Capítulo 6

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   Me encontro em um quarto totalmente rosa. Paredes rosa, móveis rosa, e outras coisas que desconheço, de várias tonalidades... de rosa. Eu odeio rosa! Será que garotas de 18 anos são apaixonadas por rosa? Duvido! Mas vou procurar saber.

 Olho para trás, a procura da cabine, mas ela já não se encontra mais lá. E, pelo jeito, nem minhas coisas... Começo a procurar ao meu redor esperando ver as bagagens, mas...nada. Percebo que tem um pequeno pedaço de papel no chão. Podia jurar que ele não estava ali quando eu cheguei... Pego ele, e leio “no guarda-roupas!”.

  Abro o guarda-roupas (rosa), e, nossa! Que eficiência! Junto com algumas calças jeans e blusas, estão pendurados nos cabides os meus poucos vestidos. Puxo a primeira gaveta, e nela encontro meus outros pertences. As joias, a nebulosa que Urânia me deu, o meu porta-retratos...

   Apesar de querer muito, eu não posso por ele na cabeceira da cama. O que eu diria se alguém dessa minha nova família visse essa foto? Obrigo-me a pensar que estou aqui apenas para a missão, e assim o coloco de volta na gaveta. Se Hefesto o deixou ali, é porque sabe que essas pessoas não devem mexer no meu mais novo guarda-roupas.

   Retiro da gaveta a nebulosa e coloco-a sobre a escrivaninha. Isso seria mais fácil de se explicar, caso me perguntassem. “Trabalho da escola, mãe”.

   Dou mais uma olhada no guarda-roupas, e percebo que há, no canto inferior, os livros que Hefesto me deu, e também os dessa minha escola. Coloco todos eles na pequena estante próxima a escrivaninha. Bem mais organizado. Na estante também se encontram cadernos, uma caneta, lápis e borracha. E, pendurado num quadrinho na parede, há uma tabela de horários. Ual!! Vou ter que estudar matemática! Sempre tive muita facilidade com os números, irei me dar bem nessa matéria. Ir pra escola até que deve ser legal!

   Procuro entre os muitos livros na estante, o de matemática. Até que o encontro. “Matemática fácil – 3ᵒ ano do Ensino Médio”. Folheio as primeiras páginas, e já vou solucionando alguns dos problemas: questão 1: 890; questão 2: 4159; linear; 23; 665; 72000; 54; 31...chega! Tenho que parar, antes que isso se torne um vício. Guardo o livro de volta na estante. Chegou a hora de conhecer a minha família.

   Respiro fundo, conto...1, 2, 3, e, abro a porta e saio do quarto. Me deparo com uma escada. Hm, então meu quarto é no segundo andar. Do lado do meu quarto há mais quatro portas, provavelmente outros quartos.

   Desço a escada devagar, tentando ver, discretamente, tudo ao meu redor. No final da escada, há uma sala de estar, e, tem um garoto deitado lá. Meu pai? Não...muito novo.

   – Bom dia, dorminhoca! – diz uma mulher alta, de cabelos cacheados, no outro extremo do aposento, sentada em um sofá.

   – Bom dia... – digo.

   – O café está na cozinha. Beba logo antes que esfrie! – diz ela, sorrindo.

   – Está bem. – digo, sem saber para onde ir. Na minha direita tem uma porta fechada, e na minha esquerda também. Como que eu faço para perguntar, sem ela desconfiar?

   – Er... a senhora pode ir comigo? Quero te falar uma coisa. – digo a primeira coisa que vem na minha mente.

   – Claro! – diz ela, enquanto se levanta, abre a porta à minha esquerda e entra. Ah, então ali é a cozinha. Sigo ela, tentando parecer normal. – E Então? O que tem a me dizer?

   Muito bem, Hannah! Quer dizer, Anna. Realmente muito inteligente da minha parte! E agora? O que que eu tinha para falar, em?

   – É que...eu queria dizer que eu te amo muito! – digo novamente a primeira coisa que vem na minha cabeça.

A Traição - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora