Maísa
Não havia um só dia que já não pensasse no rosto dela, em sua forma de caminhar, de tocar meu rosto ou falar comigo. Várias vezes em sua companhia preciso relutar comigo para que não pensasse coisas que talvez não fossem. Eu nunca estive tão confusa em toda minha com relação a alguém.
Tinha medo. Medo de sentir o que estava sentindo, medo de pensar que talvez não existisse isso do lado dela, que fosse tudo da minha cabeça. Mas logo vinha uma parte ainda pior, se assim fosse, o que eu faria? Deixaria tudo pelo amor de uma mulher? Eu tenho filhos, um divórcio em caminho e minha cabeça parece explodir quando imagino a reação deles com isso.
Não, eu não podia pensar isso. Das poucas táticas que pude pensar, a que mais fácil me pareceu foi a de levar aquilo como estava. Me permiti sentir o que sentia e só, nenhum passo seguinte estava planejado a partir de agora.
- Então o papai já está no apartamento dele? — Alessandro perguntava ainda no carro.
- Sim. A noite buscará vocês para que fiquem com ele. — falei olhando através do espelho.
— Chegamos. Tomem cuidado na volta.- Vai na frente, Alessandro. — Nicole falou olhando para o irmão e mesmo sem entender, ele desceu.
- Tudo bem? — perguntei a Nicole.
- Desculpa. Venho agindo de uma forma meio ridícula com a senhora. — ela falou em um tom um pouco firme, não era como se quisesse se derramar em lágrimas, mas era assim seu jeitinho. — Eu de verdade não queria magoar a senhora.
- Não precisa me pedir desculpas, meu bem, sei que não é fácil a nenhum dos três, temos poucas semanas só.
- Não, mãe, não tem que justificar nossos comportamentos. Minha revolta é só porque eu sinto falta de quando você era mais feliz. Não é justo que meu pai possa fazer tudo e a senhora não. — sorri dando um beijo nela.
- E eu te amo por isso. Você está crescendo tão rápido... — falei mas já observando a reação de revirar os olhos da Nicole.
- Ai mãe, estamos na escola, nem comece. — ela riu, me abraçou muito forte e deixou um beijo no meu rosto. — Também te amo muito.
Nicole desceu do carro e senti um enorme peso sair do meu corpo. Faziam três semanas desde que Alex havia saído de casa. É claro que o processo da separação não estava sendo tão fácil, foram muitos anos juntos.
- Bom dia! Dona Maísa, o S. Richard está esperando. — Foi a primeira coisa que Benita disse quando cheguei.
- Bom dia, querida. Tão cedo? — estranhei mas entrei na sala. Ao me ver ele levantou indo ao meu encontro.
- Bom dia!
- Oi! — o abracei rapidamente tirando o casaco para me sentar. — Você disse que viria hoje mas não sabia que seria tão cedo.
- Maísa...
- Richard, conheço esse tom de longe, o que houve? Descobriu alguma coisa estudando a obra que pedi?
- Eu posso estar errado mas acho que o Alex negociava alguma espécie de superfaturamento nessa obra do hospital. — olhei assutada para ele.
- Isso não pode ser. — abaixei a cabeça passando as mãos no cabelo. — Isso nunca aconteceu nesse escritório, sempre cuidei para que não fosse envolvida nesse tipo de coisa.
- Conversei com algumas pessoas e acho que foi isso sim, o engenheiro encarregado me contou que inicialmente essa obra nem mesmo seria do seu escritório.
- Como assim? Alex havia me dito que a negociação havia sido feita já na primeira reunião entre eles. Meu coração parece que vai sair pela boca.
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O quinto amor
Fiksi PenggemarA descrita história de Maísa onde junto com quem lhes escreve, se descobre a possível resposta sobre quem é seu quinto amor.