Capítulo 46 - "Sink Schnapp" - part 2

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Checa a ser engraçado ver como as coisas podem mudar tão rapidamente. Ou podem se quer mudar. Existe uma linha tênue entre cada fase da vida. Em um minuto você é uma criança, com seus 5 anos de idade. Aprendendo a escrever seu nome. Seus pais fizeram um exemplo bonito e você o copia numa daquelas folhas de papel brancas, tão finas a ponto de cortar seu dedo, com um lápis grafite, e a criança - você - faz tanta força com a ponta do lápis que acaba o quebrando na metade do nome, mas ele é feito, não como o exemplo, não realmente bonito, não que a criança - você - vá entender o que escreveu. Mas, de todo modo, é o bastante para dar orgulho. E dez anos depois, aos seus 15, já na adolescência agora, ensino médio, emprego de meio período, a criança cresceu. - você cresceu. -. "O que quer ser quando crescer?" Acaba por se tornar "O que quer fazer de faculdade?", afinal, a criança - você - já está grande o suficiente. O orgulho de seus pais agora é seu "+A" no ensino médio e seu salário ao fim do mês daquela lanchonete no fim da esquina, famosa por seus donuts gordurosos. Mais dez anos depois, a criança, que já não é mais uma criança, você agora é adulto, e esse adulto tem responsabilidades bem maiores que entregar um donut rápido o suficiente ao cliente, isolado e solitário da mesa do canto da lanchonete que estava lá, diariamente, no mesmo horário. Todos os dias, as 15:30 da tarde, o sino tocava, e o mesmo moço de chapéu coco e terno marrom adentrava a loja, sentava no mesmo lugar que já havia a marca de seu peso no estofado barato da poltrona, pedia sempre "o de sempre" e observava pela janela a sua direita, parecia esperar algo, ou talvez alguém, que talvez, jamais chegaria. Esse moço nunca chegara a reclamar de seu donut simples com recheio de coco estar frio, ou de seu café puro estar ausente de algo. Mas mesmo assim, o adolescente - você - querendo se provar um bom funcionário, levava seu pedido nas melhores condições possíveis. E ao fim do dia, exatamente as 16:10, depois de sua refeição e dos dez minutos a mais de contemplação da visão da janela, o moço do chapéu coco saia da lanchonete, e era possível que ele deixasse escapar um sorriso pequeno de lado do mesmo. Ela era Sadie, Joe a encontrou bem ali, naquela lanchonete de donuts onde ele fora uma vez, por coincidência, já que Starbucks que o mesmo frequentava todos os dias para seu café matinal estava - por coincidência - fechado naquele dia. E assim, a garota de cabelos cor de fogo sem nenhuma química presente, olhos claros como o céu daquela manhã e sardas marcadas como as estrelas da noite que ainda viria por cair, chamou a atenção do agente. O moço do chapéu coco que a mesma jamais saberia quem ele era, agora veria sua ex-garçonete nas capas de revistas famosas. Agora, lá estava ela, casando-se com o grande amor da sua vida.

— Ok, Sadie. Eu sei que a essa altura fica difícil não chorar. Já acompanhei outras noivas e a emoção é imensa. Mas você não quer sair com a maquiagem borrada nas fotos não é? — a cerimonialista explicava para a garota, - que já não era mais só uma garota - que acabara de descer da limusine.

— Quer dizer que eu não posso chorar? — estava apreensiva.

— Não. — a cerimonialista sorriu com a ingenuidade da noiva a sua frente. — Você pode sim chorar, mas me ouça. - sibilou - tente secar suas lágrimas com batidinhas para que a maquiagem não borre e fique mais fácil para a maquiadora retocar na hora das fotos. — deu um tempo para que Sadie processasse o local e o momento. — Posso contar com você? — a ruiva apenas assentiu com sua cabeça segurando desde já o choro que tentava escapar e fazia o rosto de Sadie arder e uma felicidade sem controle vir de dentro da mesma e a fazer querer pular de alegria enquanto chorava baldes, se isso faria algum sentido ou não ela não se importava, o sentimento de realização dentro de si era maior que qualquer julgamento que pudesse ser feito. Ela observa ao local, e tudo a sua volta era novo. Era como se Sadie fosse criança novamente, pela primeira vez em um parque de diversões, onde era tudo novo e radiante, quase tão radiante quanto o brilho presente nos olhos da mesma. — Pronta?

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⏰ Última atualização: Jun 12, 2021 ⏰

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