A Traição - Livro 1

Capítulo 10

   Chego na escola e vou direto para a sala.  Aguardo para ver onde o Nathan vai se sentar, e sento na carteira à frente dele, estrategicamente.

   Carla e Rita me chamam para ficar junto com elas no fundo da sala, mas eu recuso o convite. Hugo e Lucas entram na sala e se sentam na fileira de carteiras, do meu lado.

   – Oi, Anna! – diz Lucas.

– Oi. – digo, ainda sem entender o porquê de tanta simpatia, vindo dele.

– Olá, Anninha! – diz Hugo, sorrindo.

– Anninha? – pergunto, rindo. – Eu sou duas vezes mais alta que você!

– E daí? – ele diz. – Vai continuar sendo a Anninha para mim!

   – Beleza, então. – digo e olho para trás.

 – Oi, Nathan!

   – Oi. – ele diz. Percebo que hoje também está de casaco.

   E então, o professor Mário começa a dar aula de Matemática e a turma faz silêncio. Entre a brecha de um exercício e outro, viro para trás e encaro o Nathan.

– Que que foi? – ele diz.

   – É que... eu não estou conseguindo fazer este dever. Você pode me ajudar?

– Por que não pede ajuda para o professor? Ele com certeza sabe mais do que eu.

– Ele é chato. – digo. Duvido que o professor seja mais inteligente que você! Você é um Deus! – Não consigo entender o que ela explica.

– Não é não. Se você não consegue entender, é porque você é burra!

– AFF! – digo e viro para a frente. Eu realmente estou começando a odiar esse garoto! Mas eu não posso.

– Em qual questão você tem dúvida, Anna? – diz uma voz que não acredito ser de quem é. Nathan.

– Hm... a questão 7. Não entendo essa circunferência... – digo, me virando para trás novamente. E ele me explica a questão perfeitamente bem. Eu agradeço e então, começo a tentar conversar com ele sobre outras coisas.

– Você acha que eu te odeio, não é? – pergunto.

– Eu tenho certeza. Você faz questão de dizer isso para mim todos os dias!

– Ah... é? – digo. Ele me olha com uma cara de quem pergunta "Você está se fazendo de lerda, ou o quê?". – Eu sei que pode parecer estranho, mas... eu quero te pedir desculpas por isso, e por tudo que eu já fiz anteriormente. – Que eu não sei o que é.

   – Ok. Tá desculpada.

– Sério? Que bom! Eu queria tanto começar do zero. Pode ser?

   – Anna, se eu fosse você, não iria querer me ter como amigo. Eu sou mau, sanguinário, cruel... Me contenho para não rir.

– Eu quero ser sua amiga, sim. Não importa se você é um cara tão... maligno.

   – Acredite, você não iria querer ser minha amiga...

– Quero sim! – digo. Mentira, eu não quero. Eu estou te achando um idiota, isso sim!

– Anna...

– Nathan, me deixe te conhecer. – digo. E o professor chama a minha atenção. – Professora... nós estamos quase terminando o dever... – digo.

– Eu já acabei! – diz Nathan, sério.

– Anna, vire-se para a frente. Agora!

– Ok... Me viro para a frente e leio a questão 8. É sobre números romanos.