Capítulo 8

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  Como não sei ao certo o que fazer, sigo Rita e Carla até uns bancos em uma mesa na cantina. Rita vai pra fila, já Carla trouxe um pacote de biscoitos de casa. Eu costumo lanchar? Bem, pelo menos hoje, não comerei nada.

   – Não vai pra fila, Anna? – pergunta Carla.

   – Hm...hoje não. Estava pensando em... ficar com o meu namorado... Eu não costumo fazer isso? – digo, tentando obter informações.

   – Não, Anna. Você sempre passa o recreio com a gente, e a saída com ele.

   – Ah, entendi. Vejo ele mais tarde, então.

   – Melhor, mesmo. Precisamos colocar a conversa em dia!

   – Claro – digo. E então Hannah? Quais são minhas novidades?

   – Gente, como vocês foram na redação? Aposto que a professora vai dar nota! Ela avalia tudo, e adora fazer testes surpresas! – diz Rita, voltando com um hambúrguer e refrigerante.

   – Eu acho que fui mal. Eu disse que se viajasse no tempo, iria pro futuro para poder ir até a lua, sem precisar ser astronauta! – diz Carla.

   – Pode crer! Eu disse que voltaria no passado, só para presenciar as Guerras Mundiais. Já pensou? Deve ter sido irado!! – fala Rita. – E você, Anna? Como foi?

   – Ah, fui bem... – digo sem muita convicção. Não entendo como essa garota gostaria de participar das Guerras Mundiais, em que houveram milhares de mortes, e, talvez, eu até falaria isso. Mas, na verdade, estou mais preocupada em olhar pro Lucas. Ele está sentado com uns 3 garotos, conversando. Será que um desses amigos é o Nathan? E se eu fosse lá...

   – Anna! Nos responde! Como foi suas férias? – diz Carla. Pelo tom em sua voz, não é a primeira vez que ela pergunta isso. – Pode participar da conversa, por favor? Daqui há 10 minutos o recreio acaba, e parece que você tá no Mundo da Lua! – O mundo da Lua... típico da Urânia.

   – Ah, é que...eu estava pensando, nossa, como eu odeio o Nathan! Estão vendo como ele se veste mal? – digo, tentando ver se elas olham na direção do tal garoto. Mas elas não olham.

   – Anna, se ele se veste mal, você também se veste! Ele está de u-ni-for-me! Todos estamos! – diz Rita. – Você devia parar de odiar tanto esse garoto, meu Deus!

   –É....claro. – falo. De qual Deus ela está se referindo? – É só que...ele poderia colocar o uniforme da forma correta! Ele coloca de um jeito que fica feio... – Já não sei mais o que estou dizendo. – Bem, meninas, eu vou ali naquele grupinho, tentar me enturmar. Já volto. – digo, indo em direção ao grupo onde está Lucas. Tenho a impressão de ouvir Rita e Carla cochicharem que eu não estou normal. Mas que se dane! A minha meta aqui é pegar a droga do relógio e, talvez, conhecer o Lucas...

   – Oi garotos! – digo. Certo, por que mesmo que eu estou aqui? Que assunto vou puxar?

   – Oi, Anna! – eles dizem. Os três garotos dizem. Lucas não diz nada, na realidade, ele nem olha na minha direção.

   – Oi, linda! – digo olhando diretamente pra ele. Se ele não responde como garoto, devo ter me confundido e ele ser uma menina.

   Os outros garotos riem. Lucas apenas sorri, e diz para eles:

   – Quê que é? Pelo menos eu tenho beleza! – Ele olha para mim. Acho que sinto meu coração parar de bater. Mas lembro que isso é impossível, pois sou imortal. – Olá, menina desatenta!

   – A culpa foi da sua mochila! – falo, tentando me defender de suas palavras.

   – Claro. Até porque, ela vive andando por aí, fazendo de tudo para os outros tropeçarem. – Lucas diz. – Eu já disse para ela parar com isso...mas é teimosa! Muito sapeca.

A Traição - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora