Cap 8

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Era manhã seguinte ao da noite que ouviu tanto dos seus filhos. Maísa preparava um almoço para as os amigos do filho mais velho, era aniversário de Davi que fazia agora seus dezoito anos. Ela havia feito como ele pediu, não queria festa em casa.

- Ainda não acredito que você já tem dezoito anos e logo estará em uma faculdade. — Maísa falava carinhosa para Davi na cozinha.

- Mãe... — ele reclamou mas riu.

- Eu sei, já vou parar. Vai sair com eles?

- Daqui a pouco. Sabe se meu pai vem mesmo?

Distante, mesmo com o som ligado, eles ouviram uma buzina vinda da rua. Maísa estranhou e caminhou até lá ao lado de Davi. Ao abrirem a porta, lá estava Alex em cima de uma linda moto preta.

- É sua, filho! — Ele gritou tirando o capacete e descendo em seguida. Não demorou para que os demais aparecessem.

- Minha? — Davi de fato estava surpreso, olhou para sua mãe como se pedisse permissão.

- Vai lá. — Maísa sorriu com pouco ânimo quando Davi beijou seu rosto e abraçou ao pai antes de subir na moto.

- Obrigada, pai! — ele estava de fato eufórico. Os amigos lhe cumprimentavam enquanto Alessandro e Nicole o viam.

Alguns minutos mais tarde, os amigos de Davi começavam a se despedir de todos.

- Toma cuidado, está bem? — Maísa advertiu quando sentiu seu celular vibrar mas não o olhou.

Eles saíram e Davi finalmente subia em sua moto para uma seguinte festa com amigos em uma casa de um deles.

"Me diz se existe algo que seja possível fazer para que volte a te olhar." — era o que dizia na mensagem, Maísa gostou do que leu.

Foi no minuto seguinte que decidiu, sem pensar duas vezes.

- Vou passar o resto do dia fora. Me liguem se precisar. — Maísa informou unicamente aos dois filhos.

Era a primeira vez que fazia algo assim, eles sabiam que ela estava chateada, ambos quiseram dizer algo mas somente se olharam. Alex estava na área da piscina em seu notebook. Maísa subiu, colocou algumas coisas em sua bolsa pessoal e escreveu um endereço para Giulia.

Ao chegar perto da porta, viu Alex no celular, queria ouvir um nome mas não conseguiu, ele somente sorriu enquanto ela o ouviu dizer "Você é única!". Maísa foi para o carro, sentiu um frio no estômago mas não estava sendo como a primeira vez. Ela respirou muito fundo e acelerou saindo dali. Durante todo o caminho colocou a rádio, costumava dizer que a voz de locutores lhe fazia sentir menos sozinha.

Pouco mais de duas horas estava chegando à casa de praia, Giulia estava em um carro vermelho lhe esperando na entrada. Ao ver que Maísa se aproximava, ela acendeu um farol fazendo a mais velha rir. Ambas estacionaram na garagem e desceram.

- Você veio mesmo. — A voz de Maísa era doce enquanto Giulia lhe olhava com verdadeira adoração.

- Por favor, me deixa te abraçar. Esses cinco dias pareceram uma eternidade.

Maísa estava envergonhada mas queria o mesmo. Se aproximou enquanto Giulia lhe rodeava as costas. Uma das mãos de Maísa seguiu até seus cabelos acariciando ali, nesse momento se abraçaram ainda mais forte, com a respiração mais profunda.

- Senti tua falta... — Giulia sussurrou, beijou seu rosto e se afastou devagar. — Passei no supermercado enquanto vinha.

Elas seguiram conversando enquanto desciam as escadas que dava acesso à casa. Já lá dentro elas abriram um vinho, decidiram ficar descalças e foram ambas para a cozinha.

- Você é amiga do Alex? — Giulia a olhou enquanto fechava uma panela.

- Por que essa pergunta agora?

- Não. — ela pareceu se arrepender da pergunta. — Não é nada.

- Nós não somos melhores amigos, ele é empresário, eu também sou, mesmo que não seja exatamente isso que eu queira. — Giulia se encostava na mesa do lado de Maísa.

- Por que diz isso?

- Gosto de dançar, Maísa.

- Então por quê não se dedica só a isso?

- Espero ter coragem um dia.

- Você é misteriosa. — Giulia riu. - Mas eu não deixo de entender você, também preciso de alguma dose de coragem. — ela bebeu um pouco mais.

- E você? A que se deve a necessidade de coragem?

- Minha vida. Meu casamento... — ela abaixou a cabeça bebendo um pouco mais.

- Ainda o ama, Maísa? - elas se olhavam em silêncio.

- Você sabe... — Maísa começou a caminhar, foi até o fogão desligar. — Há três anos eu nunca nem mesmo sairia assim em um sábado para deixar meus filhos. Só que... nesses mesmos três anos descobri um relacionamento do Alex.

Giulia ficou bastante surpresa. Maísa caminhou até o som da sala para colocar suas músicas favoritas através de um iPod.

- Ele já estava com a mulher há uns sete meses, segundo ela. — as duas sentaram no sofá.

- E mesmo assim voltaram?

- Na época cheguei a pedir o divórcio mas o peso dos meus filhos foi muito maior. Alessandro era mais novinho, Nicole ficou péssima, chegou a brigar um dia na escola, eu não estava suportando aquela situação, todos os dias me pediam isso.

- Então fez isso por eles. — Maísa confirmou silenciosamente.

- Desde então nada mais foi igual. - ela riu com aquele amargo que só ela sentia. — Arrisco dizer que ele não deixou de me trair.

- Maísa... — ela coçou a garganta e mudou o tom. — Sabe que seus filhos não são mais pequenos, não?

- Sei sim, querida, é só nisso que tenho pensado nos últimos dias. — Giulia acariciou sua mão e atraveu a beijar ali. Para sua surpresa, Maísa devolveu o beijo. — Agora sua mão terá cheiro de vinho. Vem, vamos ver esse pôr do sol lá fora.

- Espera... - Giulia levantou. - Quero entrar na água, vou só trocar a roupa e já volto.

Maísa a olhava com carinho a medida que se afastava. Ela agora olhava o mar da pequena cerca de madeira ainda perto da sua casa.

- Vamos. — Giulia a abraçou por trás, Maísa assustou mas, por alguma razão, as duas ainda permaneceram assim por alguns curtos minutos.

- Eu não vou entrar. — ela sentou na cadeira de madeira ainda rindo quando Giulia a provocou indo para a água.

Ela caminhava com seus cabelos soltos balançando ao vento, usava um maiô preto e uma saída de praia quase transparente por cima. Maísa a olhava enquanto bebia, o sol atrás de Giulia lhe fez sentir como se ali fosse uma câmera que a fotografasse por segundo.

- O pôr do sol daqui parece tão mais bonito. — ela falou à medida que se aproximava da mais velha.

- Vem, senta aqui do meu lado.

Giulia dobrou suas pernas sentando ao lado de Maísa. Estava ensopada mas àquela altura Maísa não se importava com isso. Em seus rostos a luz alaranjada do sol refletia lhes deixando como obras naturais do que mais belo existia. Maísa deitou a cabeça no ombro de Giulia e ela acabou por fazer o mesmo.

- Tua estadia na minha vida me assusta. — Maísa disse baixinho. Giulia se afastou, a olhou em seu rosto e levou seu polegar até seus lábios.

Giulia a tocou com carinho, desenhando toda sua boca sem nenhuma pressa. Ainda devagar, Maísa fechou os olhos sentindo mais daquela sensação ainda nova para ela. Ao abri-los, foi para repetir o gesto na mulher a sua frente mas algo a fez parar. Estava nervosa, muito mais do que gostaria.

- Vem, vamos jantar. Você vai congelar aqui fora.

O quinto amorOnde histórias criam vida. Descubra agora