A Traição - Livro 1

Prólogo

   Há muitos séculos atrás, no Ano de 1286, nasceu numa pequena casa do Olimpo uma Deusa branca de olhos verdes. Seus pais decidiram chamá-la de Hannah.

   Hannah, assim como todos que viviam no Olimpo, era imortal. Quando ela completou um ano de vida, foi predestinada a se tornar uma Deusa do Ébano, ou seja, Deusa das madeiras, porque tanto sua mãe Gaia, quanto seu pai Fátuo, eram Deuses relacionados à natureza e viviam nas extremidades do Ébano.

   Todas as garotas nascidas Deusas do Ébano, viviam nas florestas, aprendendo seus poderes com madeiras e carvão.

   Com o passar do tempo, ela cresceu e tornou-se uma garota muito tímida, pois sofria preconceitos por ser a única Divindade do Ébano, branca. Nunca era chamada para festas do pijama com as meninas negras e muito menos convidada a comparecer em ocasiões comemorativas quando conseguiam algo colossal. Por ser considerada fora do padrão, ela se sentia, e de fato era, sempre excluída pelos Deuses que habitavam o Olimpo.

   Quando fez 16 anos, Hannah era a garota mais linda entre as do Ébano. Sendo assim, ela despertou muita inveja ao seu redor. Com medo de que ela chamasse maior atenção dos meninos que as demais, as garotas inventaram uma história, na qual alegavam que a Hannah havia roubado suas joias.

   Éris, a Deusa do Ébano mais metida e arrogante, pegou uma joia de cada Deusa e colocou-as nas coisas de Hannah. Após todo um discurso teatral feito na presença dos 12 principais Deuses do Olimpo, Éris conseguiu convencer a Zeus sobre o furto, e Hannah, chorando e jurando que não havia cometido nenhuma atrocidade, ficou banida de viver diariamente com todos os Deuses do Olimpo, a não ser que estes quisessem sua presença entre eles.

   Após dez anos as coisas dificultaram ainda mais para si, uma vez que seus pais decidiram viajar para o Mundo dos Seres Mortais, a fim de procurar um objeto místico.

   A princípio, ela se sentiu abandonada, porque, por mais que implorasse, seus pais não a deixaram ir com eles. Mas depois de um tempo, percebeu que poderia ser por uma causa nobre, e sobretudo, era muito perigoso se arriscar a conviver com a humanidade. A maioria dos Deuses jamais havia saído do conforto do Olimpo, com medo de não conseguir voltar, ou de acabar-se o estoque de energia necessário para se viver bem, e assim ser condenada à Cidade de Nevol.