boba mesmo.

 - Passei em um lugar primeiro.

 - Ah tá! Jihyo e Nayeon estão perguntando de você há horas!

 - Diga a elas que estou chegando.

 - Onde você passou?

 Soojin demorou três segundos para responder.

 - Na casa da minha mãe.

 O barulho das conversas do outro lado da linha foi diminuindo, e Soojin supôs que Shuhua estava se afastando para terem mais privacidade.

 - E aí, como foi? Ela já sabe?

 Soojin suspirou.

 - Não pela internet. Eu contei.

 - Você contou? - perguntou Shuhua, abismada. - Eu pensei que faríamos isso juntas!

 - E eu disse que preferia contar sozinha para caso houvesse uma reação inesperada. - Soojin lembrou.

 - Como foi?

 Soojin sentiu o coração palpitar ao lembrar das horas anteriores.

 - Não muito bem. Meu pai meio que surtou e culpou o fato de eu ser uma cantora e estar seguindo tendências orientais homossexuais. - Soojin riu, realmente achando graça, apesar de, na hora, ter sido horrível. - Sabe que ele nunca apoiou seguir essa carreira. - Soojin disse e Shuhua murmurou em concordância. - Minha mãe ficou calada por um tempo até que meu pai perguntou se ela não ia falar nada. - a Seo mordeu o lábio, sentindo seus olhos arderem ao lembrar.

 A mulher mais velha trocou olhares com o marido, que entendeu e se levantou do sofá, saindo da sala de estar resmungando para que elas escutassem. Sem olhá-la, ajeitou-se no sofá e cruzou as mãos, fixando seus olhos em um ponto fixo nos pés de Soojin.

 - Concordo com seu pai em partes. Isso não me agrada, eu não acho bom.- ela respirou fundo. - Mas... eu te vi crescer. Te alimentei, te dei banho, te levei em suas primeiras aulas de dança. Te vi entrar naquela empresa, acompanhei seu processo de amadurecimento...estive lá quando debutou. - a voz tornou-se embargada. - Eu amo você, e... e se... se é essa sua felicidade... ao lado de uma mulher... - engoliu com dificuldade antes de continuar. - Se você está feliz de verdade e está disposta a arriscar tudo em prol dessa felicidade, então é meu dever como mãe estar do seu lado. Como eu disse, não me agrada, mas vou tentar entender... sei que vou me acostumar uma hora ou outra. - em meio a lágrimas, a senhora Seo sorriu forçado.

 Soojin se levantou em um pulo e foi até a mãe, abraçando-a de joelhos, chorando igualmente. Depois de um tempo, Soojin sentiu a mão calejada acariciar seu cabelo.

 - Obrigada. - Soojin agradeceu. - Por ser minha mãe.

 - Acho que mesmo com... isso. - ela disse com dificuldade. - Eu te criei bem. Você está lutando pelo o que acredita. Não poderia estar mais orgulhosa apesar de tudo.

 Passos pesados em contato com a madeira da escada foram feitos propositalmente para saberem que o pai estava furioso.

 - Tem alguma chance dele...?