As duas terminavam de jantar. Não havia ficado clima algum pelo momento único que tiveram na praia.
- Mas e então? Ah, não é justo, você sempre para quando vai falar dos seus relacionamentos mas eu já falei muito de mim aqui. — Giulia gargalhou. Estavam na metade de uma segunda garrafa.
- Mas eu não sei o que quer que eu diga!
- Me disse uma vez que morou com um homem e que não deu certo.
- Espera. Eu nunca disse que era um homem, Maísa. — Giulia quase viu a outra mulher engasgar. Elas estavam no tapete da sala sentadas no chão.
- Espera, é meu celular.
"Oi, filhote... eu estou bem..."
— ela olhou para a mulher do seu lado. — "Eu... eu não sei a que horas volto, acho que não irei essa noite. Não se preocupe, filho, não estou zangada, tá bem? Estou com uma amiga, mando mensagem mais tarde. Um beijo."Ela desligou bebendo ainda mais da sua taça enquanto era observada por Giulia. Quando somente respirou para falar, viu seu celular tocar outra vez e agora não era seu filho.
- Fique a vontade para atender, Maísa. Posso esperar lá fora.
— Giulia já fazia menção a levantar quando sentiu Maísa segurar sua mão.- Volta aqui. — a voz soou quase como uma ordem, o que fez o coração de Giulia bater mais forte. — Não tem que esperar lá fora, eu não vou atender.
- Tem certeza disso? Eu realmente posso...
- Tenho certeza, agora chega disso. — falou rindo deixando o celular de lado. — Então você realmente se apaixonou por uma moça? — Giulia riu.
- Ela não era exatamente uma moça. Era um pouco mais velha que eu. Pensando bem... talvez eu tenha um tipo.
- Um tipo? — Maísa perguntou um pouco confusa.
- Algum dia talvez explique. — ela continuou bebendo.
- A amava?
- Eu me apaixonei, na verdade.
- E não é mais? — Giulia começava a estranhar o excesso de questionamento.
- Não, Maísa. Isso faz muito tempo.
- Hmm... qual o nome dela? — Giulia a olhou e riu em seguida.
- Por que isso importaria? — Maísa deu-se conta, começava a ficar envergonhada mas Giulia não lhe deu tempo. — Elana, esse é seu nome.
- Um nome muito bonito, imagino que ela deva ser igualmente bonita.
- Ela é sim. — Maísa a olhou, queria dizer algo mas não conseguiu. — Vai mesmo dormir aqui essa noite?
- Não tenho a menor condição de dirigir hoje. — elas ficaram em silêncio sem se olhar, somente uma música era ouvida de fundo. — Você fica?
- Não sei se eu deveria. — finalmente voltaram a se olhar. — Mas também não me sinto em condições de dirigir. — as duas riram.
Terminaram mais aquela garrafa de vinho antes de, com muito esforço, conseguirem levantar daquele tapete. As duas subiram curtos degraus, devagar. Todo o restante da casa estava com luzes baixas, já não tinham intenção de descer.
- Onde vai? Não pensa me deixar sozinha em um quarto nessa casa enorme, não é?
- Maísa... acho que...
- O que houve? Parece hesitante ao falar. — Estavam as duas na porta do quarto que normalmente Maísa dormia sozinha. — Esse quarto é só meu, nunca dormi com ninguém além dos meus filhos aqui. — De repetente Maísa ficou um tanto nervosa ao falar, ao mesmo tempo Giulia sentiu-se especial ao ouvir aquilo.
- Estava hesitante por isso, mas vem, vamos dormir antes que a gente amanheça conversando nessa porta.
A fala de Giulia serviu para algo, elas baixaram um pouco a guarda. Maísa foi ao banheiro enquanto Giulia se trocava ali mesmo no quarto. Quando a mais velha saiu, Giulia lutou a todo custo não lhe olhar com mais atenção que deveria. Maísa estava em uma camisola de seda azul marinho que ia até seus joelhos e seus cabelos estavam presos.
- Não estranha o fato de dormir ao meu lado? — Giulia agora também vestia uma camisola preta, seus cabelos soltos e em seu rosto nenhuma maquiagem.
- Um pouco. — ela deu um breve riso enquanto se preparavam para deitar. — Me sinto um pouco exposta, não lembro de ter me permitido a tanto com uma amiga.
- Exposta por estar de camisola? — as duas já estavam deitadas, somente um abajur aceso e uma de frente para a outra.
- Por isso. Também por estar assim, com o rosto tão livre. — ela sorriu e Giulia tocou seu rosto levando uma de suas mãos até os fios loiros os soltando.
- Você é ainda mais bonita desse exato jeitinho que meus olhos te vêem agora.
- Minha querida... por favor, não diz essas coisas. — Maísa segurou a mão de Giulia que seguia em seus cabelos como se temesse que ela fosse tirá-la dali. Sua fala saiu em apenas um fio de voz, Giulia parecia inebriada por ela.
- Eu não sei como vou conseguir dormir. — falou mais para si do que para ser ouvida.
Giulia cessou o carinho ali em uma desesperada tentativa de conter o desejo forte que sentia por Maísa, desligou o abajur olhando para o teto escuro ouvindo o som do mar quando sentiu a mais velha deitar quase com a cabeça em seu ombro. Maísa colocou seu braço quase no colo de Giulia, sem imaginar como estavam suas batidas naquele momento. De tão acelerada que estava sua respiração, a mais jovem começou a respirar lentamente entre os lábios, Maísa então levou sua mão até sua boca, começou a desenhar os lábios entreabertos de Giulia.
Somente o som do mar era presente.
A respiração das duas pesava, Giulia conteu um breve suspiro mais pesado, aquilo fez Maísa respirar mais fundo enquanto sentiu a língua de Giulia tocar a ponta de um dos seus dedos. Maísa quase gemeu com a sensação. Ela se atreveu, aprofundou um pouco mais seu dedo e em um atrevimento maior, Giulia o chupou devagar. Dessa vez as duas gemeram lento, quase tímidas.
Agora o som do mar se misturava com de suas respirações.
Maísa, por instinto, colocou um segundo dedo em sua boca, sentiu como estava quente. Giulia então levou sua mão até os cabelos de Maísa, sua carícia agora carregava mais intensidade que dá outra vez, muito discretamente sentiu como Maísa moveu as pernas. Estavam em êxtase. Maísa quase provou do que era a leve dor do prazer sem nem mesmo ser tocada, ela sentia. A mulher de fios loiros estava mais próxima de seu ouvido, aquilo bastou. Uma breve respiração mais pesada em tão só imaginar sua boca ali e... Era a primeira vez que Giulia tinha um orgasmo com tanta facilidade.
Não sabia, mas o contido gemido somado à intensa forma de segurar os cabelos de Maísa, a levava a um orgasmo que jamais em sua vida havia experimentando. Ela gemeu quase arrastado uma e outra vez, Giulia quase a tocou, queria poder senti-la, já que nem mesmo a via, mas não o fez. Usou de todo o poder de sua imaginação para vizualizar o rosto avermelhado de Maísa, o brilho mais escuro de seus olhos.
O mar outra vez.
Poderia não toca-la mas assim que ambas acalmaram a respiração, Giulia a abraçou com carinho. Não disseram uma única palavra mas Maísa deixou ser abraçada. Foi com a cabeça em seu ombro, abraçada timidamente ao seu corpo que ela adormeceu.

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O quinto amor
Fiksi PenggemarA descrita história de Maísa onde junto com quem lhes escreve, se descobre a possível resposta sobre quem é seu quinto amor.