Imediatamente me atiro na frente dela, mas, por mais veloz que eu tenha sido, ele foi ainda mais, e atirou em seu peito. Por um momento, um pensamento se passa pela minha cabeça: A cena de novo e de novo. Não consigo pensar em mais nada.
– Lary... – digo, desatando a chorar.
Parece que o tempo para, mas deve ser só impressão. Me obrigo a ser forte, e em um instante pego a mochila dela, coloco nas costas e encaro os dois caras na minha frente. Avanço primeiro contra o que atirou, que apenas teve tempo de cruzar os braços para se defender. Seu corpo se arrasta para trás com o impacto do golpe e ele se abaixa para desviar-se do próximo, que o acerta em cheio. Em seguida, dou um soco na cara do outro que apenas olhava. Enquanto isso os outros dois do fundo do ônibus tentam atirar em mim, mas me desvio de forma impressionante. Então, eu pego a arma deles, e sem me importar com a regra de Hefesto, atiro no pé dos homens do fundo, que caem no chão instantaneamente.
Apenas no pé, pois também não quero chegar a matar. Como se não fosse justo... Eles mataram minha irmã! Eu devia é usar meus poderes contra eles...mas não posso perder a cabeça. Há pessoas nesse ônibus assistindo tudo. Eles poderiam me ajudar, não? Parecem aterrorizados... bando de medrosos! Me viro a tempo de ver que um dos bandidos iria me atacar e me desvio a tempo. Dou um tiro no pé dele também, mas ele parece nem sentir... Bato o máximo o possível nele, até fazê-lo cair no chão novamente. O encaro mais uma vez e fixo meu olhar no dele. Eu conheço esse olhar de algum lugar... Falo para o motorista parar o ônibus, mas ele não o faz. Então, chuto a porta com o máximo de força e pulo do ônibus em movimento.
Sei que isso não foi algo muito prudente de se fazer, mas não ligo. Caio em uma grama fresca, e apenas me deito no chão e vejo o ônibus seguir em frente... Volto a chorar e percebo que minhas lágrimas viraram sangue. Fico assim por um tempo. Sem ação. Apenas chorando. Então, ouço um motor de carro desacelerando e parando há poucos metros de onde estou. Me levanto e vejo que fora este carro, a estrada está vazia. Existe apenas mato de um lado e do outro da rua. Enxugo as lágrimas que embaçavam meus olhos para enxergar melhor, e avisto um cara alto saindo do veículo e vindo em minha direção. Lucas.
– Ei, o que você está fazendo aqui? – diz ele. – Estava vindo da escola e te vi. O que houve?
Se eu não estivesse tão absorta em pensamentos, talvez percebesse que ele veio da direção oposta da escola. Ou, talvez, até mesmo notasse que já faz um bom tempo que ele saiu de lá, e pelo jeito veloz que dirigia, dificilmente estaria aqui.
Aliás, por que ele está aqui mesmo? Mas não consigo pensar direito nisso agora. Isso é o de menos. Onde ele esteve não importa. O que importa é que a Laryssa faleceu. E por mais que eu tente, ainda não consigo aceitar essa realidade.
– Ela se foi. – tento dizer.
Mas não sei se ele entende. Me faltam palavras e nem eu mesma consigo me ouvir direito.
– Calma, Anna. Olha, quer uma carona? Eu te levo para a casa, e no caminho você me explica o que aconteceu.
– Tá. – digo.
Tento seguir ele, mas parece que meus pés estão presos ao chão... Assim como meu pensamento preso àquela cena.
– Vem, me dê sua mão. – diz ele pegando na minha mão esquerda e me puxando para o banco da frente do carro. Coloco minha mochila de baixo do banco. – Eu sei que é difícil, mas tente ficar calma! Tudo vai ficar bem. Eu prometo.
Olho em seus olhos, tentando acreditar. Mas até isso não consigo fazer, pois me lembra ao assaltante que atirou nela.
– Eu irei matá-lo. – digo fixando meus olhos no chão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Traição - Livro 1
Teen FictionA Traição é o primeiro livro de uma trilogia, que conta com fatos da vida real, mas também é relacionado a mitologia. SINOPSE: Hannah é uma garota/Deusa que busca o respeito e reconhecimento dos demais Deuses do Olimpo, pois foi condenada a solid...